Hoje é aniversário da Hunka. Todo mundo batendo palminha pra Hunka, êeeeeeee!

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O telejornal mostrou cenas do jogo Brasil x Argentina falando da “nazionale carioca”. Ho ho ho. E que gol foi aquele do Kaká, hein?

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Minhas plantas estão tão lindas que quando fico no computador por muito tempo trago uma delas pra escrivaninha, pra me fazer companhia.

cozinha

Eu gosto muito de cozinhar, e uma das coisas mais chatas de trabalhar tanto é a falta de tempo pra cozinhar com calma. Acabamos comendo um monte de porcarias enlatadas e de pacote, mas fazer o quê? Depois de 12 horas na rua a última coisa que eu quero fazer é passar horas cozinhando. Fora que nem dá satisfação cozinhar aqui, com essa falta de espaço e de organização lógica. Não tem lugar pra botar nada, fica tudo espalhado pelos armários, não tem um plano de trabalho pra apoiar os ingredientes todos juntos, fico indo e vindo feito uma barata tonta, sujando tudo. Depois de um certo tempo começa a me irritar. Essa semana a mulher da cozinha que vimos ontem vai me ligar com o orçamento. Dependendo do preço, pode ser que role, até porque eles vêm tirar as medidas todas e instalam pra você. Se não rolar, vai ser IKEA mesmo – o problema é que tem que ir láaaaaaaa em Florença, porque aqui perto não tem IKEA, alguém entendido vai ter que tirar as medidas direito pra gente, e montar. Vamos ver.

auguri!

Não comentei, mas perdi outro casamento: Hiro, o japonês mais popular do Rio de Janeiro, casou com a Fabulosa Barbara no domingo. Tenho certeza de que foi uma festa muito maneira e fiquei tristíssima de não poder ir. Quando recebi o convite, que chegou junto com o DVD de Curtindo a Vida Adoidado, deu aquela dor no coração. Mas agora que eles estão vindo pras Zoropa a gente vai dar um jeito de dar um pulo em Londres pra visitá-los : ) Aguardem-nos, meus amores : )

Confesso: roubei.

A casa onde funciona a escola ocupa um pedaço de terreno entre duas ruas, uma estreita, onde estacionamos quando todos os nossos carros não cabem no quintal da frente, e que é a entrada principal e o endereço oficial, e outra em um nível mais alto, ao longo do riacho Topino. Ali também tem outra entradinha, um portão pequeno pra pedestres. Ou seja, a rua de cima passa na altura do segundo andar da casa, onde fica a agência de tradução, e a rua de baixo passa na altura do andar térreo, onde fica a escola.

A casa à direita da escola fica mais próxima da rua, não é centro de terreno. Não tem comunicação com a rua do riacho, não tem saída por aquele lado. É uma casa bonita mas convencional, ocupada por uma família típica italiana, com três gerações morando juntas. E agora chegamos ao xis da questão: o quintal dos vizinhos. Eles têm uma área bem grande atrás da casa, e mantêm uma horta lindinha, toda fofinha, plantam uvas e têm um pomar delicioso. Devem ser umas dez ameixeiras, uns cinco pessegueiros e mais algumas macieiras aqui e ali. O problema é que eles não fazem porra nenhuma com essa fruta toda.

As ameixeiras estão ENTUPIIIIIDAS de frutas. Lindas, roxonas, praticamente pintadas a mão. Até eu, que não sou chegada em fruta, fico fascinada quando vejo as árvores. E me dá uma tristeza no coração quando olho pro chão do pomar e o vejo coberto de ameixas podres, restos roxos adocicando no chão, sem jamais ter alegrado um céu da boca.

 Eles não vendem nem dão, já perguntamos. E desde o ano passado, quando o pessoal da escola começou a catar as ameixas dos ramos que passavam por cima do muro e entravam no nosso terreno, eles podaram tudo, fica tudo dentro do terreno deles. Ontem tomei uma decisão: roubar é feio, mas, sinceramente, desperdiçar comida é o cúmulo da falta de educação. Então subi até o terraço de trás, na altura do rio, por cima do pomar. Estiquei o braço o mais que pude e colhi oito ameixas LINDAS dos ramos mais altos. Firmes, coloridas, promissoras. Deixei a sacolinha cheia no carro e corri pra cozinha pra experimentar uma. Achei que ainda não estaria madura porque realmente estava duríssima, mas, queridos… Isso é que é ameixa, caramba!!! A polpa ainda não é aquele amarelão, e o sabor ainda é meio azedinho, mas eu prefiro assim mesmo porque não gosto de doce. Durinha, uma beleza, até porque detesto me lambuzar – a falta de praticidade é um dos motivos pelos quais não sou chegada em frutas.

