êeeee!!!

Comprei uma bicicleta nova.

A que eu usava antes tinha vários defeitos. O principal era que não é minha, mas do Mirco. Mas também é mountain bike e por isso o quadro é alto, ou seja, nada de saia, não tem cestinha, não tem farol, e o selim é duro. Então passei na loja de um velhinho vesgo famoso em Bastia e escolhi a minha, ontem de manhã. Fiquei de passar pra pegar à tardinha, depois que ele fizesse os ajustes necessários, mas como voltei tarde da faculdade não deu. Hoje a última aula foi transferida pras dez da manhã, então quando voltei larguei o carro na garagem e fui a pé até perto da estação pegar a bici. A bichinha é linda! De alumínio, cinza opaco e preta, selim confortabilíssimo, faróis alimentados a pedaladas, uma cestinha perfeita pra trazer minha compras da Coop, tranca embutida na roda. Vim feliz da vida pra casa, aproveitando que não tava muito frio, e cheguei em casa tão contente e animada que fui fazer ginástica outra vez. Só espero que o frio demore bastante a chegar pra eu poder curtir a magrela nova sem ter que esperar o próximo verão.

uni

A prova de Marketing foi na quarta. Eu tinha lido o livro quase inteiro só uma vez (ficou faltando a última parte, sobre distribuição do produto), e achei muito interessante – os exemplos são ótimos e a cara do livro é legal, sabe, a gráfica e tal. Lá fui eu pra prova.

Normalmente a última chamada não tem muito aluno, principalmente se não é uma matéria cascuda com professor carrasco, porque a maioria tenta se livrar logo das matérias com mais créditos (Marketing tem 6). Cheguei no prédio novo onde temos aulas agora e sentei pra dar uma lida na revisão que o livro dá no final de cada capítulo. Pouquíssima gente na sala, pensei, show, vou fazer logo e ir embora – quando eu me inscrevi na prova ganhei o número 15, mas sempre tem gente que não aparece. Dez minutos antes do horário da prova começa a entrar uma cabeçada fenomenal na sala, mas muita, muita gente mesmo. Caraca! O professor chegou logo depois, olhou pra turma e falou:

– Cazzo, quanta gente.

O lance é que o pessoal de TEP (Tecnica Publicitaria) também faz Marketing, e o professor, não imaginando que ia ter aquela gente toda, não marcou dias diferentes pra COMINT (Comunicazione Internazionale) e TEP, e todo mundo apareceu junto, entupindo a sala. Por sorte ele mandou o pessoal de TEP dar uma voltinha e voltar depois do almoço, e quando começou a fazer a chamada vi que ia ser a quinta ou sexta, em vez da décima-quinta. Beleza. Vão as primeiras meninas, e logo notamos, eu e a garota que tava na minha frente, que conheci na prova de Comunicazione Politica, que o professor assistente fazia doze mil, novecentas e quatorze perguntas, enquanto que o professor titular estava reclinado na cadeira, com as mãos atrás da cabeça, falando mais do que ouvindo. Pensei logo, do jeito que eu sou cagada vou cair com o assistente filho da puta que vai perguntar um monte de siglas idiotas cujo significado não lembro, em vez de me fazer raciocinar. Pensando no quão humilhante seria levar bomba de um professor mais jovem que eu, com gravata de nó gigante e calça de perna justa, ainda por cima, nem acreditei quando a garota que tava com o professor titular levantou, pegou o boletim e se mandou. Me aboletei imediatamente na cadeira, dei bom dia e começou.

– Por que tanto sobrenome?

– Porque blah blah blah.

– De onde você é?

– Brasil.

– Ah, esses nomes compridos… Só brasileiro e espanhol mesmo. Gostou do livro?

– Gostei. Eu não trabalho com marketing e nem pretendo, mas gosto quando alguém me faz ver as coisas de um jeito diferente. Quando eu fiz um curso de roteiro cinematográfico passei a ver os filmes de um outro ponto de vista. Depois desse livro vejo as propagandas de um jeito diferente.

– Eu acho que vou trocar o livro ano que vem… Só tem exemplo de empresas americanas, pros italianos fica meio abstrato.

– Eu gostei. Talvez porque eu ensino inglês e leio muito em inglês também, então tenho uma certa familiaridade com o estilo de vida. Pra mim tudo fez muito sentido.

*Chegando mais perto*
– Ah, ensina inglês, é… Faz traduções também?

– Aham.

