Não consigo me acostumar com a idéia de ter que podar plantas. Entendo o mecanismo e concordo que faz sentido, mas não acho legal, sei lá. Tenho pena das plantinhas. Pra arrancar um raminho de alecrim só falta eu pedir desculpas à planta, imagina a preparação psicológica que não teria que rolar se eu tivesse que podar uma árvore.
No final do inverno começa o frenesi da poda. Por todo o lado vêem-se pobres árvores nuas, os galhos cortados até o talo; cercas-vivas que não parecem tão vivas assim, meio carecas que ficam depois da poda; arbustos que passaram o inverno secos e pelados e agora estão secos, pelados e cotós.
Mas começa a primavera e os primeiros brotinhos verdes começam a surgir, saindo muitas vezes diretamente desses cotos de tronco que ficaram. É engraçado, porque há um tipo de árvore muito comum por aqui, cujo nome desconheço, que tem um tronco estranho: chegando a uma certa altura, vira uma espécie de nó gigante, e dali partem os galhos, curvando-se pra cima. Quando podadas, essas árvores ficam reduzidas a um tronco seco com essa bolota em cima, com todos os cotoquinhos em volta, onde antes ficavam os galhos. Na primavera os brotinhos saem diretamente desses cotoquinhos, e o resultado é uma bola verde estranhíssima, até que os ramos cresçam e dêem uma aparência mais digna à árvore.
Eu não consigo podar nada. No máximo dou uma aparada no tomilho da varanda, quando vejo que tá ficando descabelado demais. Em uma semana ele dobra de volume. Mas mesmo assim fico com pena.