No verão os pais do Mirco sempre comem na varanda, ou então no terraço que eles fizeram no lugar onde ficava a pequena horta, que agora virou um hortão, transferido pra um pedaço de terreno atrás da casa que pertence à irmã do Ettore (o terreno, não a casa). Quando a Arianna faz pizza ou torta al testo sempre telefona pra convidar a gente pra comer lá. Ontem ela fez torta e lá fomos nós.
É uma delícia comer assim, a céu aberto. Tudo bem que os insetos são uns pentelhos, mas a gente finge que não percebe. Uma brisa fresca, se tivermos sorte, o relativo silêncio, os galos que cantam na hora mais errada do mundo, os coelhos que fazem barulho quando bebem água, os malditos ciganos que acamparam no estacionamento ao lado da casa e fazem uma muvuca danada. O presunto do Ettore tinha uma cor linda, mas o cheiro era exatamente igual ao emanado pelos cadáveres que dissequei no anatômico da Uni-Rio. Deixei pra lá, comi torta com ricota fresca.
Legolas jantou pepino e casca de melancia. Don’t ask.