A enxaqueca hoje foi tão forte que tive que ir à farmácia tomar injeção de Voltaren.
Arquivo da categoria: a pacaaaa… vinha cantando alegremente, queim, queim..
fotas
Subi algumas fotos de Florença e mais umas do Legolas. Aqui.
maravilha
Choveu, finalmente! Que dia fresquinho! Que jantar gostoso e meteórico em Ripa! O bom da chuva é que neguinho não sai de casa, então não tinha ninguém na fila da Festa da Trufa em Ripa. Não tinha conseguido falar com a FeRnanda, e Marco e Michela não queriam sair com o filho pequeno no frio (19 graus…), então fomos só nós dois mesmo. Mal pagamos o pedido e já ouvimos chamarem o nosso número no microfone. Deliciosos gnocchi com molho de trufas, e o Mirco ainda traçou uma torta al testo com prosciutto e pecorino. Em vinte minutos pedimos, pagamos, comemos e entramos no carro. Impressionante! Ainda deu tempo de passar no Gianni e na Chiara pra bater papo e tomar um sorvete na praça, em Santa Maria.
Esse período do ano aqui é muito gostoso. Todo mundo fica até tarde na rua, nas praças, nas sorveterias, nos bares. Os velhinhos passeiam de bicicleta, os adolescentes de lambreta com os cabelos ao vento por baixo dos capacetes, conversando enquanto pilotam, os marroquinos fumam enquanto sobem e descem a rua vinte e oito vezes seguidas, os turistas se entopem de sorvete, todos se entopem de sorvete. Aqui onde a gente mora não há vida, apesar do bar embaixo do prédio ao lado, mas Santa Maria fervilha (mantidas as devidas proporções, é lógico). E é uma delícia mesmo passear com calma, jogando conversa fora, tomando sorvete de chocolate e de Kinder, planejando a viagem a São Petersburgo. A impressão é que a gente fica assim meia hora mais jovem.
uia!
Esqueci de comentar um texto muito interessante que traduzi há algumas semanas. Falava de lesões cerebrais leves após trauma encefálico, mas não era excessivamente técnico. Pelo contrário: aparentemente levava-se em consideração a dificuldade de distinguir sintomas verdadeiros de sintomas voluntariamente fingidos pra tirar dinheiro da companhia de seguros e de sintomas imaginários. A categoria mais interessante é essa última: o artigo dizia que a influência cultural é tão, mas tão grande que, por exemplo, pacientes que tinham batido a cabeça e vinham de países onde popularmente se diz que quem bate a cabeça perde a memória apareciam no médico queixando-se de perda de memória. Mas quando faziam os testes de memória, eram completamente normais! Em outros contextos culturais, onde o povo repete que quem bate a cabeça fica com dor de cabeça, neguinho aparecia reclamando de dor de cabeça, embora não houvesse nenhum dos outros sintomas normalmente associados à cefaléia pós-traumática.
Enfim, corroboraram o que qualquer um morando na Itália aprende: que aqui neguinho jura tão de pés juntos que beber água gelada dá gastrite que acaba sentindo os sintomas de verdade, embora eu tenha certeza que se você for lá endoscopar o estômago da criatura vai achar uma mucosa linda, digna de ser fotografada, emoldurada e pendurada na parede.
O céLebro é a coisa mais foda do mundo.
ovelha negra
Estou cheia de alunos novos. A maioria são estudantes que precisam recuperar um débito escolar em inglês estão com notas baixas que precisam ser recuperadas pra não repetir o ano. Normalmente é um saco trabalhar com adolescentes porque são uns debilóides que não querem nada da vida. Mas essa semana apareceu uma surpresa: uma menina de Roma, que passa o verão perto de Foligno na casa dos avós, com os cabelos revoltos, maquiagem zero, Birkenstock nos pés, ombros largos de jogadora de vôlei, pasta do South Park. Os pais a estão mandando pra um buraco em Oklahoma em setembro pra um intercâmbio de 6 meses, e o pai, professor de italiano em Roma, quer que ela dê uma refrescada no inglês. A garota é muito interessante! Completamente fora dos padrões, observadora, inteligente, e, coisa completamente anormal nesse país de zumbis, interessada e louca pra ir estudar fora! Batemos altos papos e acabei aprendendo mais do que ela, tenho certeza. Me explicou de modo muito claro o ridículo sistema educacional italiano, que o pai (e a mãe, que também ensina) abomina, explicou por que não aceitou a proposta de ir jogar vôlei profissionalmente em um time juvenil aos 13 anos, e outras coisas mais. Graças aos céus de vez em quando me aparecem essas criaduras salvadoras! Porque ter só aluno burro é de matar.
