A chinesa do restaurante chinês de Bastia já teve cabelos louros. Hoje usa os cabelos presos numa trança escura, rabisca seu pedido em chinês naqueles bloquinhos vagabundos quadriculados que se usam por aqui, jamais faz uma nota fiscal e tem um italiano abominável. Hoje eu não estava com saco de cozinhar; Mirco sugeriu pizza mas eu não tava inspirada, então resolvemos pelo chinês. Liguei pro restaurante pra pedir que depois o Mirco passava pra pegar, e ela responde:
– Polonto.
– Pronto! Vorrei ordinare, da portare via.
– Dimi [que deveria ser Dimmi, com dois emes – aliás, deveria ser a forma de cortesia Mi Dica, já que ela não sabe com quem está falando e na dúvida é melhor ser respeitoso; vai que eu tenho 70 anos ou sou a mulher do prefeito?]
– Ravioli al vapore per due…
– Lavioli al vapole pe due…
– Riso cantonese per due…
– Liso cantonese…
– Pollo con le mandorle (frango com amêndoas, adoramos).
– Poi?
– Basta così.
– Bila cinese? [Birra cinese? = Cerveja chinesa?]
– No, grazie. Passa Balducci a prendere.
– Va bene, Alducci.
– Sì, sì.
***
Não sei quem foi que contou que essa maldita Bila Cinese que a gente sempre via em todos os chineses da zona é feita em uma fáblica gigantesca em Milão, que fornece Bila Cinese pra TODOS os restaulantes chineses do país. Tenho medo de saber o que tem dentlo…