Semana passada fomos televisionalmente massacrados com assuntos Holocáusticos. Eu DETESTO esse assunto. Primeiro porque sempre fui fã de história antiga, medieval, renascimental, e sempre detestei história moderna e contemporânea. Segundo porque a hipocrisia, a visao monoteísta e parcial e a mentirada da mídia sobre esse assunto, com conseqüente ignorância da galera, me dão uma irritação sem fim. Então quando eu leio uma coisa assim (leiam também o outro post do Rafael, “Ainda Israel”) é mais que justo que eu bote pilha pra todo mundo ler. Porque nunca é tarde demais pra rever seus conceitos.

saco

O defeito do meu e-mail é o seguinte: do nada, sem que eu tenha mexido em coisa nenhuma, às vezes no meio do processo de envio de vários e-mails previamente escritos, me abre a seguinte janela no meio da tela:

An error occurred while sending mail. The mail server responded: mail not accepted from blacklisted IP address. Please verify that your e-mail address is correct in your Mail preferences, and try again.

Normalmente ele volta sozinho ao normal em poucos dias, sem que eu tenha que mexer em nada – nem saberia onde mexer, já que não fui eu que mudei a configuração ou causei o problema. Só que dessa vez já tem MUITO tempo e tenho quilos de mensagens pra responder. Alguém sabe o que diabo pode ser isso?

resposta

Oi Rosemary, tudo bem? Primeiro de tudo, obrigada pela sua educação.

Eu não entendi uma coisa: por que marroquino não é legal, e sim magrebino? Marroquino não é quem veio do Marrocos? Aqui quando usam magrebino é sempre em um sentido muito ambíguo, significando vagamente norte-africano. Como a minha experiência pessoal é com marroquinos mesmo, usei marroquinos.

A história das enfermeiras polonesas me veio à mente ontem porque naquela manhã eu tinha ouvido, na rádio RAI, uma matéria exatamente sobre isso. Agora que a Polônia faz parte da Comunidade Européia, profissionais poloneses que queiram vir trabalhar aqui não precisam mais fazer prova de conhecimentos lingüísticos – uma decisão tão idiota quanto a do Itamaraty, de não mais exigir fluência em Inglês pros novos diplomatas. Não importa de onde vem a criatura; se vai trabalhar num outro país, tem que falar a língua, oras! Nada mais lógico, mas enfim, lógica anda em falta no mundo. O problema é que aqui faltam enfermeiros (faltam tipo 40.000), já que, como no Brasil, e por motivos que ignoro, enfermagem é uma carreira considerada meio, digamos, meio coisa de Suely Maria. E aí neguinho sai pescando enfermeiros em tudo que é lugar, pagando uma baba (já vi anúncios oferecendo € 3.350,00/mês). Só que é uma coisa séria, né. Uma enfermeira que dá um remédio errado, ou faz um curativo errado, ou encaminha um paciente errado pra um procedimento porque não entendeu o que estava escrito no prontuário é uma coisa MUITO grave. Eu nunca tinha ouvido falar dessa história e fiquei meio assustada quando pintou isso no rádio. Mas talvez nem tivesse comentado se não tivesse caído como uma luva pra ilustrar o que eu queria dizer àquela mala que me escreveu.

Eu acho, sim, que a maioria dos extra-comunitários que caem de pára-quedas aqui (ou melhor, vêm de barquinho até Lampedusa) trazem problemas, de verdade. Talvez porque a Itália não tenha ex-colônias, por isso nenhum dos grupos extra-comunitários que vêm pra cá fala italiano, e isso dificulta enormemente a integração. Já falei aqui várias vezes de como é, de forma geral, distribuída a criminalidade aqui na Itália; não vou me repetir. Confirmo o que eu sei a respeito de marroquinos – de outras nacionalidades não posso dizer nada: CEM POR CENTO dos marroquinos que já passaram pela oficina, e são realmente muitos, deram algum tipo de problema, do mais grave, com advogado e Carabinieri e ameaças de morte no meio, à simples encheção de saco. Cem por cento é muito, muito mesmo, mesmo quando a amostra é relativamente pequena. Conhecemos outras pessoas que têm microempresas e contam histórias parecidas, com estatísticas semelhantes. Não dá pra fingir que isso é normal.

Um abraço,

Leticia

p.s.: explica mesmo essa história do magrebino que eu fiquei curiosa!

como tem gente cri-cri nesse mundo!

Vamos por partes, como sempre.

Primeiro: eu respondo SEMPRE a TODOS os e-mails que me mandam. Quando não respondo logo de cara, é porque o e-mail deu tilt, coisa que infelizmente acontece muito freqüentemente. Qual seria o problema de dizer “não respondo a e-mail”? Assim como deixo bem claro, no TEMPLATE do paca, que não gosto de comments, não teria nenhum problema em dizer que não gosto de e-mail. Coisa mais sem lógica. E depois a idiota sou eu.

