Tava pensando hoje, enquanto voltava pra casa em meio à neblina em Assis, sobre o manifesto daquela menina que tah na Suécia (depois boto o link). Acho que ela mandou benzao; que realmente o problema é a falta de oportunidade em provar que se é competente mesmo vindo do Terceiro Mundo. Mas acho também que estereotipos globais assim tao antigos dificilmente nao tem (circunflexo) base cientifica. Por exemplo: se diz que portugues é meio tapado. Tenho vaaaaarias pérolas sobre o assunto, mas a mais recente foi aquela com os portugueses no onibus (- Voces sao portugueses? – Sim! – De onde? – Portugal!). Diz-se que europeu nao gosta de tomar banho: basta entrar em qualquer hotel ou apartamento pra ver que o banheiro nao foi projetado por alguém que toma banho todo dia, ou basta dizer que lava o cabelo todos os dias pras mulheres fazerem cara de espanto e dizerem que faz mal, que lavar uma vez por semana é o suficiente. Dizemos que americano é meio ignorante – preciso citar exemplos?
O que eu quero dizer é: também fico puta da vida quando neguinho vem me tratando como brasileira bunduda – até porque eu sou absolutamente desbundada. Tipo, ontem fomos ver apartamento. Quando a dona do lugar descobriu que eu era brasileira, veio logo dizendo, “esse seu italiano é tao bonito, nao deixa ele escapar!”. Respondi na lata: “Eh mais facil eu achar outro lanterneiro do que ele achar uma outra médica poliglota, com a pele espetacular que eu tenho, a minha educaçao e a minha cultura, a minha velocidade de digitaçao e a minha imensa capacidade de adaptaçao e fast learning, darling.” Ora, mas faça-me o favor!
Soh que eu também sou preconceituosa, e levante o dedinho (nao o médio, por favor) quem nao é. Por exemplo: nao creio que eu contraria um sul-americano nao-brasileiro. Trabalhei com peruanos, colombianos e bolivianos no hospital e foi sempre um horror. Eram sujos, ensebados, nao sabiam nada de coisa nenhuma, e nem se davam ao trabalho de aprender Portugues antes de ir fazer o intercambio no Rio, o que eu acho de uma falta de educaçao IMPAR. Tenho certeza de que se eu fosse empresaria e me viesse um Gonzalez fazer entrevista, com aquela cara de inca e falando aquela lingua abominavel que é o espanhol, eu faria logo um X vermelhao, nao importando o quanto maravilhoso pudesse ser o curriculo. Sao paises que eu nao conheço in loco, mas que sei que sao mais pobres ainda do que o nosso, e embora minha mae tenha razao quando diz que a classe alta é sempre otima em qualquer lugar do mundo, tenho certeza de que nao conseguiria passar por cima das estatisticas e dos estereotipos.
Da mesma forma, é dificil pra um estrangeiro (o europeu médio ainda é melhorzinho, mas o americano…) nao pensar imediatamente em bunda quando ouve falar do Brasil. Acho um saco, mas entendo perfeitamente. O fato de ser mulher piora horrendamente a coisa, mas entendo; nao vou negar que conheço duzias de casos de brasileiras bundudas ignorantes ridiculas piranhas que arrumaram um gringo e se mudaram do Brasil – nao interessa se se mandaram pra dar uma de empregadinha, o que interessa é que infelizmente é esse tipo de gente que pica a mula e vai parar no exterior. Quando voltei pro Brasil em junho meu voo tava CHEIO dessa gentalha, e soh de ouvir os comentarios, sempre altissimos como convém a gente mal-educada, me vinham ondas de nauseas.
Conclusao: a culpa é nossa. Quem mandou nao educar o povo e difundir a bunda brasileira por aih?