O engraçado é que não

O engraçado é que não sinto falta dele, mas do que eu sentia por ele. Tem cura isso?

**

Sexta-feira à tarde Ettore passou pra pegar o Legolas. Depois veio Massimo, fomos tomar um Bailey’s no Suggestum, pub de Bastia. E depois fomos ao cinema ver aquele filme ridículo com George Clooney e Catherine Zeta-Jones. Fazia tempo que não via um filme tão horripilantemente idiota quanto esse. Depois demos uma rodadinha básica em Assis, mas quando comecei a bocejar ele entendeu e foi me deixar em casa. Dormi como um anjo.

Aproveitando que sábado de manhã não trabalhamos, fiz uma super faxina na casa, almocei risoto de abobrinha com salmão, dei uma dormidinha básica, e lá pras duas e meia fiz a costumeira caminhada a S. Maria pra pegar o ônibus. O trabalho na loja foi ridículo, ainda mais depois que começou a chover a cântaros. Ninguém na rua, poucos clientes, fechamos às oito, os pais da Carmen vieram nos pegar, fui pra casa, tomei meu banhinho e dormi.

**

Mental note n. 1: salmão em lata Coop nunca mais. Já que é pra ser enlatado que custa menos e dá muito menos trabalho, que pelo menos seja de uma marca boa.
Mental note n. 2: uma xícara de arroz dá risoto pra uma semana. Menos de meia xícara tá mais que bom.

**

Domingo acordei lépida e fagueira. Botei roupa pra lavar, estendi roupa lavada, passei creminho no cabelo ruim, troquei a roupa de cama, e quando já estava toda pronta vestida linda cheirosa sentada na cadeira da sala lendo Tolkien com o sol batendo nas costas (o dia tava lindo), me liga a Claudia da loja mandando eu ir trabalhar à uma em vez das quatro. Beleza, pra mim quebra dois galhos: ganho mais porque trabalho mais, e não fico em casa de bobeira me entediando. Lá fui eu pra S. Maria pegar o ônibus. Quem dirigia era o Moreno, amigo do lanterneiro. Tivemos uma longa conversa, muito produtiva e esclarecedora, e sobretudo fiquei muito aliviada depois, já que provavelmente nenhum dos amigos dele conhecia a MINHA versão da história. Fora que o Moreno é um cara muito legal e equilibrado (e provavelmente é por isso que o lanterneiro não sai mais com ele, preferindo amigos mais, digamos, testa di cazzo).

O trabalho na loja foi light, comparando com o 2 de novembro do ano passado, que foi uma canseira só. Quando fechamos, o fotógrafo da mostra em frente, que já me adotou e quer que eu vá pra Padova fazer uma especialização (a faculdade de Medicina deles é uma das melhores do país, e a cidade é famosa por isso; Padova é a cidade dos gran dottori) me convidou pra jantar frutos do mar, e lá fomos nás, jantar no restaurante La Lanterna. O dono do restaurante, que também é dono do maior nariz do mundo, é muito simpático e nos entupiu de comida. Menos mal que era tudo light, saladinhas, camarões grelhados, mariscos vários, etc.

Aí o Zuin me fez a seguinte proposta: vamos à Australia comigo? Eu tiro as fotos, você faz as vezes de intérprete e escreve um texto. Publicamos um livro, você tem o direito dos textos e eu das fotos. Topas? Respondi dizendo que não me chamasse duas vezes, que eu topava, hein?

Uhu!

Sexta-feira é dia de chocolate

Sexta-feira é dia de chocolate quente. O lindão tatuado que recarrega as vending machines vem sempre às sextas-feiras, e nos dá sempre uma bebida de cortesia. Chocolate quente pra mim, café pra menina da calça dourada, chá pra Martinha. Já sabe de cor o gosto de cada uma e toda sexta-feira é esse mimo.

Aí a menina da calça dourada foi RP de uma boate famosa aqui da zona e vive sempre cheia de panfleto pra entrar com desconto. Visto que a Martinha encalhou de novo, a menina foi lá sondar com o gatão tatuado, assim como quem não quer nada, perguntando se ele queria um panfleto a mais pra namorada, sei lá… Enfim, perguntinhas totalmente inocentes. Ele respondeu que não tem namorada, mas que amanhã provavelmente trabalha numa outra boate, como leão de chácara (que em italiano se chama buttafuori, literalmente bota-fora). Ui.

