hmpf

Ah, e quanto à história do paulista-coreano-analfabeto-facilmente-ofendível do Orkut: deixei pra lá. Nem me dignei a voltar à comunidade pra ver a resposta do Anonymous à resposta que eu dei ao Anonymous, que, por sinal, desencavou aquela história sem pé nem cabeça dos Brasileiros Chatinhos que Moram na Alemanha e Se Acham OOOOS Alemães. Pra vocês verem a que nível descemos. Deixei pra lá. Vou esperar um pouquinho até o thread sumir e voltar à programação normal na comunidade. E foda-se o mundo que não me chamo Raimundo.

Penne alla norcina hoje pro almoço.

p.s. 1: Poucas delícias no mundo são comparáveis a uma focaccia de alecrim, com salzinho em cima, recém-saída do forno da sua padaria preferida.

p.s. 2: Acabei a Epopéia Toscana. Acho que vocês vão gostar do último capítulo. Nos arquivos de junho.

p.s. 3: Legolas jantou um Cornetto (aquele mesmo, o sorvete) ontem à noite.

p.s. 4: TÁ QUENTE BAGARAI!

Momento super diarinho

Eu acho que sempre comi bem. Meu problema com o peso sempre foi relacionado à quantidade, e não à qualidade. Lá em casa nunca rolou muita fritura, refrigerante só quando vinha visita e assim mesmo às vezes estragava (vocês não querem saber o aspecto que tem uma garrafa de Sprite que passou do prazo de validade há um ano), de doce eu só como chocolate e sorvete, mas a gente quase nunca comprava…

Eu sou chata pra comer. Apesar de ter melhorado muito desde que vim pra cá, ainda gosto de relativamente poucas coisas. Como verduras e legumes por obrigação moral, mas nunca tive sonhos eróticos com um prato de alface com tomate. Mas pelo menos não sou doida por besteira. Prefiro um bom e simples prato de pasta a qualquer cheeseburger ou pizza gordurosa.

Mas falei de tudo isso porque acabei de sair do banho depois da corrida matinal, e estou saboreando um copinho de iogurte natural desnatado com uma colherzinha de mel. Combinação imbatível. São duas das coisas das quais gosto mais, em termos de comida.

AMO mel. Puro, com banana amassada, com iogurte, com morangos. Só não gosto de mel substituindo o açúcar, mas fora isso, como vier eu encaro. Mas eu não entendo nada do assunto e não consigo sentir na língua a diferença entre mel de acácia, de castanheira, de laranjeira, de mil flores… Aqui no supermercado a variedade é enorme, cada planta estranha, combinações malucas de óleos essenciais, uns mais escuros e densos, outros mais claros e líquidos. Como pra mim é tudo mais ou menos igual, compro sempre o millefiore, que custa menos.

E o iogurte? Com fruta, sem fruta, desnatado, integral, não tem problema. Há anos uso iogurte natural como substituto do creme de leite pra salada de macarrão, pra recheio de quiche, pra acompanhar o quibe quando não há coalhada disponível. Acho muito, mas muito mais gostoso do que creme de leite, e as vantagens pro organismo são tão óbvias que nem vou ficar aqui falando. E o melhor de tudo é que, no supermercado de mendigo onde compramos água mineral, atum e Coca-Cola em lata, eu descobri uma marca de iogurte desnatado tabajara que eu não tenho a menor idéia de onde é produzido, e custa a bagatela de € 0,15 centavos por copinho. Compro a embalagem de 8 e faço a festa.

