E hoje o tempo tá uma bosta, contribuindo pra minha melancolia. Um vento horroroso que já derrubou todos os vasos de planta que cercam o escritório, e que já me esta dando dor de ouvido (a família do meu pai tem algum defeito de fabricação nos ouvidos, que anatomicamente são meio tabajara, mal ventilados, e vivem inflamando. Não sou exceção. Com o passar dos anos fui aprendendo a ignorar zumbidos, pontadas, dorezinhas, mas quando rola um vento assim não tem jeito, doem mesmo).

***

Ontem acordei tão cansada! Lembro de ter tido vários sonhos estranhos, onde eu estava discutindo com alguém que eu sei muito bem quem é. Devo ter falado e gesticulado horrores enquanto dormia, porque acordei exausta e com a boca seca, e com uma sede danada. Acordei até o Legolas, coitado, que por sua vez me acordava com patadas no braço. Tadinho do bicho. Dormimos mal, eu e ele.

Sábado eu e Leguinho tivemos uma experiência meio surreal, ou exotérica, como dizem os inguinorantes. Fomos correr de manhã cedo, mas tava uma neblina impressionante. Nunca tinha tido nenhuma experiência neblinal. Achei muito estranho correr em meio às brumas, com visibilidade baixa, uma umidade dolorida, um cheiro muito particular. Pra me sentir em Avalon só faltava a maluca da Viviane (e o lago, e os barquinhos, e os sinos do convento, e… não, não tinha NADA a ver com Avalon, mas enfim.).

**

Mas o mais surreal mesmo foi o Fabrizio o Louco me presenteando com uma trufa negra, que custa tipo 500 dólares por quilo, ou mais. Não entendi, mas também não recusei. Repassei a bichinha pro Ettore e pra Arianna. Gosto de trufa, mas ultimamente tenho um eterno sabor de nada na boca, não sinto gostos, nada me agrada ou satisfaz, então em vez de desperdiçar a preciosidade, a dei a quem sabe apreciá-la. Fiz o mesmo com a porchetta que o Ettore me trouxe ontem: dei de presente à Carmen. Porchetta feita em casa é boa demais, mas não me sobrou serotonina nenhuma, estou incapaz de apreciar. Carmen ficou toda boba : )

**

E ontem foi um outro dia estranho. Foi o dia da Marcha pela Paz; um monte de gente que veio a pé de Perugia até Assis, fazendo a maior bagunça e sujando tudo, como em toda manifestação boba que não leva a nada. A mala da mulher do Fabrizio veio nos pegar, a mim e a Carmen, lá pro meio-dia, porque de ônibus não rolava, já que os horários foram todos alterados e sozinhas não chegaríamos jamais a Assis. Fabrizio foi embora logo que chegamos, entao ficamos eu, Claudia e Carmen trabalhando sozinhas. Sem ele trabalhamos muito melhor, sem stress; e de fato o faturado do dia foi o mais alto dos últimos meses. Tinha muito americano passeando, e normalmente gastam muito, compram muito azeite e vinhos caros.

A loja fica na Piazza del Comune, e o prédio do lado oposto da praça é a Pinacoteca Comunale, onde de vez em quando rolam mostras, exposições, etc. No sábado tinha vindo à loja cumprimentar o Fabrizio o fotógrafo da mostra que está rolando agora na Pinacoteca. É um senhor que faz fotos bonitas, mas na minha opinião coloridas demais, em lugares como Burundi, Mali e outras coisas estranhas. Ontem ele passou na loja de novo, quando o patrão já tinha ido embora, e nos convidou a ir ver as fotografias. Fui eu só, e ele ficou horas me explicando tudo; grudou no meu pé e não largava mais. Fez questão de me fotografar, eu com cara de choro (minha prima já tinha me ligado e eu já tinha chorado rios), sem vontade de ajeitar nem a alça do sutiã, que provavelmente apareceu na foto, sempre gorda, embora ultimamente tenha perdido já uns 7 quilos, e ele me fotografando. Sábado vou ver como ficaram as fotos. Ainda me deu uns textos pra traduzir, umas explicações sobre as fotos que ele pretende distribuir aos turistas estrangeiros que entram pra ver a mostra, que tem entrada franca. No final das contas ainda me convidou pra jantar, a múmia. É mole? Tudo bem que depois da experiência lanterneirídica preciso de um homem maduro, mas não caído do galho já…

**

Hoje pro almoço, já que estou precisando de uma carninha, vou fazer tagliatelle alla zingara, mas com linguiça em vez de bacon. Uso tagliatelle feitas de massa com ovo. Tiro a pele da linguiça, refogo com alho e pimeita-do-reino como se fosse carne moída, corto em tirinhas (ou em fiammiferi, palitos de fósforo, como se diz aqui) umas cenouras, e cozinho levemente as bichinhas com espinafre nesse refogado linguiçal. Massa al dente, saltata in padella, queijo parmesão por cima. Pronto.