Mirco já detonou a metade. Roubei também uma maçã, por curiosidade, porque agora não é época mas se a ameixa é boa assim, a maçã também tem possibilidade de ser. Mas não consegui chegar até os pêssegos, imensos. Por meio palmo de distância eles não vão ser comidos por ninguém, e vão cair no chão, e por ali ficar. Tristeza.

 

diploma pra quê?

Tava pensando no que a Bia falou outro dia, de como essa paranóia do diploma universitário no Brasil é chata, de como é ridículo valorizar só quem foi à faculdade, como se quem não tivesse estudado fosse um retardado, de como deve ser chato, pra quem não gosta de estudar, ser forçado a fazê-lo por pressão da sociedade. Eu sou a primeira a dizer que sou vítima dessa paranóia. Mas porque sei que no Brasil isso é realmente um fator diferenciador – afinal de contas, a classe média faz questão de ir à faculdade, ainda que seja uma merda de faculdade particular qualquer, um “supermercado” de cursos, como diz meu pai. Quando conheci a FeRnanda, a primeira coisa que perguntei foi o que ela tinha estudado. Acho que a coisa não teria ido adiante se ela tivesse dito “tenho o 2o grau incompleto” ou coisa e tal, simplesmente porque isso significaria que não teríamos LA-DA em comum, zero assunto pra conversar.

Aqui na Bota a coisa muda de figura. O Mirco não fez faculdade, o que eu acho um desperdício porque ele poderia estar fazendo algo muito melhor agora se tivesse estudado, mas em família de gente ignorante o estudo não tem importância, e lá foi ele direto trabalhar depois da escola técnica. A maioria dos nossos amigos aqui não fez faculdade, e todos têm casa comprada, carros novos, viajam todo ano e freqüentam os mesmos lugares que nós (digo eu, formada) freqüentamos. Ou seja, na prática o diploma universitário aqui não faz diferença. Ninguém deixa de ser respeitado porque não é formado, e ninguém tem vergonha de dizer que é pedreiro, eletricista, motorista de ônibus. São empregos normais, trabalhos dignos, e, aliás, muito rentáveis – muito mais do que o meu, por exemplo ; )

Só queeeeeeeee… Dando aula a tantas pessoas diferentes, eu percebo logo de cara quem é formado e quem não é. Bastam 5 minutos e eu sou capaz de dizer se o aluno estudou ou não. Vejam bem, não é questão de burrice, porque faculdade nunca fez ninguém ficar mais inteligente – o que conheço de antas formadas não tá no gibi – mas de hábito de estudo e de raciocínio lógico, de capacidade de abstração. Meus alunos formados – engenheiros, médicos, arquitetos, psicólogos – fazem perguntas cabíveis, tomam notas, percebem coisas em inglês na rua e anotam pra me perguntar depois, lêem mais rápido, sabem exatamente o que a questão pede, fazem dever de casa, LEMBRAM das coisas. Meus alunos não formados, e isso vale pra TODOS, muitas vezes não perguntam nada (sinal de que não estão entendendo nada, vocês sabem), não anotam nada, escrevem devagar, precisam que eu repita vinte vezes a mesma coisa (não porque são burros, mas porque não estão acostumados a ter que entender o que diz o professor, e levam mais tempo), demoram muito pra ler, não fazem associações cruzadas (inclusive porque a maioria só trabalha e não lê, não vai ao cinema, não vê televisão, não usa internet, ou seja, não tem pontos de referência), depois de uma semana vêem um verbo que já vimos antes e se comportam como se nunca o tivessem visto antes, e, principalmente, demoram MUITO pra entender o que uma questão está pedindo. De conseqüência, respondem errado – não porque não sabem a resposta, mas porque não sabem o que devem responder. É dificílimo pra eles reproduzir uma história que acabaram de ler, por exemplo. Não conseguem botar os acontecimentos na ordem certa nem filtrar o que é importante e o que não merece ser contado. A capacidade de síntese é zero, a imaginação é menos vinte e perguntas hipotéticas são quase impossíveis de compreender. Têm grande dificuldade em seguir instruções, e não preciso dizer o quanto isso é crucial, pra qualquer área profissional. É impressionante a diferença que o hábito de estudar tem.

Então eu continuo achando que é importante, sim, ir à faculdade – ou, pelo menos, estudar um pouquinho. Por motivos diferentes, mas continuo achando. Porque mesmo que você tiver escolhido ser pedreiro porque não é chegado a estudar, vai ser um pedreiro melhor se tiver estudado um pouquinho a mais. Vai se comunicar melhor com o cliente, vai entender por que faz as coisas que faz e vai descobrir meios pra melhorar, vai trabalhar mais rápido porque a memória vai ajudar e o cérebro vai ficar mais veloz, vai reparar em outros modos de trabalhar quando viajar e observar as coisas com olhos de quem entende do riscado. Se eu só assento tijolos sem nunca me perguntar por que se faz desse jeito aqui onde eu moro, quando for a outro lugar não vou reparar no tijolo assentado de outro jeito, que pode ser mais eficiente do que o MEU jeito. Certo?