Segundo: eu não “não me dei bem” na Alemanha. Não gostei de Berlim, o que é uma coisa totalmente diferente, como qualquer pessoa semi-alfabetizada é capaz de compreender. Depois a idiota sou eu…

Terceiro: se eu falasse só de coisas bonitas e legais, esse seria um blog docinho e fofo. Eu não sou docinha e fofa e minha única intenção é divertir as pessoas – admitam, vocês se divertem, tanto é que continuam voltando. Provas disso são as inúmeras amizades que fiz com Brasileiras Legais que Moram na Alemanha e Não se Acham AAAAAS Alemãs, os e-mails educados e inteligentes que recebo de gente que não concorda com o que eu digo mas acha graça mesmo assim, e principalmente o fato de que a Alemanha é, desde o Incidente Berlim, o segundo país que mais visita o paca. Gozado, né?

As coisas mais engraçadas da vida são as cafonices, as gafes, os imprevistos, os incidentes bobos, as trapalhadas. Qual é o programa humorístico que faz piada de acontecimentos normais? As memórias mais duradouras de uma viagem são as coisas que deram certo ou o que deu errado? Eu falo de coisas boas aqui, sim, falo bem de pessoas sobre as quais tenho algo a dizer, falo de coisas bonitas, de comidas boas, de livros maravilhosos, mas tanto não tem graça que ninguém lembra. Já pararam pra pensar por que eu nunca falei dos meus outros vizinhos? Porque são todos normais. Os únicos vizinhos bizarros e incomodativos que eu tenho são a Suely Maria e seu companheiro com pinta de cafetão. Se eu começar a falar dos outros, que são tão normais que a gente nem lembra que eles existem, isso aqui vai ficar um porre.

Quarto: o botão “fechar” é serventia da casa. Em vez de ficar torrando o meu saco, vá fazer algo de mais útil, ou ler alguém que só escreva coisas com as quais você concorda.

Quinto: se eu caso ou não caso, isso é problema meu. Se todo mundo que não casa começar a ser rotulado disso ou daquilo, vai ser uma beleza. Conheço uma dúzia de brasileiras muito decentes e competentes e que escrevem muito bem em blogs muito badalados que se ofenderiam imensamente com esse comentário idiota.

Sexto: nome cafona não significa NECESSARIAMENTE baixo nível, mas vamos admitir que a probabilidade é grande. Pais bem educados dificilmente botam nomes esdrúxulos nos filhos, e pais bem educados têm mais probabilidade de criar filhos bem educados. Pura lógica, mas lógica requer inteligência, sabe, nem todo mundo é capaz de absorver esses conceitos óbvios. E prestaram atenção naquele “não significa necessariamente…” ali em cima? É importante, viu?

Sétimo: EU dizer que EU sou ex-médica é ofensivo pra quem, cara-pálida? Isso é assunto meu, se EU me formei e resolvi não exercer isso não é ofensa pra ninguém – é uma decisão minha e pronto, e não quer dizer absolutamente nada, a não ser isso mesmo: que eu me formei e resolvi não exercer. Se dizem que o Harrison Ford já foi carpinteiro (ex-carpinteiro, pois), isso é uma ofensa pros carpinteiros do mundo? Ora, por favor, vamos permanecer dentro dos limites da sanidade mental, tá?

Oitavo: parasita quem? Se eu pago todos os meus impostos direitinho e pontualmente, TANTO AQUI QUANTO NO BRASIL? Trabalho feito um cachorro, penso em três línguas diferentes por dia, cuido da casa, faço compras, mantenho vivas as minhas plantas, ajudo na contabilidade, levo a família inteira ao médico e meço a pressão de todo mundo, entrego faturas, pago contas, busco peças, atendo telefone, faço a contabilidade, vou ao banco falar com o diretor, brigo com cliente que não paga, dirijo caminhão e empilhadeira, dou banho nos 4 cachorros, ajudo a plantar tomate e tulipa, faço pequenos consertos em casa, traduzo, ensino, cozinho, organizo, arquivo, escrevo, perco o meu tempo dando satisfação a gente chata, não erro uma crase e ainda me chamam de parasita? E que história é essa de não cuspir no prato em que comi? O governo italiano por acaso me sustenta? Me dá alguma coisa de graça? Eu estou trazendo problema pros outros aqui? Quem traz problemas pro país são os marroquinos que se jogam na frente dos carros pra ganhar indenização, são as enfermeiras polonesas que botam em risco as vidas dos pacientes porque não entendem as instruções em italiano, são os chineses que trabalham por salários de fome e roubam o emprego dos italianos, são os mafiosos do sul que matam a torto e a direito. Tenho todo o direito de cuspir no prato, sim, porque eu ajudei a preparar a comida que estava nele.

E quer saber? Vá encher o saco de outro, faz favor.

p.s.: A data da viagem à Argentina ainda não foi decidida, porque ainda não sei exatamente quando vou poder ir.

p.s.2: No outro fim de semana (não esse, o outro) estaremos em Dusseldorf. Dicas…?

buongiorno!

Existe um modo de tirar os malditos smileys do Messenger? ODEIO aqueles negócios. Hoje a ciência já sabe que smileys ridículos vêm da mesma família que as .gifs animadas. Ambas espécies que deveriam ser extintas na marra. Ô coisas chatas!

Decidi não comentar o episódio das agências de viagens de Turim e Palermo que levavam turistas italianos ridículos pra comer menininhas pobres e feias, aprendizes de caça-gringo, em Fortaleza. Realmente não há o que dizer. Prefiro ficar quieta.