Menu do almoço de hoje:
Filezinhos de vitela na chapa
Berinjela e abobrinha na wok com um fio de azeite e salsinha, cenoura e batata no vapor
Salada de alface da horta da Arianna com tomate-cereja e pepino da horta da Arianna (essa vai pro Mirco porque eu odeio tomate cru e tenho verdadeiro horror a pepino)

Aliás, tá na hora de dar um pulo em S. Maria visitar meu cachorro, que ontem eu não vi, e fazer compras na fruttivendola da praça, a Rita, que é um amor e tem legumes e frutas deliciosas. Lista de compras pra Rita:

Berinjela boa pra grelhar
Maçãs Fuji da Argentina, que semana passada estavam ótimas
Batatas (as da Arianna só vão ser colhidas daqui a duas semanas)
Duas bananas (compro só duas de cada vez porque amadurecem super rápido e detesto banana passada)
Funcho, pro Mirco
Cenoura e salsão que ela dá de brinde pros clientes

Lista de “compras” pra Arianna:

Alface da horta
Ovos frescos
Mais pepinos da horta
Mais tomatinhos da horta
Mais vagem da horta, que eu AMOOOOO
Mais cebola da horta
Salsinha da horta
Mais abobrinha da horta que hoje detono o pedacinho que sobrou de ontem

Lista do supermercado de mendigo (leia-se Penny Market, onde os imigrantes fazem compras):

Coca-cola em latinha, que custa uma titica
Barrinhas de cereal importadas da Alemanha, baratinhas e deliciosas
Guardanapos coloridos, igualmente baratinhos e fofos
Iogurte desnatado tabajara

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Postzinho chato, né? Deu vontade de ser bobinha hoje.

bicharada

Minha casa é um criadouro de aranhas supersônicas. Elas são tão rápidas na construção das teias que eu estendo a roupa no varal de manhã cedo e na hora do almoço há teias entre as perninhas dos pregadores.

Esse é o L*egolas dois sábados atrás. Ele foi pra oficina com a mula do Ettore, que insiste em deixar o portão aberto mesmo sabendo que os cachorros saem pra passear lá não sei onde – e a estrada passando ali pertinho, socorro. Enfim. L*egolas volta MORTO, destruído, acabado, a massa falida. Bebe duzentos litros de água, derruba mais duzentos no chão e deita em cima. Vira isso aí.

Depois o Ettore leva os cachorros pra passear e secar, e limpa todos com jatos de ar comprimido. O mesmo que se usa pras pistolas de tinta.

E essa é a Dadà, a vira-lata fofa da FeRnanda. Chegou terça-feira. Não é uma coisa?

Esse é o pombo maluco que ontem ficou horas sentado na nossa janela do banheiro. Deve ser recenseado porque tinha um anel na pata. Não me pergunte o que ele tava fazendo na nossa janela. Eu perguntei, mas ele não quis papo comigo.

Ripa tem a Sagra del Tartufo. Fomos domingo passado, mas tava tão desanimada! Quando penso na multidão que dançava ao som da Orquestra Riccardi na festa da primavera, aqui embaixo de casa, em junho… Em Ripa só dançaram praticamente as crianças, como vocês podem ver. Alguns casais se aventuraram, mas eram poucos. E observem os modelitos da festa…

rir pra não chorar

A secretária da oficina foi tirar um pólipo esquisito do pescoço e eu fui ontem lá, depois do almoço, pra dar uma geral no escritório. A cena que eu vejo, logo de cara:

Ettore manobrando um caminhão ENORME, que tinha que entrar num canto da oficina, em frente ao banheiro.

Um marroquino à frente do caminhão, dizendo vai, vai.

Outro marroquino atrás do caminhão, dizendo vem, vem.

O caminhão se aproximando cada vez mais do ângulo do almoxarifado com o banheiro. Os marroquinos continuam, vai, vai, vem, vem que dá.

O caminhão arranca um pedaço ENORME da parede do ângulo do almoxarifado com o banheiro.

Mirco começa a xingar e abanar os braços como só um italiano é capaz de fazer, amaldiçoando toda a árvore genealógica dos marroquinos e do idiota do pai dele que demite e reassume mil vezes cada um deles.

Sabe aquela piada do cara que ajuda o outro na manobra, e fica do lado de fora falando vem, vem, vem… CRASH!!! Vem ver a merda que você fez!?

Igual.

zoinho

Estou com uma dor de cabeça chata que eu não sei explicar. Nunca fui muito de ter dor de cabeça, mas ultimamente anda um horror. Às vezes retro-orbital, às vezes frontal, sempre latejante. Será que eu estou precisando de óculos? Justo eu, campeã mundial de avistamento (e identificação) de buzum à distância?