**

FeRnanda e Fabiao vieram jantar ontem. Detonaram o arroz com feijão, sobrou só um tiquinho. Ainda trouxeram vinho (Santa Caterina e Poggio Belvedere Caprai), bistecas e biscoitinhos pra sobremesa. Comi também, e bastante, e hoje acordei com dor de barriga outra vez. Mula.

E estou morrendo de vontade de dançar, mas nesse domingo a boate onde rola música gay fecha porque no dia dos mortos não se dança, etc etc. Peguei uns panfletinhos com a garota da calça dourada, mas já fui a essa boate algumas vezes e não gostei. Mas pode ser que role, sei lá. Tô precisando me enfeitar um pouco e dar umas peruadas por aí.

uhuuu

O jantar foi um verdadeiro su (abreviação de sucesso). Comeram pra caramba, repetiram, Samuele trouxe 8 barras de chocolate Perugina compradas na Eurochocolate que terminou domingo passado*, a biruta da Bettina cantou e tocou violão (tem uma voz linda, pena que praticamente só canta música religiosa), tomamos champagne que o Massimo trouxe, a torta de limão foi embora que é uma beleza, todo mundo quis levar o Legolas pra passear, depois começou a chover forte, trovões e raios, Legolas no canto entre a máquina de lavar e a tábua de passar escondido com medo, muita conversa, Skank no CD player, meia-noite e meia foi todo mundo embora e fui dormir.

Adoro cozinhar assim pra um monte de gente. Mas confesso que depois de uma certa hora começo a me irritar. Durmo com as galinhas e ter gente batendo papo até tarde em casa vai me dando um nervoso, fico querendo que todo mundo vá embora logo pra eu poder tomar meu banhinho, tirar a maquiagem, passar meu creminho nos pés, botar minhas meinhas de lã e dormir.

**

O tempo está uma bosta. Chove sem parar. Quem sofre é o coitado do Legolas, que mal pode botar o focinho pra fora de casa. Eu também sofro, porque como tenho que fazer tudo a pé, acabo sempre molhando os pezinhos, que ficam gelados. Pra não falar do cabelo, que com toda essa umidade fica uma porcaria.

**

A menina da calça dourada agora também tem casaco prateado, no melhor estilo NASA. Ela tem o péssimo hábito de ler em voz alta tudo que chega via fax ou e-mail ou carta. Lê inclusive coisas que já sabemos, e continua lendo mesmo quando alguém diz que já leu, que já sabe o que é, que já resolveu, que pode até jogar fora. O que será que leva uma pessoa a ser assim?

**

Estou me preparando psicologicamente pro próximo fim de semana. No ano passado 2 de novembro foi um feriadão, e a cidade lotou, quase enlouquecemos na loja de tanto fazer sanduíches e vender trufas. Esse ano não é feriado prolongado (que aqui se chama “ponte”) mas, considerando a importância que eles dão aqui a esse feriado, vai ser feia a coisa. Pra se ter uma idéia, não se casa em novembro, não se dao grandes festas, nem se pode escolher ou experimentar a roupa do casamento no mês de novembro (a Miss Almoxarifado e o Mister Toner aqui da empresa se casam no ano que vem e já estão vendo essas coisas, mas só vão poder experimentar as roupas em dezembro). Mas que atraso, vou te dizer…

**

E a expressão italiana de hoje (embora mais adequada a ontem…) é:

Ma va a mori’ ammazzato! = literalmente, vai morrer de morte matada!

* O chocolate vai ficar ali no alto da geladeira, do lado do Toblerone intocado que papai me deu e que não tenho a menor vontade de comer. Hoje vou ver se a FeRnanda vem jantar lá em casa, pra ajudar a matar o feijão que sobrou, porque não sou eu quem vai comer. Excrusive já entendi que não posso mais comer essas coisas. Me dá náusea, enjôo e diarréia. Tenho que ficar no macarrão sem molho com coisinhas light tipo cenoura e atum, ou então no filé de merluzo com abobrinha que eu vou almoçar hoje, se estiver com vontade de comer/cozinhar. Fiquei praticamente alérgica a comida. Que lindo.

