os cavalos

Hoje fui dar aula em uma empresa na zona industrial de Foligno. Em frente ao galpão tem um pedaço de campo, cercado com arame farpado, onde vivem uns seis cavalos, com um potrinho. Nem uma casinha pra eles, nem um tetinho, nada. Um frio do cacete, chuva sem parar (porque chove há semanas aqui e ninguém agüenta mais), e os cavalos todos em pé um juntinho do outro pra se esquentar, tremendo de frio. Ontem os vi pela primeira vez, mas o tempo tava bonito, não tava muito frio, e nem reparei que eles não tinham abrigo. Hoje trouxe dois quilos de maçãs pra dar a eles e quase morri de pena quando os vi sob a chuva daquele jeito. Chorei muito à noite, principalmente porque fiquei sabendo que eles são cavalos de abate, pra virar carne, o que obviamente não justifica o tratamento dado a eles, e que pertencem a um filho da puta de Foligno famoso por maltratar seus animais. Como tem vários ganchos na máfia, nunca lhe aconteceu nada, apesar das infinitas denúncias e abaixo-assinados. Passei a tarde inteira numa angústia tremenda, sem saber o que fazer ou com quem falar, chorei muito em casa à noite e não conseguia parar de pensar nos bichinhos. Amanhã vou ligar pro Spartaco, que trabalhou com a WWF por um período, pra ver o que podemos fazer. O que eu faria com um homem desses, que maltrata animais e polui o solo com óleo dos carros velhos acumulados no seu quintal? Eu o amarraria a um dos seus pobres cavalos e o arrastaria no asfalto até virar carne moída. Juro. Pra mim pena de morte é só pra quem maltrata bicho, velho e criança. Pena de morte, com requintes de crueldade.