Hoje estou loquaz, aguentem. Na

Hoje estou loquaz, aguentem.

Na praça ali onde eu trabalho, no centro de Assis, tem, entre outras coisas, uma livraria. E o dono da livraria tem um cachorro, que vai com ele trabalhar – alias, pratica muito comum por aqui e que eu acho espetacular. Eh um cachorrao velho, caramelo, peludo, descabelado, e passa o dia todo dormindo ali no chao em frente à livraria. Passa turista japones, passa turista alemao, passa lambreta, passa microonibus, e ele nem se mexe. Passa cachorro, ele levanta a cabeça, observa o bicho se aproximar e depois ir embora, e volta a dormir. Mas quando toca o sino de uma igreja qualquer, coisa que acontece quatrocentas vezes por dia, devido ao numero de igrejas da cidade, ele começa a uivar feito um louco. Deitado.

Caes sao TAO mais divertidos e nonsense que gatos.

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Sem querer ofender ninguém: japones e polones sao a gente mais ‘clueless’ do planeta. Sao os unicos turistas que entram na loja e começam a falar com voce na lingua deles. Tipo assim, nao tem NADA em comum entre a lingua italiana, ou mesmo a inglesa, e essas linguas, nao é possivel que nao percebam que a comunicaçao assim nao rola! Fora que entram, a gente diz ‘buongiorno’ e eles nem olham pra tua cara. Eu nao sei como é ‘oi’ em polones (alias, sei, porque estudei com varios poloneses em Perugia), mas se eu entro num lugar onde nao conheço a lingua e alguém me diz alguma coisa e me sorri, é OBVIO que é uma saudaçao, concordam? E se eu nao sei responder com palavras, respondo com um sorriso. Esses nao. Esses entram, nao te olham, conversam entre si e vao embora, sempre sem te olhar. Um dia eu ainda taco um pao italiano sem sal de 1 kg na fuça de um.

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Ontem entregaram tres porcos lah no escritorio. Explico: as unicas coisas que sao entregues a domicilio aqui sao bichos e lenha – é claro, voce nao iria querer trazer uma duzia de galinhas recém-compradas dentro do seu carro. O escritorio onde eu trabalho depois de sair da loja é na casa do chefe, uma besta quadrada ignorante grosso mal-educado imbecil caipirao metido vestido de mafioso que o Mirco conheceu jogando futebol. Pois é, essa besta quadrada abriu essa firma de cartuchos remanufaturados pra impressoras dentro de casa, uma casa grande num terreno grande. Como aparentemente todas as casas por aqui, a dele também é uma casa complicada; aqui tem sempre um parente que mora no andar de baixo, uma avoh que também usa o terreno, etc. Aqui na casa do Mirco, um terço da casa pertence a uma filha da piiiii de uma tia do Mirco que se recusa a vender o terço dela pros pais do Mirco, donos dos outros dois terços. Na casa/escritorio/almoxarifado/oficina de remanufatura de cartuchas, a complicaçao é essa mesma: uma casa multi-uso, que eu custei a entender. O banheiro que nos funcionarios usamos é o banheiro normal dos donos da casa. A casa em frente, que usa o mesmo terreno, é de um tio. Cada casa tem seu cachorro, mas o resto é meio propriedade em comum. Ontem me chega esse caminhao com esses 3 porcos enormes, que vao ficar engordando até a hora do abate num chiqueiro improvisado, entre o almoxarifado e o pasto dos cavalos.

Roça é isso aih, meus amigos.