Chegando em casa ontem, peguei o Legolas e fui dar um pulo na praça comprar mais meias, dessa vez compridas, pra usar com os mil pares de botas que eu tenho. Agora sou a feliz proprietaria de um par laranja, verde e bordeaux com alces, um outro xadrez em tons de laranja, um listrado em tons de rosa com uma menininha no alto, uma com listras azuis e um pinguim saltitante, e a vermelha e amarela com patinhos, que estou usando hoje. Uhu.

Aí me deu crise de tédio depois que cheguei em casa me sentindo o cocô do cavalo do bandido, e fui passar roupa. Passei até as fronhas, coisa que eu nunca faço – passar roupa é a tarefa doméstica mais odiosa do mundo, e normalmente o faço uma vez a cada 15 dias, porque lençol eu nao passo nem que a vaca tussa, e a maioria das minhas roupas é wash and wear. Só que a minha máquina de lavar, cortesia da Arianna, tem uma centrífuga que é um detonador de roupas. Sai tudo lá de dentro como se tivesse saído da boca do cachorro (não o meu cachorro, que o Legolas não tem o hábito de destruir coisas). Não posso mais deixar a bicha funcionando enquanto estou fora de casa, porque tenho que estar perto dela pra desligar a centrífuga depois de umas duas rodadas. Levei HORAS pra esticar uma camisa de gola alta que eu amo, mas que, coitadinha, tava que nem papel alumínio re-esticado depois de ser amassado em forma de bolinha, saca? Pelo menos passou o tempo. Ainda levei o Legolas de novo no parque, voltei, nem jantei nada porque não tava nem com fome nem com vontade de comer, tomei meu banhinho e fui mimir.

E hoje já estou beeem melhor. Minha técnica de beber muita água pra fluidificar as odiosas secreções parece que funcionou. Dormi com dois travesseiros e nem morri sufocada durante a noite. Acordei outra!

O dia está lindo, já cozinhei o feijão pra amanhã, agora só falta temperar; já estendi a roupa no varal, já varri a casa e passei pano, já bebi muita água, já escutei Rita Lee, já li tudo que é blog que eu não conseguia ler porque tinha sempre algum mala aqui dentro do escritório me enchendo. Hoje me recuso a ensacar cartuchos. Hoje não quero fazer nada de útil. Vou ligar pra meia dúzia de clientes e o resto do dia vou passar respondendo a e-mails, pra aproveitar que os chefes estão de bobeira em Firenze. Hohoho.

**

Ainda falando de cachorros. Outro dia a Carmen me dizia, muito espantada, como o Leguinho é educado, que nem me arrasta quando o levo pra passear. Espantada fico eu, quando alguém me diz uma asneira tipo “mas ele não me obedece!”. Ora bolas, só existe um dominado se existe um dominador. Se o cachorro não entende que o chefe não é ele, a culpa é do dono que se comporta como dominado. O Legolas é completamente alpha leader quando está com outros cachorros, mas dentro de casa o alpha leader sou eu, ora bolas. Quem manda no terreiro sou eu, e é ele que tem que me obedecer, ué. Muito simples o relacionamento. Eu digo, vai comer, ele vai. Vai dormir, vai, e ele vai, mesmo que a contragosto. Solta o tênis, e ele solta. Estamos no parque, eu estou congelando e decido voltar pra casa; basta chamar* e ele vem, enfia a cabeça sozinho na coleira, e vamos todos saltitantes pra casa. Só faltava essa, eu ter um cachorro tirânico! Tirana sou eu, eu, hein.

* Chamo assim: gatão, negão, cabrito, gostosão, maravilhosão, coisa preta, cachorrão, meu filho, garoto, menino, foca, zé mané, bestia nera, coisa linda, meu amor, filhinho, fedorentao. Sim, eu também canto pra ele enquanto andamos na rua, canto coisas muito profundas como “cachorro mais lindo do mundoooooo, você é fedorento mas é lindoooo, lalalalaaaaa, minha coisa preta gostosa e maravilhosaaaaaa”, e così via.