– Vem cá… Eu falo inglês direitinho, viajo muito e tal, mas quando escrevo um paper gostaria que alguém desse uma olhada antes de publicar ou mandar… Quanto custa uma revisão, por lauda?

– Normalmente revisão custa por hora e não por lauda.

– Por quê?

– Porque é um porre, e se o texto for mal escrito dá mais trabalho revisar do que traduzir do zero.

– Interessante… Então você é formada em línguas?

– Hm, bem… Não exatamente.

– Em quê então?

*baixinho*
– Em Medicina.

*cruzando os braços e se reclinando ainda mais na cadeira*
– Não entendi nada, explica.

– Olha, é uma história muito complicada, melhor pular.

– Um dia você me conta então.

– Tá.

– Escuta… Fala um pouco do processo de pricing.

– Pô, é chatão…

– Depois eu faço outra pergunta legal.

Falei, mas realmente é uma parte que eu detesto e não soube explicar direito um dos métodos de definição de preço.

– De qual capítulo você gostou mais?

– Marketing internacional.

– Não tava no programa.

– Não sabia, eu não venho às aulas, estudei o livro todo.

– Não tem problema, fala aí.

Falei. Ele ficou me olhando, pegou meu boletim e escreveu ventisei/30, crediti: 6, assinou e me mandou embora.

**

Na sexta fui pra faculdade de manhã. Não tinha conseguido estudar porque o livro era chatéeeeeerrimo, daqueles que falam, falam, falam e não dizem nada. O outro livro do programa era sobre a história da televisão e da mudança dos meios de comunicação até chegar à TV, era interessante. Mas o da outra professora, socorro! Não consegui passar do segundo capítulo. Li, reli, trili e não entendia aonde o cara tava querendo chegar. Então quando botei o pé na faculdade me deu uma crise de cold feet, dei meia-volta e peguei o ônibus pra Ponte San Giovanni, onde estaciono o carro quando vou a Perugia. Ainda deu tempo de almoçar em casa com o Mirco. Fiquei meio pau da vida comigo mesma, porque eram 9 créditos, mas cara, sem anotações da aula já vi que essa matéria não rola. Vai ficar pro próximo semestre.

**

Hoje recomeçam as aulas. Segunda só tem uma hora, espanhol, que eu obviamente não vou assistir porque não tem sentido me deslocar até Perugia pra uma hora de aula de língua estrangeira com mil pessoas na sala. Hoje vou porque antes tenho que passar em uma escola de línguas que me contatou pra um curso pra polícia em janeiro, e depois tenho consulta com o médico da companhia de seguros, pro lance da batida que levei no dia do casamento. Amanhã tem um monte de aula e vou ficar o dia inteiro na faculdade.

Ainda não descobri se a faculdade é wireless, e duvido que seja, mas de qualquer maneira já me deram trabalho pra semana inteira hoje de manhã e posso perfeitamente trabalhar na biblioteca com o laptop entre uma aula e outra. Também já arrumei uma aluna particular três vezes por semana, mulher de um ex-aluno que eu adorava. E tem mais aluno na fila, todo mundo esperando meu horário na faculdade se definir (porque aula chata eu não assisto, lógico). Devagarzinho a graninha vai entrando, cês vão ver.

turbo jam

Continuando na linha “estou uma vaca”, resolvi tomar vergonha na cara e não só fazer uma dieta decente, mas fazer exercício seriamente. Inspirada na minha amiga Meredith, que quem foi à minha colação de grau conheceu e que perdeu 50 quilos em um ano, resolvi arrumar, com um amigo, um DVD perfeitamente legal e não pirateado de umas aulas de Turbo Jam (ho ho). E comecei a fazer em casa, depois de voltar do supermercado de bicicleta. Feito uma pateta, sozinha no escritório, seguindo a ginástica pela tela do computador.

Rapaz, estou com dor até no músculo da bailarina, que um grande percentual da população nem tem. Olha que eu tenho um fôlego razoável pro meu tamanho, e tenho andado MUITO de bicicleta (e vou sempre rápido, vocês sabem), mas não consegui fazer a série toda sem parar pra respirar de vez em quando. Rapaz! Que pauleira! A Chalene não cala a boca um minuto, mas ela é simpática e não incomoda. Mas o mais engraçado é que a coisa toda é de um americanismo ímpar: cheio de yoohoos! yeeeeah! are you ready? groove it! are you having fun yet?. E os sorrisos e noddings das pessoas pra câmera são hilários. Mas eu gosto de aeróbica. Prefiro step, mas aeróbica dá bem pro gasto. E podendo economizar em academia, e evitar as italianas que malham de cabelos soltos e maquiagem, por que não, né.

