Previsivelmente, a faculdade anda muito divertida.
Antes eu era só A Velha da Turma, e ninguém nem sentava na mesma fileira que eu. Eu tinha falado brevemente com algumas meninas durante as provas, mas aparentemente tenho uma cara muito nondescript e ninguém se lembrava de mim. Então foi começar do zero. Aos poucos começaram a me cumprimentar, outros perguntavam se eu tinha me inscrito diretamente no segundo ano (Ahn… Não… Até porque não é possível), alguns me viam trabalhando com o laptop e perguntavam diretamente o que diabos eu tava fazendo ali. Na última aula da segunda semana uma outra estrangeira, com cara de russa, bonitona, veio perguntar umas coisas de Diritto Internazionale que ela não tinha entendido bem, e outra garota, da província de Latina e com um corte de cabelo abominável veio tirar dúvidas de espanhol. Semana passada fiz amizade com a tal russa, que é lituana e se chama Indre, e com a Outra Velha, Alessandra. Só que a situação da Alessandra é a seguinte: ela tá na faculdade há seis anos, e ainda faltam 10 “provas” (equivalente a dez matérias; aqui ninguém mede curso em termos de tempo, mas de número de provas). Aqui não existe ser jubilado, então neguinho fica se arrastando com matérias “fuori corso” (pendentes dos anos anteriores) por anos a fio. Eu estou com três fuori corso, uma porque o livro era horrível e não consegui estudar, outra porque estava viajando nas duas chamadas, e outra, Politica Economica, porque sem ir às aulas é impossível pra mim. Mas cacetes estrelados, eu trabalhava, não assisti a aula nenhuma, tenho casa e marido pra tomar conta e não tenho pressa de me formar – minha colegas não têm nenhuma dessas desculpas, e mesmo assim muitas ficaram com matérias penduradas. Acho estranhíssimo.
O professor de Linguistica Generale é realmente confuso, e continua fazendo os barulhos estranhos com a boca. A de espanhol fica pau da vida porque neguinho não cala a boca na aula dela. O de Relazioni Internazionali, o pitéu, dá uma aula ótima, apesar de nunca se preparar e ter que ficar lendo algumas anotações suas em cartões de visita, bilhetes de ônibus, marcadores de livros. O de Diritto Internazionale é meio biruta e tendencialmente confuso, descabelado, amarrotado, mas repete tudo tantas vezes que todo mundo entende. E estou achando interessantíssima a matéria. Semana que vem começa Diritto dell’Integrazione Europea, e em janeiro volta Linguistica Italiana II. Por enquanto estou achando tudo ótimo, inclusive esse esquema de levar o laptop pra faculdade e poder trabalhar no intervalo entre as aulas. Pena que, estando na Itália e não na Suécia, não tem wi-fi na universidade…