calcio
Notaram que eu não comentei o jogo? É porque no final das contas eu já tava tão irritada que estava torcendo pra França. Vai, Zizou, vai, meu filho! O Mirco, que como todo europeu não-francês DETESTA os franceses, não agüentou ver o jogo e foi ver outra coisa na TV do quarto. Por mim, teria sido tipo oito a zero. Não tá a fim de jogar? Então toma! Ora, faça-me o favor!
Aí o pessoal do escritório, mas você deve estar supertriste, né? Eu não, sinceramente. Quem não faz seu trabalho direito não tem direito a ganhar porra nenhuma. Acho horrível, horrível e vergonhoso ganhar SÓ por sorte ou por erro dos outros. Mas faça-me o favor! Não é que vença o melhor? Então, o melhor venceu. Pronto, fim do assunto.
Em compensação, durante a semifinal da Itália eu sinceramente não sabia pra quem torcer. Ninguém gosta dos alemães, muito menos eu, mas acho tão terrivelmente triste perder em casa, com aquela cabeçada salsichenta toda no estádio! E ainda por cima perder pros italianos marrentos e lindos e simpáticos! E como o escândalo do futebol italiano anda me dando um nojo colossal também, fiquei meio na dúvida. Lógico que acabei torcendo pros azzurri, mas que deu uma peninha dos salsichentos, ah deu.
Mas a coisa mais engraçada é entender o que os jogadores dizem quando as câmeras os focalizam. A quantidade de palavrões é, lógico, interplanetária, mas como xingar em italiano é uma coisa ma-ga-vi-lho-sa, entender esses xingamentos também é uma diversão só. A cara do Lippi quando o juiz não deu falta: MAVAFFANCULO! A cara daquele louco do Gilardino, vesguinho, irritado porque alguém não lhe passou a bola: MA CHE CAZZO! A cara do Buffon quando a defesa deu mole: PORCA MISERIA! Entre outros.
O louco furioso do Gattuso, o Camoranesi com cara de guerreiro asteca, o superpitéu do Toni, o Totti que depois da lesão no joelho ficou com medinho e foge da raia e dorme em campo, tudo é muito divertido. Adoro Copa do Mundo.
E o Portugal perdendo pra França, que tristeza? Não porque eu tenha simpatia particular por Portugal, apesar da descendência, muito menos porque fomos eliminados pela França, um país que eu adoro (e, convenhamos, aquele povaréu todo cantando a Marselhesa é de arrepiar até as sobrancelhas), mas porque os portugas perderam uns gols tão, mas tão quase-gols que até se tivesse sido a Argentina jogando eu teria ficado nervosa por eles.
Hm, não.
Pra acalmar os meus nervos anticristãos, fiquei horas olhando pra estante pensando no que ler. Acabei pescando um Dickens, que é que nem descanso e canja de galinha, não faz mal a ninguém. Mas ando tão cansada que não tenho forças pra ler nem meia linha antes de capotar. Ando tomando uns comprimidos de valeriana que a Margareth tinha comprado pra dormir no trem pra Paris com a mamãe, mas como não adiantaram nada e ainda por cima fedem feito o diabo, ela deixou aqui. Precisa nem dizer que não adiantam coisa nenhuma, né. E ainda tenho que lavar as mãos depois de tomar, porque vou te dizer, vai feder assim lá na casa do chapéu! Putz!