Vamos ver no que vai dar.

couchsurfing

Com todos os acontecimentos inéditos desse ano acabei esquecendo de contar sobre mais um: couchsurfing.

A coisa começou com o Brendan, lá no trabalho. Entre uma aula e outra ele sentava no meu computador pra checar e-mail e um dia ele perguntou se eu conhecia esse site. Olhei e gostei da idéia: quem tem um couch, um sofá, leia-se um lugar pra dormir, o oferece a quem quer viajar fora do esquema de hotéis etc. E quem viaja procura um couch no site. Porque a idéia não é só economizar, mas conhecer o estilo de vida de quem mora no lugar, o que é um tipo de turismo completamente diferente.

Em abril me registrei e montei meu perfil, e mesmo avisando que eu não moro exatamente em Assis choveram pedidos.

Nossos primeiros hóspedes eram neozelandeses (mais tarde alugaram um apartamento em Perugia por um mês e nos convidaram pra jantar), depois dois brasileiros que moram na Alemanha (muito gente boa), depois um casal do Alasca (pior: de uma mini-ilha no Alasca, maneiríssimo), depois uma alemã biruta (que me deu aula de ioga e deixava as calcinhas penduradas na grade da varanda pra secar), depois um casal de havaianos (os mais sem sal), depois um de franceses (ótima surpresa, dois amores – não tinha foto no site e quase desisti de hospedá-los), depois um casal que mora em Barcelona (ÓTIMOS, rolou logo aquele clique, sabe como é? E ainda ganhei uma consulta de graça, porque ela é dermatologista), e ontem um casal de poloneses.

Nossos amigos, ortodoxos como todos os italianos, acham que a gente é doido. Jamais abririam a casa pra gente que não conhecem. Mas, tipo assim, o objetivo é EXATAMENTE conhecer gente nova! Gente de lugares estranhos, não necessariamente gente que também vai te hospedar em troca, até porque a tal mini-ilha no Alasca não é exatamente fácil de acessar. Levamos todo mundo a uma sagra – do ganso, da cebola, de Bastia, do santo não sei qual – e todo mundo adorou. Falamos muito de comida, claro, mas aprendi muitas outras coisas também, com todas essas pessoas. Fiquei sabendo que a noção de espaço é uma coisa diferente pra quem nasceu no Havaí, porque a estrada um dia acaba, no mar (o garoto adorava dirigir na Itália e se deixava ficava o dia todo no carro, só pelo prazer de dirigir sabendo que the road goes ever on and on); que na Polônia o almoço se chama segundo café da manhã e que se janta às cinco; que o salmão do Alasca são outros 500; que salada na Nova Zelândia é em camadas; que é possível viver de figos (a alemã biruta passava a manhã pendurada na figueira aqui em frente ao prédio e praticamente só comia aquilo o dia inteiro); como fazer uma BOA tortilla de batatas espanhola. Entre outras coisas.

O que nos surpreendeu, mas o que deveríamos ter esperado, é ver que tem tanta gente legal no mundo. Gente que viaja muito, que tem o que dizer, que faz perguntas, e que sobretudo tem o mesmo ritmo que a gente tem. TODOS os nossos hóspedes perguntaram logo de cara onde ficava o supermercado mais próximo, compraram água mineral pra repôr o que beberam, tomavam café na rua, faziam a cama todos os dias, deixaram o quarto exatamente como o tinham encontrado, pediram vassoura pra varrer, usaram uma toalha só quando ficaram somente uma noite. E principalmente TODOS se enfiaram na cozinha pra lavar a louça e me ajudar, quando comíamos em casa. Exatamente como a gente, eu e Mirco, faz em tudo que é lugar. Porque eu prefiro ser meio enxerida e me enfiar na cozinha dos outros do que deixar louça pros outros lavarem. Todo mundo deduzindo onde estava tudo ou simplesmente abrindo armários pra procurar, sem perder meu tempo com perguntas idiotas, fazendo o que tinha que fazer e improvisando quando não tinha outro jeito, contando histórias interessantes e ouvindo as nossas, ficando pronto pra sair rapidinho senão se chegava tarde nas sagras. Gente dinâmica, rápida, esperta, sem frescura, SEM FRESCURA!, open-minded, no-bullshit.

