Fomos ver o jogo da Itália ontem na casa do Marione, o florista. Éramos umas doze pessoas, talvez, e a torcida não era particularmente animada porque ninguém ali é realmente fã de futebol, mas eu dei muita risada. Porque a língua italiana é uma delícia, crianças. Xingar em italiano, exclamar, reclamar, tudo é uma delícia e altamente desopilante. Uma das minhas imprecações preferidas, que dá margem a infinitas variantes criativas, eu já comentei aqui: é o famoso “che te piasse…”, literalmente “que te pegasse…”. Complete com “um fulmine” (um raio), “um vomito”, “uma pneumonite”, “un cancro” (um câncer), “una tubercolose”, “una paralisi”, à vontade do freguês.
Também adoro as metáforas “pazzo come un cavallo da corsa” (maluco quanto um cavalo de corrida), “grezzo come una scarpa” (grosso como um sapato), “tonto come un fiasco” (bobo como uma garrafa/frasco/recipiente em geral). Além das já famosas alegorias alimentares: un salame, un carciofo, un fagiano, todos representando um mané. Mas o meu atual preferido é um que foi muito usado ontem, pra reclamar dos erros da arbitragem (que, convenhamos, errou pros dois lados, democraticamente): “ma tu sei fuori come una terrazza!”, literalmente “você tá mais fora [fora = com a cabeça fora do lugar] do que uma varanda!”. Não é uma maravilha? Conseguem imaginar algo igualmente ilustrativo em, sei lá, alemão? Não esqueçam do gesto que acompanha as palavras: junte as pontas dos dedos e sacuda a mãozinha. Vamos lá: ma tu sei fuori come una terrazza! Mavvaffanculo! Porca miseria!