**

O mais chato de estar com o nariz entupido, além do óbvio desconforto causado pela dificuldade de respirar, é não sentir gosto de nada. Eu já andava meio sem paladar por conta da raiva constante e interminável, mas ontem realmente eu almocei macarrão sabor nada com molho de nada, queijo ralado sabor nada, e um copo de suco de nada. A parte boa foi que, pra não ir dormir de estômago vazio, comi uma maçã que o Fabrizio me deu no domingo (tinha uns stands da sociedade italiana contra a esclerose múltipla que vendiam sacos de maçãs, e ele obviamente comprou um saco, e deu um par de maçãs a cada uma de nós). Tenho a leve impressão de que a coitadinha tava azeda que só, até porque o Legolas cuspiu longe o pedaço que eu lhe dei. Ainda bem que não senti gosto de nada.

Chegando em casa ontem, peguei o Legolas e fui dar um pulo na praça comprar mais meias, dessa vez compridas, pra usar com os mil pares de botas que eu tenho. Agora sou a feliz proprietaria de um par laranja, verde e bordeaux com alces, um outro xadrez em tons de laranja, um listrado em tons de rosa com uma menininha no alto, uma com listras azuis e um pinguim saltitante, e a vermelha e amarela com patinhos, que estou usando hoje. Uhu.

Aí me deu crise de tédio depois que cheguei em casa me sentindo o cocô do cavalo do bandido, e fui passar roupa. Passei até as fronhas, coisa que eu nunca faço – passar roupa é a tarefa doméstica mais odiosa do mundo, e normalmente o faço uma vez a cada 15 dias, porque lençol eu nao passo nem que a vaca tussa, e a maioria das minhas roupas é wash and wear. Só que a minha máquina de lavar, cortesia da Arianna, tem uma centrífuga que é um detonador de roupas. Sai tudo lá de dentro como se tivesse saído da boca do cachorro (não o meu cachorro, que o Legolas não tem o hábito de destruir coisas). Não posso mais deixar a bicha funcionando enquanto estou fora de casa, porque tenho que estar perto dela pra desligar a centrífuga depois de umas duas rodadas. Levei HORAS pra esticar uma camisa de gola alta que eu amo, mas que, coitadinha, tava que nem papel alumínio re-esticado depois de ser amassado em forma de bolinha, saca? Pelo menos passou o tempo. Ainda levei o Legolas de novo no parque, voltei, nem jantei nada porque não tava nem com fome nem com vontade de comer, tomei meu banhinho e fui mimir.

E hoje já estou beeem melhor. Minha técnica de beber muita água pra fluidificar as odiosas secreções parece que funcionou. Dormi com dois travesseiros e nem morri sufocada durante a noite. Acordei outra!

O dia está lindo, já cozinhei o feijão pra amanhã, agora só falta temperar; já estendi a roupa no varal, já varri a casa e passei pano, já bebi muita água, já escutei Rita Lee, já li tudo que é blog que eu não conseguia ler porque tinha sempre algum mala aqui dentro do escritório me enchendo. Hoje me recuso a ensacar cartuchos. Hoje não quero fazer nada de útil. Vou ligar pra meia dúzia de clientes e o resto do dia vou passar respondendo a e-mails, pra aproveitar que os chefes estão de bobeira em Firenze. Hohoho.

**

Ainda falando de cachorros. Outro dia a Carmen me dizia, muito espantada, como o Leguinho é educado, que nem me arrasta quando o levo pra passear. Espantada fico eu, quando alguém me diz uma asneira tipo “mas ele não me obedece!”. Ora bolas, só existe um dominado se existe um dominador. Se o cachorro não entende que o chefe não é ele, a culpa é do dono que se comporta como dominado. O Legolas é completamente alpha leader quando está com outros cachorros, mas dentro de casa o alpha leader sou eu, ora bolas. Quem manda no terreiro sou eu, e é ele que tem que me obedecer, ué. Muito simples o relacionamento. Eu digo, vai comer, ele vai. Vai dormir, vai, e ele vai, mesmo que a contragosto. Solta o tênis, e ele solta. Estamos no parque, eu estou congelando e decido voltar pra casa; basta chamar* e ele vem, enfia a cabeça sozinho na coleira, e vamos todos saltitantes pra casa. Só faltava essa, eu ter um cachorro tirânico! Tirana sou eu, eu, hein.

* Chamo assim: gatão, negão, cabrito, gostosão, maravilhosão, coisa preta, cachorrão, meu filho, garoto, menino, foca, zé mané, bestia nera, coisa linda, meu amor, filhinho, fedorentao. Sim, eu também canto pra ele enquanto andamos na rua, canto coisas muito profundas como “cachorro mais lindo do mundoooooo, você é fedorento mas é lindoooo, lalalalaaaaa, minha coisa preta gostosa e maravilhosaaaaaa”, e così via.