E aí eu cheguei a uma conclusão: ser dinâmico é FO-DA. Eu adoro ser dinâmica. Eu adoro ser open-minded. Eu adoro ser no-nonsense, absolutamente no-bullshit. Adoro precisar só de dez minutos pra tomar banho e me arrumar pra sair. Adoro ser capaz de cozinhar e limpar ao mesmo tempo. Adoro saber deixar as coisas do jeito que eu encontrei. Eu sou foda. O Mirco também.

A Itália não é lugar pra gente, cara. Um lugar onde pra maioria das pessoas um macarrão relativamente razoável mais ou menos assim assim vira um problema de tirar o sono realmente não dá. Não dááaaaa!

novidades

Então.

Casei ontem. Civil, logicamente. Ao meio-dia. Casei de blusa branca e saia de bolinha, e Mirco de camisa polo da Mr. Cat. Ettore de terno e gravata e sapato de bico fino; a tia do Mirco chorou. Almoçamos em S. Maria e Mirco voltou pro trabalho. Pronto.

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Legolas apareceu com um treco esquisito na nuca, parecendo um… um cabinho de cogumelo, sei lá. Fomos ao veterinário ontem e ele achou melhor operar, sabe como é, Leguinho já tá com quase dez anos, nunca se sabe. Auscultou os pulmões e o coração pra decidir sobre a anestesia, cumprimentou-o pela educação (lógico) e a microcirurgia vai ser na terça de manhã, depois da minha prova de inglês na faculdade.

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Falando em prova, quarta-feira tive exame de Sociologia. O professor foi legal e deixou eu estudar o livro do ano passado em vez do desse ano, e também considerou os dois testes que eu fiz no ano passado. Aí sentei na sala com ele pra fazer a prova, acabamos falando de outras coisas que tinham a ver mas não diretamente, e quando acabou ele pegou a caderneta (porque aqui tem caderneta onde o tio professor escreve a notinha) e falou:
– Bom, então é 30, né. [a nota máxima é trinta]
– Ai, que bom!
– Ué, só podia, né. A senhora [porque apesar dele ser provavelmente mais novo que eu alunos e professores só se chamam de o senhor, a senhora] teve esse trabalho todo pra fazer a prova, gostei do que a senhora falou, que nota a senhora queria? Eu, hein.

Então minha caderneta amarelo-ovo foi inaugurada com um 30/30 numa matéria de 9 créditos. Diliça! Semana que vem tem inglês e na outra tem Studi Culturali. Don’t ask.

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De presente para mim mesma fui assistir à estréia de Harry Potter no cinema tabajara no centro de Perugia, na primeira sessão, completamente matinê. Eu e TODOS os adolescentes e todas as crianças de Perugia, batendo palmas nos beijos e nas batalhas. Me diverti, gostei do filme e quando saí ainda tava rolando show do UmbraJazz, tipo o Rock in Rio de Perugia. Saí do cinema piscando os olhinhos por causa da luz e ouvindo aquela música, aqueles turistas todos lambendo seus sorvetes e os funcionários das lojas preparando as vitrines pra liqüidação que começou oficialmente na quinta (estou paquerando um chaveiro de cachorro da Furla). Me senti dentro de um filme.

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Uma semana em Londres em agosto (japa, me avisa se vocês vão estar por aí). E Califórnia em setembro, se eu conseguir falar com a embaixada americana em Roma pra tirar uma dúvida sobre a validade do meu visto pré-9/11.

novas

Então tipo assim. Domingo passado almoçamos na IKEA, compramos uns negocinhos (poucos, poucos mesmo) e fomos pegar mamãe no aeroporto. Eu tirei essa primeira semana de férias, mas arrumei outro trabalho temporário justamente nesses dias e acabou que ela ficou conhecendo Foligno inteira enquanto eu dava aula meio período. E nesse exato momento estou trabalhando de casa, orientando minhas alunas online enquanto elas fazem os exercícios que eu preparei. Vejam bem: a Comunidade Européia está me pagando pra chatar com as minhas alunas em inglês. Eu adoro isso. Tomara que dê frutos, porque o clima lá no trabalho tá cada vez mais pesado.

