Então fui fazer a ressonância magnética hoje. Lá em Todi (leia-se casa do chapéu), cidade que eu não conheço só estive num restaurante na periferia, no ano passado, com aquele imbecil do Leo e a família dos Salames, lembram? O hospital de Todi é um ponto de referência aqui na Umbria e a mulherzinha do centro de reservas de Perugia disse que só eles e o hospital de Marsciano têm a máquina pra fazer o exame que me pediram (ressonância + perfil angiográfico). No hospital de Marsciano, mais fácil pra mim porque ao meio-dia e meia teria aula na zona industrial da cidade, não tinha vaga, e me mandaram pra Todi.
Não é exatamente longíiiiiiissimo, mas é longe, e a estrada é uma bosta, bosta, bosta, toda remendada e irregular. Fui devagarinho, porque além da estrada bosta, meu carro é outra bosta, e ainda por cima tinha muita neblina. Todi fica no alto de uma colina e levei horas pra subir no meio daquela névoa toda, fazendo curvas estranhas atrás de um caminhão que levava traves de cimento. O hospital fica dentro dos antigos muros da cidade, coisa maneiríssima, mas na recepção me mandaram descer uma escada escondida atrás do posto de gasolina e entrar num caminhão branco (!!!). Então tá.
Acontece que o serviço de ressonância do hospital de Todi é uma ressonância magnética móvel, que fica, justamente, nesse caminhão branco. Do lado de fora, um container com aquecedor elétrico e oito cadeiras a sala de espera. Sem saber pra onde ir nem com quem falar, entrei no container e fiquei batendo papo com um senhor de Marsciano que tinha ido acompanhar o irmão, que no momento estava no caminhão fazendo o exame. Quando o irmão saiu, um cara bem novinho, de brinco, pijama verde de cirurgião e os ridículos tamancos de plástico que todo o pessoal da área de saúde usa veio me chamar.
Eu nunca tinha feito ressonância, e da tomografia do cabeção feita no ano passado, depois do ridículo tombo com a lambreta, não tenho absolutamente nenhuma memória. Eu não sou claustrofóbica nem naturalmente assustada, mas definitivamente ressonância é o exame mais chato do mundo! Você fica ali olhando praquele teto branco (eu nem isso, fechei os olhos torcendo pra dormir um pouquinho) e ouvindo uns barulhos muito estranhos tlec tlec tlec, truuuuuuuuuuum, truuuuuuuuum, papapapapapa, e mais nada. Posso imaginar o horror que a experiência deve ser pra quem tem claustrofobia ou coisas do gênero. Eu só me entediei, mas minha mãe teria morrido de pânico lá dentro.
Como eu só tinha aula em Marsciano bem mais tarde, e o exame terminou às dez, fui dar uma olhada na cidade, apesar da neblina broxante. Atravessei o arco, uma antiga porta no terceiro círculo de muros, e fui subindo a ladeirona, naturalmente chamada Corso Cavour, até a praça central, naturalmente chamada Piazza del Popolo. Quando cheguei lá em cima e estava entrando no Uffico Informazioni Turistiche pra pegar um mapinha porque eu adoro um mapinha me ligam de Marsciano cancelando a aula. Bem, agora foda-se, já estou aqui, vou é rodar. Tudo bem que não dava pra ver la-da por causa da névoa, mas a cidade me pareceu linda, a praça é maravilhosa, e tenho que voltar algum dia. Desci a ladeirona de novo, parei num mercadinho pra comprar pão e presunto pro jantar do Mirco, entrei por uns becos, desci umas escadas, vi anfiteatros romanos de longe, mas fiquei com medo de me perder nas brumas e voltei pro carro, que eu tinha estacionado num buraco ao lado de uma banca de jornais. Dez minutos pra desestacionar, e peguei a estrada de novo. Parei na Libreria Grande pra pegar meus Mankell (dica da Mary) que tinham chegado (eu é que não vou ler thriller ambientado na Suécia traduzido em italiano, tá doido?) e fui pra casa fazer o almoço. E depois pra Foligno, enfrentar a turma da Confartigianato (que é muito legal) e a ferinha da Camila. E depois ainda fui a Perugia, pra antepenúltima aula com o Paulo Cintura. Cheguei em casa acabadona, compreensivelmente.