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A enxaqueca começou no sábado, no final da manhã. Tomei logo o remédio, como sempre, mas dessa vez demorou a passar e não consegui nem ajudar a botar a mesa na Arianna; tive que ficar jogada no sofá embaixo do cobertor até passar. A segunda porrada veio lá pras sete, no meio do cinema. Estávamos vendo The Interpreter (gostamos muito, mas no final eu já não estava entendendo mais nada por causa da dor). Tomei outro comprimido e fiquei torcendo pra dor ir embora pra eu não ter que sair no meio do filme, mas não deu. Sou teimosa e fiquei até o final, mas cheguei em casa chorando de dor.

Na segunda acordei a massa falida. Uma náusea horrorosa, a cabeça rodando, o corpo mole. Essa dor me destrói, é uma coisa tão absurdamente intensa que destrói a gente moralmente também, um negócio impressionante. Por sorte as duas escolas estavam fechadas por causa do feriado, que aqui se comemora no dia primeiro de novembro, então pude ficar em casa sem remorso. O dia INTEIRO no sofá de pijama. Não conseguia ver TV porque o barulho incomodava, mas arrisquei umas pagininhas e, vendo que rolava, acabei terminando The Grapes of Wrath (maravilhoso!), devorando The Virgin Suicides (prefiro Middlesex) e começando The Lovely Bones, de Alice Sebold, muito gostosinho. Mirco foi tomar um drink com o Moreno porque eu realmente não tinha condições de sair de casa. Cheguei até a bater um bolo à tarde, não sei como, e ainda embrulhei dois pedaços em papel alumínio e dei de presente pras duas meninas que bateram aqui na porta trick-or-treating. E depois chapei, e mais nada.