**

O mais chato de estar com o nariz entupido, além do óbvio desconforto causado pela dificuldade de respirar, é não sentir gosto de nada. Eu já andava meio sem paladar por conta da raiva constante e interminável, mas ontem realmente eu almocei macarrão sabor nada com molho de nada, queijo ralado sabor nada, e um copo de suco de nada. A parte boa foi que, pra não ir dormir de estômago vazio, comi uma maçã que o Fabrizio me deu no domingo (tinha uns stands da sociedade italiana contra a esclerose múltipla que vendiam sacos de maçãs, e ele obviamente comprou um saco, e deu um par de maçãs a cada uma de nós). Tenho a leve impressão de que a coitadinha tava azeda que só, até porque o Legolas cuspiu longe o pedaço que eu lhe dei. Ainda bem que não senti gosto de nada.

blah

Que tempinho bunda! Uma chuva chata, um vento gelado, um saco!

Ontem eu e os meninos de Castello fomos tomar um vinho do Porto num barzinho de Bastia antes de ir ver a Claudia dançar música latino-americana no Country, boate in da metrópole bastiola. Falei tanto e dei tanta risada que hoje acordei com dor de garganta. Hoje eu e o Samuele, o grandão, vamos comer uma pizza em S. Maria (Massimo, o outro, que aliás anda dando umas zoidas aqui no blog, tem um jantar da torcida do Milan hoje e não pode vir). O Samuele tem um escritório de contabilidade com o pai, coisa que por aqui é muito comum e dá muito dinheiro; já lutou judô mas parou por causa do joelho que deu tilt, e faz um monte de strikes no boliche, as garrafas saem voando. Já eu, needless to say, perdi todas as partidas de boliche quarta-feira hehehe. O Massimo tem uma filial de um supermercado lá em Città di Castello. São dois amores! Pena que a monga da Carmem anda em crise de agitação porque amanhã parte pra Salerno rever o namorado, e em momentos assim pré-viagem fica insociável, e não foi nem ao boliche, nem hoje quer ir comer pizza. Chata.

Momento diarinho over.

Hoje preparei 40 currículos pra mandar pra escritórios de tradução no norte da Itália, mas como rolou greve geral (já comentei aqui o quanto os italianos adoram uma greve?) não deu pra botar as bichinhas no correio (e não vou mandar do fax do escritório que não sou boba). Amanhã elas partem pra Torino, Bologna, Milano, Varese, Bolzano, Udine, Genova, Roma é claaaaaro, entre outras. Vamos ver se rola alguma coisa. Acendam velinhas, plísi.

Firenze e outras coisas

A visita a Firenze foi meteórica mesmo. Trabalhei de manhã; Martinha me deixou na estação em Assis às 13:10, comi meu sanduichinho básico com suco de banana e maçã, peguei o trem das 13:30 direto pra Firenze (direto quer dizer que em vez de ir direto, ele vai parando em tudo que é lugar, feito cata-jeca). Cheguei a Firenze com um pouco de atraso por causa do trem, como sempre. Meia hora depois o shuttle do Sheraton passou na estação de S. Maria Novella pra me pegar. Fomos batendo papo, eu e o motorista (que é filho do dono da empresa de shuttle, que serve vários hotéis em Firenze), até o hotel ? o cara me contou a vida dele toda, já que eu não quis contar a minha. Desço do microônibus e vejo papai descendo do buzão com mais vários portugueses engravatados. Fizemos o check-in, subimos, batemos papo e lá foi ele sair de novo, pro jantar de apresentação do novo Fiat Idea (vi os depliants, é bem bonitinho). Eu fiquei no quarto, apesar do não frio, porque o hotel fica longe do centro. Fiquei vendo TV, coisa que não fazia há meses, e fazendo a tradução pro fotógrafo sem mão, usando o laptop do papai. Pedi jantar no quarto (filé mignon ao molho de pimenta rosa com arroz selvagem; vieram vários pãezinhos fresquinhos com manteiguinha, e grissini. Tudo acompanhado de uma Coca-Cola daquelas de garrafinha pequenininha), vi um filme chato com o Tommy Lee Jones e a orelhuda da Ashley Judd na TV, e dormi. Papai chegou lá pra meia-noite, eu acordei, ficamos batendo papo até quase duas da manhã. Depois custei muito pra dormir, com muita dor de cabeça, como aliás vem me acontecendo frequentemente ? a raiva e a irritação constantes me fazem fechar a mordida com muita força, o que me dá dores de cabeça e nuca lancinantes. Acordei destruída hoje. Tomamos um super café da manhã, como faço sempre que durmo em hotel, e logo às nove papai já foi pra reunião, eu peguei o shuttle de volta pra estação, fui aos correios pagar meu INPS, comprei mais meias coloridas na Calzedonia*, peguei o trem das 11, que veio parando em tuuuuuuuuudo que é estação, até umas mixurucas que eu nem sabia que existiam, andei a pé debaixo da chuva até em casa, desfiz a bolsa, sentei no sofá e fiquei parada olhando pra parede até a Marta chegar. Levamos a avó dela ao hospital de Assis pra fazer um Doppler venoso das pernas e viemos trabalhar.

