mêda

Saímos de casa às quatro da manhã. Deixei minha mãe no aeroporto em Roma e dali fui direto pra Spoleto. Pretendia dormir um pouco no carro, mas não deu porque me perdi e acabei gastando um tempo enorme pra achar a estrada certa. Encontrei com a Jayne, tradutora lá da escola, em frente à estação. Porque o desafio do dia, senhoras e senhores, foi fazer algo que eu sempre quis tentar mas nunca tinha tido a oportunidade de fazer: intérprete.

Era um evento sobre vinhos, e ia rolar uma espécie de debate pra discutir maneiras de aumentar as vendas dos vinhos italianos no exterior, já que a França ganha de lavada. O acordo era que seria uma tradução consecutiva e não simultânea, porque nem eu nem Jayne, que é inglesa, sabemos traduzir simultaneamente. LÓGICO que quando chegou na hora a coisa era simultânea, né. Precisamos nos dividir: Jayne ficou na platéia traduzindo pra quatro pessoas e eu NO PALCO, sentada atrás do suecão alto, importador de vinhos. Eu achei que tinha levado a melhor porque só precisaria traduzir pra uma pessoa, mas qual o quê!!! A RAI filmando, hominhos tirando fotos pro jornal local, todo mundo com microfone embutido e coisa e tal, e eu completamente estressada com tudo aquilo. Pra piorar o moderador era o bonitão charmosão que às vezes apresenta o TG5, Sposini, um pitéu. Também tinha o representante do spumante Ferrari (que fez questão de me deixar o cartão de visitas, embora eu tenha deixado bem claro que não tenho dinheiro nem pra Schweppes, quanto mais pra spumante Ferrari que é caro pra cacete), a presidenta das cantinas Lungarotti, um dos maiores produtores de vinho do país, e outras figuronas. E a monga aqui se escondendo atrás do suecão, que felizmente entende italiano, só não fala. Só que aí fazem uma pergunta pro suecão, ele responde em inglês perfeito de sueco, e eu tenho que pegar o microfone e traduzir em italiano, tentando 1) não correr demais e 2) evitar qualquer inflexão umbra. Caraca, crianças, que nervoso!

Apesar da enxaqueca de cansaço que me deu assim que cheguei em casa, bem depois do almoço, a experiência foi positiva: é mais uma coisa que eu sei fazer ;) Ainda não sei fazer BEM, mas é questão de tempo. Se outras oportunidades assim surgirem, aceitarei todas – até porque paga moooooooito bem.