divagações

Tava lendo sobre a depressão pós-férias da Ane, que é, claro, completamente compreensível. A Julie também tem razão: dependendo das férias, é preciso tirar férias pra descansar das férias. Vocês entenderam.

O que eu queria dizer era sobre o comentário da Rosemary sobre esse post da Ane. Por que as pessoas acham que é só brasileiro que sofre longe de casa? Como se isso, aliás, fosse uma vantagem, uma qualidade? Será que neguinho acha que polonês que não mora na Polônia não sente falta de casa? Que japonês que foi morar no sul do Brasil não sente dor no peito quando vê o monte Fuji na TV? Que o congolês não chora à noite pensando na savana? Eu, hein! Tenho certeza que mesmo quem saiu de um lugar fodidíssimo e agora mora em um lugar “melhor” preferiria ter condições de ficar onde nasceu. Ninguém passa incólumo por uma experiência dessas, nem mesmo quem está melhor agora do que antes, no país natal. Que mania essa de achar que só brasileiro se emociona, só brasileiro é “ligado às raízes” (característica que eu acho uma bosta, por sinal), só brasileiro “é brasileiro sempre”! Não só não é verdade, como acho muito triste que não seja. Eu sinto falta do Rio, lógico, porque o Rio é foda e porque meus amigos são foda, mas, quer saber? Nunca fui brasileira típica, nunca fui “carioca da gema”, e acho isso ó-te-mo. Quando as pessoas perguntam se eu já virei italiana, eu digo: eu não virei nada, não deixei de ser nada porque nunca fui nada, eu não sou nem uma coisa nem outra. Eu sou eu.

Eu, hein!