Sexta-feira passada fui jantar com os outros tradutores, só os que não estão no lado negro da força, lá em Foligno mesmo (tava tendo a Quintana, a festa da cidade, com torneio a cavalo etc). Fofocamos tanto que não me surpreenderia se a chefa tivesse amanhecido morta na cama só de mau olhado, coisa que infelizmente não aconteceu. Acontece que no mês passado o tradutor de espanhol e a de francês fizeram MIL LAUDAS, vou repetir, MIL LAUDAS, com 80 horas extra, vou repetir, OITENTA HORAS EXTRA, e a chefa pagou CINCO EUROS POR HORA, vou repetir, CINCO EUROS POR HORA. Se eu tivesse feito esse trabalho todo e me tivessem oferecido cinco euros por hora eu juro que dava um tapão daqueles que estalam. Cacetes estrelados, cinco euros por hora é quanto ganha o aprendiz de faxineiro do Mirco, do Uzbequistão, que mal fala italiano e mal sabe varrer o chão. Vai ser filha da puta assim na casa do chapéu. Então rolaram vários estresses, dos quais estou relativamente imune visto que trabalho sozinha no andar de baixo, mas fiquei tão, tão, tão irritada quando soube da história que passei o dia inteiro rangendo os dentes. Eu é que já deixei bem claro desde sempre que não faço hora extra de tradução nem que a vaca tussa, e se quiserem que eu faça qualquer coisa depois das seis ou nos fins de semana quero ser paga por lauda e não por hora (lógico que nunca me ofereceram). Sei é que eu tenho que sair correndo dali antes que exploda de tanto ódio por aquela vaca.

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Mudando de pato pra ganso, mas não tanto, aqui na Bota os escândalos são tantos e tão ridículos que nem parece que eu saí do Brasil. Pra vocês terem uma idéia, não consigo nem escolher um pra comentar. Vou deixar pra Daíza que ela adora essas comédias botenses.

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Os hominhos estão instalando o ar condicionado aqui em casa nesse exato momento. Tínhamos encomendado o serviço pra um amigo de um conhecido há TRÊS MESES, mas ele simplesmente parou de atender o telefone e não respondeu a nenhuma mensagem que lhe mandamos. Mirco recorreu à loja que nos forneceu os eletrodomésticos da cozinha, e no dia seguinte o tal amigo do conhecido ligou dizendo que os aparelhos tinham chegado e perguntando quando poderia vir instalar. Só lamento, quérido, quem mandou não saber trabalhar. Custava ligar pra dizer que tava ocupado e que não sabia quando iria poder vir? Ô raça…

hohoho

Vocês sabem que o mundo do rádio se abriu pra mim depois que botei um CD tabajara no carro que pulava com os buracos na estrada. Mudei de rádio e a estrada foi recapeada, mas eu tomei gosto pela coisa. E hoje voltei pra casa às gargalhadas ouvindo Caterpillar, meu programa preferido. Os apresentadores são inteligentíssimos e hilários, e os assuntos que eles escolhem são do cacete. Essa semana tem CaterRaduno, raduno sendo uma espécie de encontro, de reunião gigante, em Senigallia, e o programa está sendo transmitido ao vivo. Estavam anunciando há semanas que o ponto alto seria a batalha pra escolher a pior praga italiana dos últimos dez anos. Os candidatos (quando ouvi o primeiro anúncio não conseguia parar de rir):

. os bancos
. as apresentações de fim de ano (balé, música, judô, o escambau)
. bandejões e cantinas de colégio
. os SUV
. o lobby da água mineral (aqui não existe beber água da torneira, mesmo sendo potabilíssima)
. os engarrafamentos de verão e não
. o retorno dos Savoia
. a faculdade de Ciências da Comunicação

Não é de rolar no chão rindo? Aí chamaram pessoas mais ou menos relacionadas a essas pragas pra defendê-las (defender sua candidatura como as pragas da década), e os argumentos são fenomenais. O cara que “defende” os bancos é uma figura que aparece toda hora na televisão, com sua fala mansa, dizendo que quando entramos no banco deveríamos dizer “isso é um assalto! E a vítima sou eu!” porque os bancos italianos são os mais caros do mundo. A que defende a água mineral organizou uma espécie de páginas amarelas só com nomes de restaurantes que servem água da torneira grátis em vez de vender água mineral. O cara do partido verde deles aqui classificou os SUV como antipáticos ocupadores de espaço e poluidores, e que se um SUV te ultrapassa na estrada e mais à frente se envolve num acidente, você faz hohohoho bem feito. A advogada que defendeu a candidatura da família Savoia relembrou todos os podres que apareceram na imprensa nos últimos anos. E por aí vai. Vim rindo feito uma doida no carro, até porque são os comentários deles que ajudam a apimentar o programa.

Pra quem quiser: Caterpillar
(em italiano)