Hoje tinha prova de sociologia na faculdade, às quatro da tarde. Tinha.
Saí de casa logo depois do almoço, porque tinha que passar no contador pra pegar um cheque, aos correios pra depositar, e à Libreria Grande pra pegar o último Mankell que me faltava, e que, ai de mim, veio com a nova capa da Vintage, diferente de todos os outros livros da coleção. Dou de cara com os correios fechados, porque amanhã é feriado e então à tarde os funcionários públicos não trabalham. Lógico que não tinha nenhum cartaz avisando, e havia dúzias de pessoas paradas na porta, tentando olhar lá pra dentro através do vidro, procurando entender se estava fechado porque era hora de almoço (mas a agência de Ponte San Giovanni não fecha pro almoço) ou porque tava fechada mesmo. Quando estava voltando pro carro Ludovica manda um SMS avisando que tinha um cartaz na porta da sala de aula, dizendo que a aula de hoje tinha sido cancelada. Como hoje não era aula mas prova, ela achava melhor o pessoal aparecer no horário combinado, pra evitar perder a prova, se tivesse rolado um erro da secretaria. Lá fui eu com a fubica subindo as ladeiras infinitas pra Perugia, parei o carro no estacionamento caríssimo perto da faculdade (eu tinha que sair correndo pra Foligno depois, senão tinha ido de ônibus) e quando chego na faculdade dou de cara com as meninas putas da vida: a prova tinha mesmo sido cancelada, o cartaz apareceu só de manhã, nada de aviso no site da universidade nem aviso prévio, e assim foi um feriadão perdido pra turma inteira, porque todo mundo voltou mais cedo de casa de Nápolis, da Calábria, da Puglia, de Ascoli Piceno, de Pordenone pra fazer o raio da prova. Não sabemos o que aconteceu, o professor não comunicou nada nem pediu desculpas, mas qualquer compromisso cancelado numa segunda-feira véspera de feriado cheira a viagem de última hora e não a emergência, não acham? Fui direto pra Foligno pra três horas de aula e voltei pra casa pra jantar piadina e ver Lost.