Estou AAAAA MASSA FALIDA hoje, cansada, mental e fisicamente, com uma cara de quem voltou da guerra, com dor de barriga, cólicas menstruais que eu nunca tive, a dor de cabeça dentária de sempre, e nenhuma vontade de fazer nada. Meno male que o chefe hoje está fora.

Outra coisa que fiz e não fazia há muito tempo foi me olhar num espelho de corpo inteiro. Explico: essa modernidade de ter o espelho colado dentro da porta do armário, como no Brasil, aqui ninguém nunca nem ouviu falar. Quem quer espelho de corpo inteiro compra aqueles com apoio pra ficar em pé, pra ocupar bastante espaço, sabe. Desde agosto que só me vejo do peito pra cima, no espelho do banheiro. E me assustei. Tinha percebido, claro, que as calças estavam mais largas, e que várias outras nas quais eu não entrava há muito tempo me estavam caindo pelas pernas abaixo. Mas me assustei anyway. Os anéis também me caem, mas basta que me fiquem os dedos…

Hoje à noite rola um boliche com os meninos de Città di Castello. E eu com toda essa vontade de socializar?

*Agora, além das meias azul-marinho com vaquinhas malhadas, das meias azul turquesa com caranguejos laranja, da meia creme com ursinhos brancos, das múltiplas meias listradas, também tenho uma meia vermelha com patinhos laranja, uma preta com fantasminhas e abóboras halloweenescos, e mais três listradas pra coleção. Pena que a que eu mais queria, a dos patinhos abaixados mostrando a bunda pra nós, estava em falta. Que puxa.

fds

O fim de semana foi meio barro, meio tijolo. Sábado tava um frio desgraçado, eu aqui no escritório fazendo um orçamento chato cheio de códigos estranhos, com os dedos congelados, o vento uivando lá fora. Almocei rapidinho, fui ao supermercado e aos correios, e depois fui a pé até S. Maria pegar o ônibus pra ir pra loja trabalhar. Lá pras sete já não tinha ninguém na rua, por causa do frio e da chuva, e fechamos e fomos pra casa. Dormi super cedo.

Já ontem o dia começou horripilante como sábado. Num intervalo da chuva levei o Leguinho pro parque, voltamos pra casa e dormi de novo. Acordei às oito e meia com o sol brilhando lá fora, não entendi nada. Lá pra meio-dia o Ettore passou, fofocamos, ele levou o Leguinho embora pra passar o dia com ele; eu almocei uma coisinha qualquer, o Fabrizio ligou dizendo que tava estressado e não queria trabalhar e por isso eu deveria ir trabalhar às 13:30 em vez das 16, e que vinha me pegar em casa. Beleza, ultimamente os domingos são meus dias preferidos da semana, exatamente porque trabalho na loja sem aquele louco fulminado do Fabrizio. Ficamos eu, Claudia e Carmen fofocando, rindo, trabalhamos super bem, é ótimo, me dá uma baita levantada no astral. E foi assim mesmo; muitos clientes simpáticos, muitas risadas, algumas gorjetas, muitos americanos, uma venda de 573 euros a um casal do Michigan, comemos muita torta al testo com queijinhos bons e molho de tartufo, o fotógrafo da mostra do outro lado da praça entrou na loja 500 vezes só pra me ver (além de velho coroco ele não tem uma mãooooooooooooooooooooooooooooooooo, mas tadinho, ele é SUPER gentil e no sábado me deu de presente uma fotografia que eu escolhi, e que ele estava vendendo a 50 euros cada) mas as fotos que ele fez de mim não ficaram prontas ainda, a Claudia foi embora às 17:30, lá pras 19 chegaram os meninos de Città di Castello, aqueles que vieram uma vez comer e desde então voltam todo domingo porque um deles, o Massimo, dá em cima da Carmen, vendemos ainda umas coisinhas, fechamos a loja e fomos pra um barzinho novo em Bastia. Rimos muito, comemos pouco, eu e Massimo detonamos uma garrafa de vinho sozinhos porque a Carmen não tava no clima e o Samuel não tava a fim, e fui dormir às onze e meia da noite, sem o Leguinho, que ficou com o Ettore.