Amélia

E aproveitei que o Mirco ficou enrolado no trabalho e não veio almoçar em casa pra matar o ensopadinho que comemos com torta al testo anteontem – italiano odeia comida requentada, por isso quando sobra alguma coisa eu congelo, e deixo pra comer num dia em que o Mirco não vier almoçar em casa. Fiz arroz branco e farofa e mandei ver. Depois preparei o almoço pro Mirco e pra dois operários dele (spaghetti com o molho do ensopadinho, enroladinho de peito de peru com cenoura cozido no vinho branco, salada, e de sobremesa uma mousse branca com cobertura de abacaxi que eu sempre compro no supermercado de pobre aqui de Bastia, custa uma titica e é uma delicia, além de ter sabor pêssego com maracujá também), e fui levar lá na nova empresa do ex-chefe dele, onde eles tavam trabalhando hoje. Me senti AAAA camponesa que leva a marmita pros homens no campo, na época da colheita. Fiquei até tentada a enrolar um prato num pano, mas como os pratos eram de plástico não foi possível.

curtas

Engraçado que agora que não estou trabalhando parece que tenho menos tempo pra ficar online. Tô sempre cheia de coisas pra resolver na rua. Novidades:

– A casa da FeRnanda e do Fabio já tá praticamente pronta. Os móveis do quarto já chegaram, a cozinha já tá quase toda montada, as paredes já estão pintadas. Domingo à tarde eu e Mirco carregamos o caminhão com os móveis IKEA deles, que estavam armazenados na nossa garagem, e lá fomos nos pra Ripa. Montamos os móveis da sala, sofá, mesinha de TV, mesinha pra trás do sofá, mesa de jantar e cadeiras azuis foférrimas. Segunda-feira fomos levar as persianas que o Mirco pintou e jantamos lá mesmo, pappardelle com molho de javali e sorvete de sobremesa, que nós levamos. E hoje à tarde provavelmente vou dar um pulo lá pra ajudar a FeRnanda na limpeza final.

– Segunda também saiu, finalmente, meu permesso di soggiorno. A primeira coisa que eu fiz foi ir a uma auto-escola pra engatilhar o lance da carteira de motorista. Eu tô dirigindo com a carteira internacional, mas um ano depois do pedido de residência (o meu foi feito em setembro do ano passado) ela não vale mais, tem que tirar a carteira do país mesmo. Ontem à tardinha fui fazer o exame médico, que durou 15 segundos (tapa o olho esquerdo e me diz que letra é essa. Ele. Tapa o olho direito, que letra é essa? Ó. Cabou o exame.) e custou 16 euros. Hoje tenho que ir aos correios pagar três taxas de € 10,33 (o equivalente às velhas 20.000 liras) e sexta-feira de manhã vou sair cedo de casa pra ir à Motorizzazione em Perugia, pra dar entrada no pedido da carteira. Vai dar trabalho e tudo vai ser muito lento porque agosto vem aí e em agosto a Europa pára, mas a garota da auto-escola me garantiu que em setembro eu consigo a carteira – se passar nas provas, é claro.

– Acabei de ler o terceiro livro de Camilleri sobre o Commissario Montalbano. O primeiro eu já tinha, La Forma dell’Acqua. O segundo e o terceiro eu comprei em Siena enquanto esperava os Salames. São Il cane di Terracotta e Il Ladro di Merendine. O Cane eu comecei na véspera da partida dos Salames, e terminei três dias depois. O Ladro comecei anteontem e terminei ontem. São ótimos, estou doida pra ler os outros!

– Benetton de Bastia em liquidação com descontos de até 70%. Comprei uma jaqueta jeans, muito precisada, e umas camisetinhas pra esse verão nojento.

– Comprei adubo pras minhas plantas. Meu manjericão tá anêmico, a salsinha só dá flor mas não cresce, a sálvia tá amarelando. E não foi culpa do Mirco, porque ele lembrou de regá-las durante a minha ausência. Pelo menos o peperoncino já deu uma pimenta, que ainda tá verde e feia. Quando virar vermelha eu tiro uma foto.