Sábado eu e Leguinho tivemos uma experiência meio surreal, ou exotérica, como dizem os inguinorantes. Fomos correr de manhã cedo, mas tava uma neblina impressionante. Nunca tinha tido nenhuma experiência neblinal. Achei muito estranho correr em meio às brumas, com visibilidade baixa, uma umidade dolorida, um cheiro muito particular. Pra me sentir em Avalon só faltava a maluca da Viviane (e o lago, e os barquinhos, e os sinos do convento, e… não, não tinha NADA a ver com Avalon, mas enfim.).

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Mas o mais surreal mesmo foi o Fabrizio o Louco me presenteando com uma trufa negra, que custa tipo 500 dólares por quilo, ou mais. Não entendi, mas também não recusei. Repassei a bichinha pro Ettore e pra Arianna. Gosto de trufa, mas ultimamente tenho um eterno sabor de nada na boca, não sinto gostos, nada me agrada ou satisfaz, então em vez de desperdiçar a preciosidade, a dei a quem sabe apreciá-la. Fiz o mesmo com a porchetta que o Ettore me trouxe ontem: dei de presente à Carmen. Porchetta feita em casa é boa demais, mas não me sobrou serotonina nenhuma, estou incapaz de apreciar. Carmen ficou toda boba : )

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E ontem foi um outro dia estranho. Foi o dia da Marcha pela Paz; um monte de gente que veio a pé de Perugia até Assis, fazendo a maior bagunça e sujando tudo, como em toda manifestação boba que não leva a nada. A mala da mulher do Fabrizio veio nos pegar, a mim e a Carmen, lá pro meio-dia, porque de ônibus não rolava, já que os horários foram todos alterados e sozinhas não chegaríamos jamais a Assis. Fabrizio foi embora logo que chegamos, entao ficamos eu, Claudia e Carmen trabalhando sozinhas. Sem ele trabalhamos muito melhor, sem stress; e de fato o faturado do dia foi o mais alto dos últimos meses. Tinha muito americano passeando, e normalmente gastam muito, compram muito azeite e vinhos caros.

A loja fica na Piazza del Comune, e o prédio do lado oposto da praça é a Pinacoteca Comunale, onde de vez em quando rolam mostras, exposições, etc. No sábado tinha vindo à loja cumprimentar o Fabrizio o fotógrafo da mostra que está rolando agora na Pinacoteca. É um senhor que faz fotos bonitas, mas na minha opinião coloridas demais, em lugares como Burundi, Mali e outras coisas estranhas. Ontem ele passou na loja de novo, quando o patrão já tinha ido embora, e nos convidou a ir ver as fotografias. Fui eu só, e ele ficou horas me explicando tudo; grudou no meu pé e não largava mais. Fez questão de me fotografar, eu com cara de choro (minha prima já tinha me ligado e eu já tinha chorado rios), sem vontade de ajeitar nem a alça do sutiã, que provavelmente apareceu na foto, sempre gorda, embora ultimamente tenha perdido já uns 7 quilos, e ele me fotografando. Sábado vou ver como ficaram as fotos. Ainda me deu uns textos pra traduzir, umas explicações sobre as fotos que ele pretende distribuir aos turistas estrangeiros que entram pra ver a mostra, que tem entrada franca. No final das contas ainda me convidou pra jantar, a múmia. É mole? Tudo bem que depois da experiência lanterneirídica preciso de um homem maduro, mas não caído do galho já…

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Hoje pro almoço, já que estou precisando de uma carninha, vou fazer tagliatelle alla zingara, mas com linguiça em vez de bacon. Uso tagliatelle feitas de massa com ovo. Tiro a pele da linguiça, refogo com alho e pimeita-do-reino como se fosse carne moída, corto em tirinhas (ou em fiammiferi, palitos de fósforo, como se diz aqui) umas cenouras, e cozinho levemente as bichinhas com espinafre nesse refogado linguiçal. Massa al dente, saltata in padella, queijo parmesão por cima. Pronto.

freddo

Hoje estou dando uma de responsavel de RH, fazendo entrevista e analisando candidatos.