Um dia eu vou entender…

…pra que diabos serve carro conversível. Quando tá calor, é mais negócio ligar o ar condicionado. Quando tá frio, não rola. Fora os insetos que devem voar na tua boca enquanto você dirige a céu aberto. Fora o efeito devastador sobre qualquer penteado.

…por que as pessoas insistem em botar garrafas em pé na esteira da caixa do supermercado. A esteira anda, as garrafas caem, e o que é que o sujeito faz? Bota a garrafa em pé de novo no mesmo lugar. Ad eternum.

…por que as pessoas gostam de inventar expressões malucas como “tampa de privada envolvente”, “cascata emocional” etc, só pra arruinar a vida de nós pobres tradutores.

resumo da ópera

Não morri não. Digamos que o sumiço foi uma conjunção de fatores – trabalho na escola, traduções em casa, mais uma crise de enxaqueca, uma gracinha da Telecom que nos deixou 10 dias sem internet, mudança do servidor do Pixelzine e tempestades quase diárias que nos obrigam a tirar tudo da tomada pra evitar acidentes. Não aconteceu nada de interessante durante esse período, acreditem, então vou fazer um resumo bem resumido, sem ordem cronológica ou de importância:

O atual governo de esquerda resolveu liberar geral: deu voto de graça a não sei quantos mil presidiários, excluindo somente aqueles condenados por crime hediondo. O primeiro a ser liberado foi um ex-padre que matou uma mulher na sua cidade. Realmente, é um horror e coisa e tal, mas ontem, assistindo a um documentário muito interessante sobre a agressividade dos italianos no trânsito, fiquei pensando se essa estranha decisão da esquerda é realmente mais perigosa do que as medidas que o governo Berlusconi tomou, aceitando não tirar os pontos da carteira de motorista se o idiota que cometeu a infração estiver disposto pagar a multa em dobro. Só eu e o Mirco conhecemos duas pessoas que dirigiam completamente bêbadas quando foram multadas, mas pagaram o dobro e escaparam da perda da carteira. São bêbados crônicos. Quanto tempo vão levar pra matar alguém inocente em um acidente?

Sempre falando do documentário de ontem: quer saber? Eu sou uma motorista E-XEM-PLAR. Não faço NADA do que foi mostrado ontem. Não ultrapasso quem já está ultrapassando, não pisco farol pra ninguém, não faço NADA sem ligar a seta antes, não dirijo colada na bunda dos outros, não ultrapasso o limite de velocidade, não fico mofando na pista da esquerda, não falo no celular enquanto estou dirigindo, não jogo nada pela janela, não largo o carro onde é proibido parar ou estacionar, paro pros velhinhos atravessarem a rua na faixa de pedestres.

Já tem uns dez dias que o tempo anda assim, ó: um calor infernal durante o dia (infernal mesmo, em torno dos 40), e obviamente não há ar condicionado em lugar nenhum. À tarde o céu começa a escurecer, o vento sacode as árvores com raiva, folhas e poeira voam através das persianas fechadas, trovões assustam, raios ainda mais. Você jura que dessa vez vai cair um dilúvio universal. Mas só caem duas gotas. Todo dia, quando chego em casa, vou lá olhar o manjericão, uma planta fresca que dói. Todo murchinho, porque a água que cai não faz nem cosquinha.

Em compensação, ontem choveu de verdade. Estávamos em Santa Maria, jantando com Marco e Michela na festa de Colcaprile (don’t ask). Enquanto esperávamos a nossa vez de ir pegar a comida na fila, o céu, que estava preto e ameaçador como sempre mas estatisticamente não deveria ter chovido, visto a situação da semana, resolveu desabar sobre nossas cabeças. Cada rajada de vento animal, os velhos todos correndo pra se esconder no meio do galpão, onde a água não chegava; a luz apagou, tinha gente berrando, tinha água no chão, meus sapatos molharam, Michela imediatamente profetizou que eu ia ficar com febre, cogitamos levar a comida pra casa porque a maioria das mesas estava molhada, quando de repente tudo parou. A luz voltou, o vento parou de soprar, a água parou de cair, os velhos foram todos embora enquanto dava e nós achamos uma mesa seca e jantamos com calma, muito bem, obrigada.

Finalmente resolvemos onde passar as férias de Ferragosto: Madri. Já sei que vai estar um calor infernal e que na semana de 15 de agosto ficar na Europa é suicídio, mas a Chiara tava jururu e não queria ir pra Rússia, mas pra um lugar mais alto-astral. Achamos preços bons pra Madrid, e lá vamos nós. Aceito dicas.

