Entao.
Hoje felizmente aquele vento maldito deu uma trégua e o dia foi lindo. Saih de casa antes das sete, sendo que acordei às 4:30 junto com Baldo que partiu pra Frankfurt pro fim de semana. Andei 40 minutos no frio até a estaçao de Bastia. Fora a expulsao de tres bolivianos/colombianos/coisa que o valha do trem porque estavam sem bilhete, sem dinheiro e sem documento, a viagem foi light, dormi um pouquinho e tudo, nada de atraso, milagre. Chego na estaçao em Firenze, encontro as meninas e vamos correndo procurar um banheiro porque tava todo mundo apertada. A soluçao, como sempre, foi o banheiro do McDonalds. Soh por oferecerem esse serviço higienico, digamos assim, eu jah sou contra o boicote ;)
Caminhando, caminhando, fomos parar em frente ao Palazzo Pitti,
onde tinha uma galera deitada pegando sol. Depois de muito fofocar, a fome bateu, e acabamos indo almoçar ali perto mesmo. Nada de mais: gnocchi al pesto pra uma, ravioli al ragù pra duas, risotto alla camponesa pra outra. Coelho assado pra mim e pra Fran, frango assado pra Anelise, batatas assadas pra todas. Tiramisù pra nos tres, morango com limao pra Adriana. E meio litro de vinho tinto.
Rodando pela cidade consegui fotografar algumas pérolas da moda italiana. Olha que sandalia mais tchutchuca (pra nao dizer anatomica…)
E, jah depois que o Alfredo da Ane tinha encontrado a gente na Piazza della Signoria,
onde continuavamos a sessao fofoca/assuntos transcendentais com a bunda no concreto gelado dos degraus, e depois de comprar tres meias coloridas na Calzedonia (fotos depois, nao to com saco), consegui fotografar as tais calças feitas exatamente pra entrar nas botas.
Mas o melhor mesmo foi esse lindissimo exemplo, que parece saido da pagina certo e errado da Capricho:
Demos a cagada de chegar na estaçao quando meu trem estava saindo (eu nao tinha olhado direito o horario e achava que saia lah pras 18:30, mas nao, bem antes), foi o tempo de subir no trem e partir.
Sento de frente pra um senhor que afagava os proprios bigodes ininterruptamente, ao lado de dois marroquinos produzidérrimos, e atras do senhor dos bigodes uma africana feia de doer, tao feia que eu pensei que fosse travesti. Tava cheia de malas e bolsas, e com um filhinho lindinho que ria e balbuciava sem parar e deixou todo mundo no vagao com um sorriso nos labios. O trem se aproxima de Perugia, ela tira de dentro de uma sacola um daqueles panos enormes coloridérrimos africanos, lindo, amarelo e vermelho. Bota o menino nas costas e o amarra com aquele pano. O menino, assanhadérrimo, começa a dançar. Ela pede ajuda aos marroquinos com as tralhas, eles também descem em Perugia e concordam em ajudar. A mulher é uma simpatia soh: diz que o menino tem oito meses (OITO MESES!, exclama o senhor de bigode. Mas é um bitelao!), que nao gosta de mamadeira e quando ve a bicha chegando fecha os olhos e a boca e se recusa a mamar, mas gosta de hamburger e spaghetti. Risada geral dentro do trem. Ela diz que é Nigeriana, e que o menino adora dançar, e que a dança tipica deles se chama samba (…). Os marroquinos pedem pra ela dançar, ela diz que sem musica nao é legal, mas dah uma sacudidinha basica e o menino começa a dar risada e a balançar os bracinhos. Descem todos em Perugia, fico sozinha no vagao, porque o trem prossegue até Foligno, e obviamente ninguém vai pra Foligno, o grosso dos passageiros desce em Perugia. Folheio uma revista que eu nunca tinha visto, deixada pelo velho dos bigodes. Leio rapidamente uma reportagem superficial sobre a Islandia, lembro que Baldo outro dia comentou que queria conhecer a Islandia. Nao levo a revista pra casa. A estaçao em Bastia é sempre deprimente, nao tem bilheteria, o bar fecha cedo, nao tem ninguém na rua. Viro à direita, subo a ladeira por tras dos correios, a ponte sobre o rio Chiascio, passo por baixo do viaduto da autostrada, vou seguindo pela Via Cipresso, carros passam a mil, ninguém para, nao tem luz, nao tem nada. Lembro que nao tem queijo nem presunto em casa, que merda de café da manha vou comer amanha, sem queijo e sem presunto. Penso no Legolas, que hoje nao ficou sozinho porque a mala do Ettore ficou lah o dia inteiro trabalhando, e levou os outros cachorros. Amanha vou dar um pulo a pé (mais 45 minutos ou mais) pra visita-lo. Pelo menos assim ficamos sozinhos juntos.
Mal deu pra agradecer às meninas pelo otimo dia, e ao Alfredo pelo suco de abacaxi… :) Me sinto menos sozinha depois desse dia todo falado em Portugues, embora a caminhada da estaçao tenha sido longa, cansativa, fria, e com um céu estrelado que deveria ser proibido de curtir sozinho, e embora o apartamento esteja vazio, frio e estranho.
Meus pés tao doendo PACAS. Jah tomei banho, nao comi porque nao to com fome (milagre!), estou entediada triste e com muita raiva, e vou dormir antes que eu comece a socar a parede.
Bas noite.