altro matrimonio

Ontem fomos a um casamento legal. Mario Belli, o florista de Santa Maria, e Maria Rita, siciliana criada aqui no interior do Zaire.

A festa foi legal porque a cerimônia foi relativamente rápida, e porque Gianni e Chiara também foram convidados (o Gianni faz natação com o Mario). O jantar foi num lugar lindo, lá pros lados de Valfabbrica, com uma vista maravilhosa e um ventinho fresco delicioso pra aliviar o calorão. Os convidados eram jovens e muito alegres. A mesa em frente à nossa fez uma bagunça desgraçada, obrigaram o garçom (que se chamava Carmine) a beber, fizeram poesia erótica pro noivo, pediram pro frade Carlo tirar a roupa, brindaram em rima a noite toda.

O cardápio: um zilhão de antipasti, frios e quentes. Risottino mantecato alle fragole ed ortica (risoto com morangos e urtiga. Eu juro que tava bom, a não ser pelos morangos, que não tinham nada a ver, apesar da moda de fruta na comida). Ravioli primavera al tubero nero di Norcia (ravioli tricolores com trufas pretas de Norcia). Tagliata di Angus aromatizzata (carne argentina – cof cof – cortada em fatias, temperada com vinagre balsâmico) e verdure grigliate (abobrinha, tomate e berinjela na grelha). Filetto al pepe verde e rosa (filé de vitela com pimenta verde e rosa), flan di patate (um pudinzinho de batata que era pura farinha), bouquet di fagiolini (um raminho de vagens amarradas com bacon) e insalatina capricciosa (uma saladinha básica). E depois o bolo de casamento, que era um mil-folhas com creme, que dispensei pela ausência de cacau.

A noiva estava linda – os sicilianos costumam ser bonitos e ela não é diferente. O vestido era elegante e simples, e só o cabelo tava meio esquisito. O Mario é bonitão, altíssimo, forte, simpático. A mãe dele é muito gente boa, e apesar da recém-viuvez estava muito feliz. Roberto e Cristiana, também nossos amigos, estavam na mesa com a gente, mas em um inexplicável gesto de extremo mau-gosto “tiveram que sair” mais cedo. Considerem que um jantar desse tipo custa mais ou menos 70 euros por convidado, e sair no meio é um terrível desperdício do dinheiro dos noivos. Ainda mais quando o presente dos convidados (ele é RIQUÍSSIMO, ÍSSIMO, ÍSSIMO) foi ridículo – um guia da Califórnia, onde os esposos vão passar a lua-de-mel, e uns trocados em dólar “pra comprar um chiclete no aeroporto”. Una figuraccia, um papelão. Enfim. Fora esse detalhe que deixou todo mundo meio desconfortável, até que me diverti. Chegamos em casa muito tarde, e chapamos lindamente.