O dia foi pesadíssimo.
Antes das sete e meia eu já estava na oficina, botando a papelada em ordem. Às dez toquei pra Santa Maria, pra pegar umas coisas que um amigo do Mirco deveria ter deixado na recepção do hotel da família lógico que o tal amigo saiu pra viajar de manhã cedo e com o recepcionista deixou só o telefone sem fio que esquecemos no carro que o Mirco consertou, mas o pagamento que é bom, nada. Aproveitei pra passar no Comune em Bastia pra deixar uma cópia do novo permesso di soggiorno, fui na USL (Unità Sanitaria Locale) pra renovar minha carteirinha do sistema de saúde, passei na Rita pra comprar fruta e verdura, nos correios pra pagar o imposto do lixo e pegar uma carta registrada que chegou pro Ettore (era uma multa que um dos marroquinos levou em março), e no fornecedor de tintas pra pegar dois latões de diluente. Passei em casa pra botar as frutas na geladeira, comi correndo uma salada de macarrão que já estava pronta desde ontem, toquei pra oficina de novo, desovei os latões e fui correndo pra escola. Meio-dia e meia F. chegou pra corrigir um artigo de filosofia comigo, à uma chegaram os outros dois mosqueteiros, fizemos nossa última aula (chuif!), quando saíram M. já tava lá fora me esperando (é estudante de Medicina, tem uma voz potentíssima e é muito, muito inteligente), quando acabei com ele chegou a Quarentona Estressada, que terminou às seis e meia. Direto pra Coop pra aproveitar as ofertas (suco de fruta em caixinha, queijo robiola, macarrão Buitoni, atum em lata), e dali pra casa. Passei roupa até meia-noite e meia, sempre ouvindo essa música miserável. Mirco chegou do jantar-reunião de amigos de escola primária quando eu tava saindo do banho. Ainda tão tocando essa bosta? Sim, caro, e continuaram tocando até uma e meia da manhã, quando finalmente ligamos pros Carabinieri e imploramos pra mandar uma patrulha aqui pra desligar a musiquinha de carrossel, porque tem gente que trabalha amanhã, queridos. Minha cabeça já tava explodindo. Reguei as plantas nas varandas e dormi com Bruce Chatwin na mesinha de cabeceira, untouched.