O assunto da semana é a revolta da comunidade chinesa de Milão. O lance começou com uma multa que uma comerciante chinesa levou por estacionar em fila dupla pra descarregar a mercadoria. O negócio começou a esquentar e a mini-revolta dos chineses terminou com 20 policiais e 10 chineses feridos e muitas bandeiras da China abanadas das janelas. Então começou-se a falar mais seriamente sobre o assunto.
Agora de manhã, vendo Omnibus na La 7, o único canal que presta, acabei me divertindo porque chamaram aquela idiota da Mussolini, fascistona que além de fascistona é uma completa imbecil (pra não falar do cafonismo, como diz o Mirco), e nunca tem a menor idéia do que está falando. Ela começou com aquela velha história que os chineses se fecham em guetos e “empurram” os donos da casa pra outras zonas da cidade. Realmente os chineses não têm o menor interesse em se integrar e tendem a formar, realmente, “enclaves” dentro das cidades onde vão – mais ou menos como as mil Little Italies na costa leste dos Estados Unidos, como o Bexiga em São Paulo, como os bairros tradicionalmente italianos em Buenos Aires, sacam. Mas o que o apresentador do programa, e os outros convidados, alguns de esquerda, tentavam fazer com que ela entendesse é que, cacete, se ninguém tivesse vendido as lojas e as casas aos chineses, eles não teriam como se estabelecer ali, certo? Se os milaneses realmente pusessem o interesse da cidade acima da salvação do próprio bolso, não venderiam suas propriedades. Se os chineses estão ali é porque alguém vendeu os pedaços de terra pra eles. E se abriram lojas e mais lojas é porque o governo permitiu, certo? Porque a fiscalização aqui é severa e se você não tem a autorização da prefeitura colada na parede a polícia desmantela tudo rapidinho. Por que o governo (no caso específico de Milão, de direita há 20 anos) dá autorização aos chineses pra abrir uma loja atrás da outra no mesmo bairro, favorecendo a formação da Chinatown milanesa? Será que é porque eles sempre pagam tudo cash? (não pagam impostos, todo mundo sabe disso, e só trabalham com dinheiro vivo. Tenta só pagar com cartão de crédito o seu jantar no restaurante chinês pra ver se cola).
Outra coisa engraçada é que a julgar pelas estatísticas nenhum chinês se machuca, fica doente ou morre, jamais, porque não aparecem nunca nos hospitais ou necrotérios italianos. A polícia toda hora estoura um banco ou um hospital clandestino, porque os chineses não participam da vida italiana de jeito nenhum, e quando ficam doentes ou precisam abortar ou amputar um pé ou arrancar um dente procuram ajuda de clínicas clandestinas chinesas, invariavelmente improvisadas e imundas. Isso tudo me fez lembrar o primeiro parágrafo daquele livro ó-te-mo sobre a máfia de que falei há algum tempo, com os corpos congelados dos chineses caindo de um container no porto de Nápolis, com destinação à sua pátria pra serem enterrados. Outro dia na TV entrevistaram um funcionário do porto de Nápolis que disse que oficialmente nunca houve nenhum episódio desse tipo, mas que uma vez que é sabidíssimo que chineses não morrem, simplesmente desaparecem – certidão de óbito de chinês é que nem enterro de anão, ninguém nunca viu – é claro que os corpos saem do país ilegalmente, e portanto a história do container é mais do que provável.
Eu não gosto dos chineses. São sujos, isolacionistas, e sobretudo não têm nenhum respeito pelos direitos humanos ou dos animais ou pelo ambiente, o que é, pra mim, um defeito hediondo. Mas o que mais me assusta é que não dão importância ao lazer. Um povo que só pensa em trabalhar é MUI-TO AS-SUS-TA-DOR. Só que temos que admitir que a invasão chinesa não é forçada. Nenhum chinês chega com um revólver na cabeça de ninguém dizendo “vende a loja senão eu ablo tua baliga com uma peixeira!”. Se comprou, é porque alguém vendeu. Se se instalou, é porque alguém deixou. Se não morrem de fome é porque compramos seus produtos tabajara nos camelôs e não pedimos nota fiscal, é porque vamos aos seus restaurantes (pelo menos aqui na Itália o problema da sujeira é improvável porque a fiscalização sanitária é severíssima. Única vantagem concreta de morar em um país cuja vida gira ao redor da comida) e pagamos o arroz cantonês e o frango com amêndoas e bambu em dinheiro e não reclamamos quando não dão a notinha.
Como sempre, nos afogamos na nossa própria merda.