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Bom, tudo confirmado. Sexta-feira que vem partimos pro Canadá pra visitar a eowynzinha, que não vejo há anos.

Mas além dessa viagem muita coisa anda acontecendo.

Com o fim do inverno os pedidos de couchsurfers começam a chover na minha inbox. Há duas semanas hospedamos um casal de americanas, sorridentes e gentis mas sempre estranhas, como todos os americanos que já acolhemos até agora. Resolvemos que fomos os últimos americanos que hospedamos. Não tenho paciência pra gente que vem dormir na minha casa e não me traz nem um cartão-postal, e, pior, nem deixa um testimonial no site depois. Ingratidão tem limite. Pra compensar, semana passada recebemos um canadense de origem chinesa que é absolutamente um a-mor. Passou três dias com a gente, foi à faculdade comigo assistir a uma aula sobre a máfia, me ajudou a entreter meus colegas de turma que vieram jantar aqui na quinta. Foi embora na sexta, com sua moto BMW comprada na Alemanha e com a qual ele gira pela Europa há três anos. No final da tarde de sexta chegaram dois alemães, um rapaz e uma moça, amigos e colegas de turma: estudam medicina na terra natal e agora estão fazendo quatro meses de internato em cirurgia em Roma. Superfofos, educadéeeeerrimos, curiosos, com aquele italiano arrastado cheio de erres guturais. Almoçaram na Arianna hoje com a gente e foram embora de trem pra Roma. Digamos que foi uma semana intelectualmente muito produtiva, visto que o nível das conversas foi sensivelmente mais alto do que a nossa média aqui no interior do Zaire.

Hoje e amanhã rolam eleições por aqui. Todas as pessoas racionais que eu conheço estão se cagando de medo porque a probabilidade daquele TRASTE do Berlusca voltar ao poder é muito, muito alta. Só pra dar um exemplo do nojo, semana passada, numa entrevista no programa do igualmente nojento e seu baba-ovo particular Bruno Vespa, ele estendeu a mão ao apresentador e disse, está sentindo esse cheiro? É cheiro de santidade.

Sem comentários.

Voltando à quinta-feira, foi um dos jantares mais divertidos que já demos. Meus colegas são muito legais e espertos, apesar de novinhos – eu não estaria sempre com eles na faculdade se fossem idiotas, logicamente – e demos muita, muita risada. Pra mim é particularmente divertido porque eu pra eles sou tipo uma musa inspiradora, sendo (bem) mais velha e vivida e ainda por cima estrangeira – além de interessantíssima, lógico, mas isso ça va sans dire. Tipo assim um role model. Acho estranho porque não sou role model nem pra mim mesma, e além disso tenho uma grande admiração por todos eles, então me sinto realmente honrada. Acharam a casa “maneiríssima” e não adiantou dizer que não é exatamente uma casa “de adulto”, séria, porque os móveis são todos IKEA, vocês sabem, e a decoração não é o que se pode chamar de convencional. Não com um poster do Tin Tin na sala e um mapa do Hobbit no corredor, com aquecedores coloridos e coelhos e patos de pelúcia dividindo espaço com os livros de fantasia e ficção científica na estante, com caixas de som em forma de flor. Mas, resumindo, foi uma noite ótima. Comemos feijão com arroz e farofa e conversamos até as duas da manhã. No dia seguinte amanheci rouca de tanto falar e dar risada.

Estou terminando The Lions of Al-Rassan, do Guy Gavriel Kay, pela terceira vez. Antes dele li The Last Light of the Sun, sempre dele, e que se passa no mesmo mundo. Ele manda MUITO bem, adoro. Depois desse não sei o que vou ler; talvez o livro estranho que o Jim (o canadense chinês) deixou pra mim, com uma dedicatória linda. Mas tenho muita coisa me esperando na estante e pretendo começar alguma coisa que eu sei que vou adorar, pra poder levar pra viagem sem correr o risco de ficar empacada com um livro chato e nenhuma outra alternativa literária. Porque pra mim isso é absolutamente mor-tal.

Maaaaaaaaaaasss… Por último, mas não menos importante, quinta que vem é o aniversário dessa paca que vos escreve. A viagem vai ser comemoração mais do que suficiente, mas pretendo levar brigadeiros pra faculdade – sabe como é, festinha na escola nunca é demais. Como sempre, lembro-vos que a paca simplesmente a-do-ra presentes.