Tendo que sair pro batizado do Alessandro, acabei perdendo uma parte de Gaia, uma das poucas coisas assistíveis na TV de hoje. Quem apresenta é o Tozzi, um cara legal pra caramba, que fala muito bem (a cada dia que passa mais aprecio quem se expressa bem, putz) e sempre traz temas interessantes. Dessa vez falou-se de grandes obras arquitetônicas, um assunto bem amplo, que começou com as pirâmides do Egito e as novas descobertas a respeito, e foi parar no que eu acho que era o que ele realmente queria dizer, ou seja, que a ponte sobre o Estreito de Messina é uma furada daquelas homéricas.
O Estreito de Messina é uma coisa ridiculamente pequena de barco são 20 minutos, de carro o tempo previsto é cinco minutos que separa a Calábria da Sicília. Tudo que é político já mostrou intenção de construir a tal ponte, com projetos sempre caríiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiissimos e cheios de polêmicas. A maior polêmica é que a ponte ligaria o nada a lugar nenhum, porque o sul não tem produção industrial nem tráfego de gente tão grande que justifique uma coisa desse tipo. Todo mundo que vai e vem entre as duas regiões usa as barcas, atravessando com carros e tudo o mais. Os argumentos contra a ponte são inúmeros: a máfia tá doida pro projeto sair (Berlusconi aprovou, LÓOOOOOOOGICO) porque é uma mamação sem fim), a zona é uma das mais perigosamente sísmicas do Mediterrâneo e difícil de estudar porque a falha não é na superfície, como a de San Andreas na Califórnia, mas embaixo do fundo do mar, a ponte passaria bem no meio da rota de várias espécies de aves migratórias, os impactos ambientais foram analisados feito a cara de quem analisou, como sempre (não esqueçamos que a Itália é talvez o país menos ecology-friendly do mundo), o pedágio vai ser mais caro do que a passagem de barca hoje (mais a gasolina). Se pensamos que o túnel sob a Mancha e o Golden Gate são ambos fiascos econômicos, embora conectando áreas muito mais ricas e produtivas e populosas, não tem realmente por que aprovar a ponte sobre o Estreito. O tempo de travessia com a barca rápida não é imenso, e a estação das barcas fica perto do centro e é facilmente acessível, enquanto que de carro vai ser necessário dar uma certa volta que alonga o tempo total de viagem. Acabei perdendo os argumentos a favor da ponte, porque saímos bem no meio. Bosta.
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