Depois do debate final de segunda-feira, Berlusconi chamou de coglioni (acho que a melhor tradução é “otários”) quem não votar nele. É engraçada a campanha eleitoral por aqui; fala-se de tudo, passa-se a ofensas pessoais com a maior naturalidade (Berlusconi deveria subir num banquinho pra falar, Prodi está ficando gagá, etc), a esquerda só sabe falar mal da direita, a direita só sabe falar mal da esquerda, e, como no Brasil, a discussão do futuro do país nem entra em campo. O importante é falar mal do outro. Nesse quesito acho que a esquerda tá um pouco melhor, porque algumas propostas foram feitas, pelo menos. Mas de modo geral eu acho tudo tão nojento que mudo o canal assim que vejo a cara de qualquer um deles.
A grande tristeza é que Berlusconi é, hoje, a cara da Itália. O arquétipo do italiano – a começar da aparência física. A cara cor de tijolo de quem faz bronzeamento artificial, os cabelos asquerosamente implantados e penteados, o sorriso falso, a testa franzida em desdém. A incrível capacidade de passar os outros pra trás e achar superlegal. A preocupação ZERO com quem está ao redor, coisa facilmente verificável no dia-a-dia aqui na Itália, no trânsito, em qualquer estacionamento, na fila de qualquer lugar, nas menores decisões, que nunca, NUNCA levam em consideração os possíveis efeitos pro resto do mundo. Berlusconi é isso; Berlusconi é a Itália. Esse país tá fodido e eu tenho muito medo que a coisa piore terrivelmente se ele continuar no poder. Não que a esquerda vá fazer milagres, porque político bom é político morto, mas pelo menos é tão contra tudo o que a direita diz que só pode ser um pouco melhor. Só o fato da esquerda querer tirar o crucifixo da escola já seria motivo suficiente pra eu votar pra eles… ;)
Pra quem vive me escrevendo perguntando como é a vida na Itália, sugiro o
post histórico da Daiza. Eu amo essa mulher.