Quarta-feira passada vimos Momix em Spello. O espetáculo de terça tinha sido adiado por causa do tempo bizarro, e não estávamos com muita fé pra quarta não. Quando começou a chover lá pras sete da noite, quando acabei com o último aluno, resolvemos que provavelmente não teria espetáculo e Mirco veio me pegar. Enquanto jantávamos nosso risoto com trufas e creme de queijo em Trevi, Simona, que tem um conhecido envolvido na organização e sabia de tudo, mandou um SMS avisando que ia rolar sim, mas às dez e meia (uma hora depois do horário previsto). Estacionamos longe pacas, praticamente no meio do mato, sentamos em cadeiras de plástico plantadas no gramado de frente pro palco, e ainda tivemos que esperar até as onze e quinze, porque tudo já tinha sido desmontado em vista da tempestade, e teve que ser remontado do zero. O espetáculo, Sun Flower Moon, é interessante, joga com os dançarinos em fundo preto iluminados com luz negra, mas é meio cansativo porque tudo é muito parecido. Prefiro ver os corpos dos dançarinos e os objetos que eles usam no palco. Mas de qualquer maneira é sempre uma coisa bonita de ver. Adoro Momix.

Dickens é muito, muito foda.

Todo o meu tempo livre nessas duas semanas foi dedicado aos episódios da segunda temporada de Lost. Agüentar até o recomeço da série vai ser foda.

Vimos Silent Hill no cinema. Filme MUITO estranho, muito mesmo. Não sei nem explicar direito se gostei ou não.

Minha chefe é simplesmente o ser mais odioso que já pisou sobre a terra. Nem mula-sem-cabeça ganha. Toda vez que eu vou à Libreria Grande imploro pras meninas me avisarem se algum dia precisarem de um funcionário extra. Atualmente o sonho da minha vida é trabalhar part-time na Libreria, que fica a dez minutos daqui, almoçar em casa com o Mirco, que anda tão cansado que não almoça porque não tem forças pra cozinhar nada, e trabalhar com traduções à tarde, do conforto do meu lar. É pedir muito?

Voltando ao assunto Italianos Dirigem como Trogloditas, Marco, o tradutor austríaco de alemão, levou dois sustos enormes na estrada em julho e resolveu vender a moto, não comprar carro nem nenhum outro meio de transporte, o que necessariamente significa que ele vai ter que se mudar pra Foligno. O buraco onde ele mora atualmente é completamente inviável sem carro, como na maior parte do país, totalmente carente de transporte público. Já desfez o contrato de aluguel, inclusive. Está apavorado. Não o culpo.

Leguinho anda cada vez mais lindo. Só que outro dia a mãe da Arianna viu um camundongo dentro de casa, e Arianna resolveu espalhar jornais besuntados de piche por baixo dos móveis pra ver se pegava o bichinho. Estávamos almoçando na cozinha de baixo, Legolas deitou do meu lado e capotou no sono. Alguém começou a falar dele e ele acordou. Começou a abanar o rabo e escutamos um barulho, shush, shush, shush. Ele tinha enfiado o rabo por baixo da cristaleira, o rabo tinha grudado no piche e quando ele abanava o rabo o jornal ia junto, fazendo o barulho. Tivemos que cortar o pelo do rabo. Ele, lógico, nem percebeu nada. Se dependesse dele, tinha ficado com o jornal colado no rabo o resto da vida.

descoordenada, eu?

Quem me conhece sabe que eu sou atolada. Díssima. Mas tem dias que eu acho que o nível de atolação é tal que eu deveria ser estudada pela ciência. Atualmente meus hematomas são 5:

– Um na coxa direita. Levantei correndo da cadeira pra abrir a porta pro aluno que chegava e dei uma topada na borda da mesa.

– Um na batata da perna direita, de origem desconhecida.

– Um no tornozelo esquerdo, de origem desconhecida.

– Um no peito do pé direito, onde o sabão de coco caiu enquanto eu lavava a calcinha no chuveiro. Quem arrumar um hematoma mais ridículo ganha um salame de javali.

– Um no seio direito, que eu juro pelos meus livros que não tem origem sexual.

Eu ando pelo mundo me batendo em todas as bordas disponíveis.

filosofia

Passei o domingão tomando suco de maracujá Maguary e vendo os episódios do primeiro ano de Lost, antes de antecipar a segunda temporada que baixei da internet e que aqui só começa em setembro. E a minha conclusão é: se eu fosse parar numa ilha deserta, a minha primeira e absoluta providência seria raspar a cabeça. Existe coisa mais irritante do que cabelo enlameado pingando na cara, entrando no olho, colando no pescoço? Me dá nervoso só de olhar.