cats and dogs

Eu não canso de observar bichos. Nesses dias dormindo na Arianna, tentamos ficar o máximo de tempo possível com os meninos, já que ficam o dia inteiro sozinhos em casa, coitados. Então saímos da oficina, passamos em casa pra jantar e tomar banho, e corremos pra Arianna. Levamos todos pra passear ali em torno mesmo, até a estação and back. Leo e Demo são desobedientes e por isso vão de coleira. Só que não foram acostumados e ficam o tempo todo tropeçando, se enrolando e empacando. Leguinho, o único obediente, vai solto, porque depois das nove não há ninguém ali na rua, só na praça, tomando sorvete. Virgola vai no carrinho de bebê que o Ettore achou inteirinho fora de uma caçamba de lixo há muitos anos, e desde então virou o Virgolamóvel. Imagino que quem nos vê deve achar que somos malucos: uma cachorra loura num carrinho de bebê, um preto imenso solto, com a língua de fora e a bunda rebolativa, e dois cachorros retardados, com coleiras improvisadas, com cara de quem comeu e não gostou.

De manhã acordo sempre muito cedo, com os malditos galos se esgoelando lá fora, e aproveito pra dar uma volta com os meninos. Solto todos, porque às seis da manhã não incomodam ninguém. Todos os dias o Leguinho vai fazer o cocô dele láaaaaaa longe no campo, comemora, volta, rouba um toco do depósito de lenha do quintal, deita no gramado na minha frente e começa a roer o toco e comer a casca (cada louco com sua mania, after all). Os mongos do Leo e do Demo desaparecem e só voltam pra casa quando já estamos saindo, as línguas de fora, as patas cheias de lama. Perdemos uns cinco minutos pra arrebanhar os dois pra dentro e fechar o portão.

E ainda tem as gatas.

Eu sou uma dog person inconversível, vocês sabem. Tenho pouca paciência com bichos arrogantes como gatos, mas alguns me conquistam. A Priscilla, dengosa como era, passava os domingos inteiros no meu colo. Mas a Priscilla, única gata suja do mundo, que fazia cocô pelo quintal inteiro, menos onde havia terra pra enterrar, foi convenientemente despachada com três filhotas pra casa de uma prima da Arianna, que estava precisando se livrar de uns ratos asquerosos. A filhota preta ficou com a tia do Mirco, que é quem está cuidando das galinhas, dos patos, dos gansos, dos pombos e dos coelhos enquanto o povo está na Holanda. E em casa ficou uma das filhotas tigradas, que por sorte é dengosa que nem a Priscilla. Literalmente escala o seu corpo até chegar no seu colo, arranha a sua perna pedindo carinho, deita de barriga pra cima, suspira, ronrona, morde o rabo do Legolas. Um amor! :)