– O ministro da economia do Berlusconi pediu demissão no último fim de semana. Hohohoho.

ui

Sábado aproveitei a tarde de sol pra dar banho nos cachorros. O primeiro seria o Legolas, assanhadíssimo com a bolinha nova que minha mãe tinha mandado pela Marcia e eu sempre esquecia de levar pra ele. Normalmente ele vem quando eu chamo e fica quietinho enquanto eu o lavo, com aquela cara de sofredor resignado, mas dessa vez ele só queria brincar com o raio da bola e não parou quieto um segundo. Terminado o banho, fui pro campo jogar a bolinha pra ele correr e secar. Ele insistia em ficar passeando no meio do mato, pulando feito um cabrito pra lá e pra cá. Quando me abaixei pra pegar a bolinha (coisa que eu normalmente evito de fazer porque conheço bem o meu cachorro; me abaixo pouco e mantenho o rosto levantado, pra poder saber onde o Legolas está. Técnica aprendida depois de várias cabeçadas no queixo), que eu não conseguia ver exatamente por estar no meio do mato, ele levantou de repente e deu um pulo, pronto pra sair correndo e pegar a bolinha que eu ainda nem tinha jogado. Ô cachorro bobo! E foi nesse pulo que ele me deu a cabeçada. Imaginem um cachorro cabeça-dura, de mais ou menos 40 quilos, batendo com a cabeça no seu zigomático direito. Sacaram? Vi estrelinhas e fiquei parada rodando no meio do campo feito uma bêbada até alguém perceber que não, eu não estava mais brincando com o Leguinho, que a essa altura já tinha largado a bola e tava roendo um galho, amarradão. Senti logo a maçã do rosto inchando. E toma gelo. E como doía.

Passei o jantar todo (pizza feita em casa, salame feito em casa, pão feito pelo primo padeiro, vinho feito em casa, presunto feito em casa, salame de avestruz feito em casa, tomates da horta da tia do Mirco) com o gelo no rosto, mas mesmo assim ficou inchado, e super vermelho. Resolvemos dar um pulo no hospital em Perugia pra fazer um raio-X e ver se tinha alguma fratura. A médica de plantão disse que semana passada chegou um senhor com o punho quebrado. O labrador dele foi meio efusivo demais ao cumprimentá-lo depois de um longo dia de trabalho, o cara caiu e apoiou mal a mão. Show.

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Eu nunca tinha ido ao hospital aqui, a não ser pra acompanhar diversos familiares do Mirco. E quando fui ao pronto-socorro com o Ettore foi no outro hospital, que normalmente é mais tranquilo, o Monteluce. Dessa vez fomos ao Silvestrini, que concentra todo o movimento da província de Perugia, e a fila era enorme. Velhinhas bigodudas com pernas inchadas enfiadas em velhas Birkenstock, velhinhos de boina e óculos fundo de garrafa, um africano azul de tão preto numa cadeira de rodas, aparentemente com o tornozelo torcido, uma senhora com um polegar sangrando. Mirco, completamente avesso ao ambiente hospitalar, ainda mais depois da traumática operação do joelho, tava pálido feito vela. E eu só lembrando das histórias bizarras dos plantões de domingo/noite no Antonio Pedro, há anos-luz atrás. Engraçado que eu não sinto a menorrrrrrrrrrr nostalgia do ambiente hospitalar em si, mas sim da sensação que eu um dia já tive de estar à vontade ali dentro, de achar tudo natural, de pensar, de verdade, que o meu lugar era ali. Que boba que eu era.

Aqui neguinho quase não usa jaleco. Usam-se os pijaminhas verdes da cirurgia, ou então o uniforme do hospital – no caso do PS, calças laranja-gari (mesmo pra quem não trabalha de paramédico, fora, em ambulância) e camisa polo branca com um bordado no peito: o mapa da Umbria em verde, o número de emêrgencia médica, 118, em vermelho, e embaixo a inscrição Provincia di Perugia.

