Meu penúltimo aluno do dia, um arquiteto simpático e inteligente que é a cara do Ewan McGregor, mete a cabeça dentro da minha sala de aula verde.
– Quê que foi? Entra, menino.
– É que temos um convidado especial hoje.
ELE ENTRA NA SALA DE AULA COM UM FILHOTE DE TERRANOVA NOS BRAÇOS. VOCÊS NÃO ESTÃO ENTENDENDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
Basicamente ele foi avaliar um projeto sei lá onde, na roça, e achou o coitadinho abandonado no meio do capim, com aquela cara de desamparado. Resolveu levá-lo pra casa, já que ele mesmo mora meio na roça, em uma casa grande, com três filhos, e a cachorra da família já está muito velha e quase subindo no telhado. Que sorte do filhote!
Compreensivelmente, quase tive um treco quando vi o cachorro. Coitado, de tão amedrontado ele nem se mexia; peguei-o no colo e senti o coraçãozinho disparando. Me olhava com aqueles olhos bonzinhos e eu quase chorei. Dei aula com o filhote dormindo no meu colo, roncando, com a cabeça apoiada na mesa.