O que eu não dava por um suquinho de maracujá bem gelado…
alegria de pobre…
Então todo mundo foi embora mais cedo pra ver o jogo da Itália, mas eu, que ainda tinha duas aulas pela frente, fiquei na escola. Cheguei em casa quase às nove, liguei a televisão toda pimpã pra ver o jogo do Brasil, e cadê??? NADA! Aquela múmia do Bruno Vespa falando das alterações previstas pelo plebiscito do fim de semana, e nada do jogo! Fiquei dando reload no blog da Cora e acompanhando os gols pelo comentários, até que São Guido me deu uma mão pelo MSN e baixei um programinha tabajara que pega a ESPN. Vi o final do jogo com o narrador falando Zê Roberrrrrtchou, Ronaldíniou e por aí vai. Mas valeu : )))
a primeira vez a gente nunca esquece
Meu último aluno, aquele que fabrica banheiros, cancelou a aula. Eu e Mirco decidimos telepaticamente jantar risoto de queijo cremoso com trufas no Terzieri, em Trevi. Então marcamos de nos encontrar numa ruazinha escondida onde sempre deixamos um dos carros parados, e fiquei lendo Hemingway sentada no carro dele até ele chegar. Ele tinha levado meu novo carro velho pra dar uma geral na oficina pintar a lataria de novo pra cobrir os arranhões, trocar o óleo, instalar o rádio com CD que compramos, calibrar o estepe, limpar os tapetes, essas coisas de macho e achei que só ia ficar pronto amanhã. Então qual não foi minha surpresa ao ver meu Corsa preto (com reflexos cinza-escuro) descendo pela saída da superstrada :) Jantamos rapidinho e pela primeira vez dirigi meu novo carro velho.
Em algum momento durante a vida do carro alguém quebrou aquele buraco onde entra a chave, e não conseguiu consertar direito. De modo que agora pra ligar o carro é assim: giro a chave, espero sumir um simbolinho no painel e aperto um botão prateado ridículo no lado esquerdo do volante, por baixo da seta. Aí ele liga, com aquele barulho surdo de carro a diesel. Anda muito bem, obrigada, é estável nas curvas apesar de ser pequeno, não consuma un cazzo, é fofinho e É MEU.
O painel é feio, velho e cafona, mas tem um relógio digital ótimo, com data e temperatura. Não tem ar condicionado, e esse é o defeito mais grave, mas tem vidro elétrico. E agora também tem CD, quer mais o quê?
Precisa dizer que o CD, novinho em folha, não funciona? Passou o dia inteiro tocando um CD do Tuco enquanto o Mirco passava o aspirador de pó dentro. Depois, na estrada, no caminho pra Foligno, parou de funcionar.
Que não seja o primeiro de muitos problemas.
Se tem uma coisa que eu detesto é quem diz essas coisas só acontecem comigo e depois começam a contar uma coisa supercomum que acontece com todo mundo. Eu acredito em boa e má sorte, e como!!!!!!!!, mas daí a dizer eu tava superatrasado e perdi o trem e o ônibus atrasou, só acontece comigo! há uma longa distância. Diferente seria dizer caiu uma bigorna ACME na minha cabeça, isso só acontece comigo, lembra do piano ACME da semana passada?.
Nem sei por que estou dizendo isso. Acho que é porque o Mirco ainda não me deixou dirigir o carro, só vai me devolver o bichinho quando estiver devidamente pintadinho, limpinho, revisadinho. Todo mundo já dirigiu meu novo carro velho, menos eu! Hoje um cliente voltou pra casa com ele, enquanto o caminhão ficou na oficina pra um conserto rápido. À tarde Mustafá ficou pintando o menino pra ele ficar nos trinques. Semana que vem acho que já consigo ir trabalhar com o MEU carrinho que, aliás, descobrimos estar com os pneus novinhos em folha, tem rádio (toca-fitas e não CD, mas aí eu já estaria querendo demais), o óleo foi trocado há pouco. Maurizio, o hominho que conserta eventuais carros que vão parar na oficina, é O Diagnosticador de Carros, um mago estilo Nelson Piquet, sabe, que ajusta carro no ouvido, e deu o Juízo Final quando foi buscar o carro na quarta, na loja: fizestes um negócio da China, não consome nada e anda direitinho, está ti-nin-do. É esperar pra ver. Já tive tanto problema automobilístico esse ano que as estatísticas estão todas contra mim…