A fila é aquela esculhambação italiana de sempre: ninguém sabe quem chegou primeiro, quem é paciente e quem é acompanhante, o que tem que fazer, nada. Na porta, um aviso em Times New Roman:

O PRONTO-SOCORRO NÃO É AMBULATÓRIO PSICOSSOMÁTICO NEM RESOLVE PROBLEMAS SOCIAIS.

O PRONTO-SOCORRO NÃO É PRA QUEM PRECISA DE CONSULTA COM ESPECIALISTA, PEGAR RECEITA DE MEDICAMENTOS DE USO CRÔNICO, ETC.

O PRONTO-SOCORRO NÃO É PRA QUEM PRECISA SOMENTE DE APLICAÇÃO DE MEDICAMENTOS ENDOVENOSOS, NEBULIZAÇÃO, ETC.

Tem coisas que não mudam, não interessa a latitude…

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Uma paramédica descabelada me chama pra uma das salinhas. Dou um dos sobrenomes, ela insere no computador, nada. Eu tenho outros 4 sobrenomes, minha filha, vamos ver com qual deles eu fui inserida: Vieira. Pronto, lá vem toda a minha ficha técnica: onde eu moro, codice fiscale (como o nosso CPF), número da inscrição no sistema de saúde. Ela chama a médica sorridente, que vem com aquelas calças cor de abóbora horrendas me atender. O requerimento da radiografia sai da impressora, ela assina e me manda pra uma sala do outro lado do corredor, “depois dos elevadores, à esquerda”. Cartazes escritos à mão indicam o caminho da Radiologia. Uma enfermeira simpática bate a chapa (coisa mais P.I.M.B.A. esse bate a chapa…), me dá o laudo e me manda voltar pra médica. A essa altura o Mirco já viu uns dois acidentados chegarem de ambulância e está verde de nervoso. Espero mais um pouco, um outro paramédico antipático pergunta quem tem que mostrar algum exame, lá vou eu, a médica lê o laudo, olha a radiografia, não fica satisfeita, vai pedir uma opinião a alguém lá fora, volta, me diz que tá tudo bem, digita “crioterapia”, a impressora cospe outra página, volto pra casa com uma cópia do laudo radiográfico e a conduta a seguir.

curtas

Estou lançando um desafio. Quero que alguém me explique pra que serve um teto solar. Vamo lá, quero ver.

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Almocei köttbullar hoje. E gostei. Mas com molho de cranberries não, per carità.

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TÁ CHOVENDO OUTRA VEZ.

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Legolas me deu uma cabeçada involuntária na cara ontem. Estou com o olho direito roxo, mas a radiografia deu normal, nada de fratura. Desenvolverei esse assunto mais tarde.

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Eu AMO C.S.I.

Brigada a todo mundo que mandou sugestões de música. Vou passar o fim de semana selecionando e baixando e queimando. Depois digo como ficou.

A entrevista hoje foi meio estranha. Não é exatamente numa editora, mas numa loja de uma grande editora. Tipo uma franquia. O trabalho é como se fosse de vendedora mesmo, só que o público é meio bizarro porque eles trabalham basicamente com livros de ensaio, teatro, filosofia e outras coisas estranhas. A loja fica numa rua movimentada de Perugia, mas é meio escondida. Eu mesma já tinha passado ali em frente várias vezes mas, não achando que tinha muita cara de livraria, nunca tinha entrado.

O proprietário me pareceu napolitano, pelo sotaque. Não é um bom começo. O salário, por um horário part-time, é de 300 euros por mês. Hahahahaha! Dá pra pagar só o aluguel e olhe lá. Mas, como eles gostam de dizer, “há possibilidades de crescimento, de fazer carreira”. Aham. Honestamente, preferiria trabalhar na Libreria Grande. Pelo menos é mais perto de casa, e tem uma boa variedade de livros. Mas fazer o quê, né, já estou atirando pra todos os lados há meses, quero só ver se um dia esse perrengue vai dar resultado…

Acho que qualquer imigrante entende bem o cansaço que o livro que a Mary tá lendo menciona. Eu estou exausta. De tantas coisas…