Hoje também estou dando adeus oficialmente aos meus dedos dos pés. De hoje em diante, até o proximo verao europeu ou até eu voltar pro Rio (o que vier primeiro), soh vamos nos ver no chuveiro. O frio chegou de vez; hoje foi um dia lindissimo, de céu muito azul e poucas nuvens flutuantes, mas aquele ar frio que nao engana: alegria de pobre dura pouco, o outono virou irmao gemeo do inverno, tah frio mesmo e o negocio é tirar as meias e as botas do armario. Tchau, dedinhos.

Essa noite sonhei que tinha ganho 20.000 dólares jogando paciência numa slot machine em uma casa de bingo. A coisa foi meio estranha porque, 1) eu estando na Itália deveria ganhar em euros, e não em dólares, 2) não sei se tem paciência em casa de bingo, e 3) eu jamaaaais frequentaria uma casa de bingo; acho jogos de azar a coisa mais ridícula já inventada pelo homem, depois da tanga fio-dental, e tenho pena de quem perde tempo com essas coisas. Mas foi um sonho bem legal. Acordei antes de decidir se ia pras ilhas Cayman abrir uma conta ou se enfrentava os pesados impostos italianos, que me comeriam 6.000 dos meus 20.000 dólares. Vou interpretar o sonho como um sinal do universo de que o carro do atum é meu e ninguém tasca.

Hoje vim sem maquiagem. Marcinha, padroeira dos brasileiros expatriados, me mandou umas revistas com umas fotos do Rio, que devem chegar hoje aqui no escritório. Como não consigo ficar olhando pra um pacote sem abrir, sei que vou abrir, olhar e chorar, e pra não incluir borrar nessa lista de verbos, vim com a cara limpa, acqua e sapone, como se diz aqui.

Essa noite sonhei que tinha ganho 20.000 dólares jogando paciência numa slot machine em uma casa de bingo. A coisa foi meio estranha porque, 1) eu estando na Itália deveria ganhar em euros, e não em dólares, 2) não sei se tem paciência em casa de bingo, e 3) eu jamaaaais frequentaria uma casa de bingo; acho jogos de azar a coisa mais ridícula já inventada pelo homem, depois da tanga fio-dental, e tenho pena de quem perde tempo com essas coisas. Mas foi um sonho bem legal. Acordei antes de decidir se ia pras ilhas Cayman abrir uma conta ou se enfrentava os pesados impostos italianos, que me comeriam 6.000 dos meus 20.000 dólares. Vou interpretar o sonho como um sinal do universo de que o carro do atum é meu e ninguém tasca.

Hoje vim sem maquiagem. Marcinha, padroeira dos brasileiros expatriados, me mandou umas revistas com umas fotos do Rio, que devem chegar hoje aqui no escritório. Como não consigo ficar olhando pra um pacote sem abrir, sei que vou abrir, olhar e chorar, e pra não incluir borrar nessa lista de verbos, vim com a cara limpa, acqua e sapone, como se diz aqui.

Ontem tinha tudo pra ser um dia chato. Chuva, vento gelado… Levei o Leguinho ao parque de manha bem cedo, mas voltamos pra casa quando começou a chover. Dormi de novo até umas dez, quando o Ettore telefonou dizendo que passava lah em casa pra visitar o meu furadissimo cachorro, que alias nao estah mais furado, jah se formou a casquinha sobre o machucado e ele estah otimo, lindo e espetacular como sempre. Ficamos batendo papo até uma e meia da tarde! Ele acabou levando o Leguinho pra casa, eu almocei rapidinho e FeRnanda, Fabiao, a irma da Fernanda e o namorado, e mais a tia solteirona do Fabiao com o cachorrinho mala dela passaram pra me pegar. Sabado foi dia de S. Francesco e ontem teve feirinha na praça em Assis. Demos algumas voltas, mas tava chovendo moooito e ventando mooooito frio, eu totalmente Jade protegendo meus cabelos da chuva com uma echarpe, e às quatro fui trabalhar. Fabrizio o Louco nao estava (ele diz que Deus o manda ficar em casa com a familia nos domingos e nos deixa em paz trabalhando sozinhas na loja); bati papo com a Claudia e a Carmen, demos muita risada, Claudia foi embora e ficamos nos duas ralando. Mais tarde chegaram Samuele e Massimo, duas figuras de Città di Castello (a uma meia hora daqui) que foram comer na loja uma vez e desde entao voltam todo domingo pra comer e paquerar a Carmen. Mais risadas; fechamos a loja às oito e meia e fomos tomar uma caipiroska num bar tabajara em Santa Maria. Rimos muito, brindamos muito ao meu carro do concurso do atum, tomamos sorvete. Cheguei em casa antes das onze, Ettore foi levar o Leguinho lah em casa, dormi, acordei à uma e meia pra dar antibiotico pro negao, dormi de novo, no friinho, embaixo do meu super edredom de pena de ganso. Sonhei com o Rio a noite toda.