E amanhã vou a Firenze encontrar papai, que vem em visita-relâmpago de negócios. Uhu!

Estou mais tranquila. Ontem de manhã conversei com o dono do apartamento, que me garantiu que arruma um outro inquilino rapidinho. Se tudo der certo, estou em casa pro Natal. Agora é só juntar grana pra passagem, achar passagem, achar uma passagem com cachorro, renovar o passaporte, e arrumar um jeito de mandar minha tralha pra casa pagando pouco.

Ou seja, preciso do carro do atum.

nada x nada

Uma das revistas que a Marcinha me mandou foi a Marie Claire. É claro que ver as calças com elástico no meio da perna e sapatos brancos como última moda não me surpreendeu nada; afinal, essa moda já tava rolando aqui há muito tempo. Mas putz grila, que moda feiaaaaaaaaaaaaaaaaa! Blusas estilo morcego, calça com gancho lá embaixo feito MC Hammer, scarpin branco, socoooooorroooooo scarpin branco também entra na lista de coisas que deveriam ser proibidas, ali do ladinho do dente de ouro…

Meu cabelo cresce que nem capim. Não tem nem 3 meses que relaxei e cortei e já estou com um arbusto amorfo na cabeça de novo. Semana que vem, depois que eu receber (ô coisa de pobre!), dou um jeito de amansar o bicho.

Hoje fomos premiados, eu e Leguinho, com um lindo nascer do sol. Como vou dormir às oito e meia da noite por falta de coisa melhor pra fazer, acordo ainda mais cedo do que normalmente já acordo. Fico enrolando, tirando lentamente a roupa do varal, cortando devagarzinho as abobrinhas pro almoço, limpando a casa, até dar um horário mais assim de gente, tipo quinze pras sete. Hoje botei a luzinha pisca-pisca da bicicleta presa na coleira do Legolas, porque ainda estava escuro quando saímos e ser atropelada às quinze pras sete da manhã não deve ser uma coisa muito legal. Botei minha música gay nos ouvidos e lá fomos nós, eu correndo, o Legolas trotando e piscando, e o sol nascendo. Lindo! Lindo e frio, porque já tá um frio do cacete.

Ontem almocei risoto de aspargos, daqueles prontos, de saquinho. Fiquei esperando pra ver se o xixi depois ficava com cheiro de aspargo, como dizem que fica, mas não ficou! Devo ter alguma enzima maluca que metaboliza o cheiro do aspargo…

oba

Conteúdo, sempre eclético, do pacotão que chegou hoje do Brasil:

– 1 twin-set preto
– 1 blusinha decotadinha cor-de-burro-quando-foge
– 1 par de mocassins vermelhos
– 1 Bubaloo sabor morango
– 2 pastilhas Garoto
– 2 pacotinhos de sopa tabajara, uma de feijão com macarrão e couve, a outra de galinha com macarrão e verdura, 6 porções cada pacote (ou seja, 3 porções por pacote…)
– 1 pacote de banana passa
– 2 pacotes de absorvente
– 1 lençol pro Leguinho
– 2 pacotes de courinho digerível pra cachorro, tipo batata frita
– 1 pote de meio quilo de Toddy (lá em casa é todo mundo anti-Nescau)
– váaaarias bijouterias em prata que a Carmen e a irmã vão vender pra mim
– 1 escova de dentes
– 2 caixinhas de cotonete

E hoje pro jantar fiz uma sopa de ervilha show de bola. Eu AMO ervilha :)