E’ hora de cortar o cabelo de novo. E’ hora de voltar pra casa.

Nao estou bem.

ah, a esperança…

Eu agora participo de tudo que é concurso que oferece carro como prêmio. Meu sonho é ganhar o carro do concurso do atum. É um Cooper Mini, carérrrrrimo e charmosérrrrrimo e suuuuper na moda, que eu obviamente vou vender quando ganhar, pra comprar uma fubica qualquer e ficar com o resto da grana. Todos por favor acendam velinhas que tô precisando de um pouco de sorte ultimamente.

O jantar foi um sucesso. Comemos tanto que depois ficamos batendo papo no parquinho pra digerir, o que deu origem a uma profundissima discussao sobre o que é respeito, o grau de idiotice dos fumantes, entre outras coisas. Hoje nao de tempo pra escrever, embora eu tivesse um post muito longo na cabeça, porque hoje às oito da manha meu cachorro foi mordido na bochecha por um dogo argentino (isso vai render um outro post longo) e passei a manha andando a pé pra lah e pra cah, do veterinario pra farmacia, e depois aproveitei pra resolver outras coisas, como ativar meu cartao do banco nos Correios e consertar minha maquina de lavar roupa que tava alagando a casa inteira. Legolas estah bem, com a bochecha esquerda inchada e com um buracao deixado pelo dente do desgraçado do cachorro, que se chama Hannibal (por que todo dono de cachorro agressivo é idiota e tem tao pouca imaginaçao pros nomes dos bichos?), mas fora isso tah tudo bem. Antibiotico por uma semana e limpeza diaria da ferida, que drena linfa furiosamente. Mas ele é um cachorro fodao e jah nem se lembra do acontecido; quando voltavamos do veterinario ele quis is ao parque de novo, onde rolou a mordida.

Hoje à noite nao tenho nada pra fazer, e vou aproveitar pra escrever na mao mesmo o que estah minhocando na minha cabeça. Depois se der transcrevo aqui.

Beijos anti-dogo argentino (também, vindo da Argentina, podia ser boa coisa esse cachorro? Tao certos os meninos do Casseta e Planeta, que queriam comprar a Argentina e transforma-la em Estacionamientos Tabajara pra solucionar o problema de vagas no Brasil. Sempre achei otima essa idéia hehehe).

O jantar foi um sucesso. Comemos tanto que depois ficamos batendo papo no parquinho pra digerir, o que deu origem a uma profundissima discussao sobre o que é respeito, o grau de idiotice dos fumantes, entre outras coisas. Hoje nao de tempo pra escrever, embora eu tivesse um post muito longo na cabeça, porque hoje às oito da manha meu cachorro foi mordido na bochecha por um dogo argentino (isso vai render um outro post longo) e passei a manha andando a pé pra lah e pra cah, do veterinario pra farmacia, e depois aproveitei pra resolver outras coisas, como ativar meu cartao do banco nos Correios e consertar minha maquina de lavar roupa que tava alagando a casa inteira. Legolas estah bem, com a bochecha esquerda inchada e com um buracao deixado pelo dente do desgraçado do cachorro, que se chama Hannibal (por que todo dono de cachorro agressivo é idiota e tem tao pouca imaginaçao pros nomes dos bichos?), mas fora isso tah tudo bem. Antibiotico por uma semana e limpeza diaria da ferida, que drena linfa furiosamente. Mas ele é um cachorro fodao e jah nem se lembra do acontecido; quando voltavamos do veterinario ele quis is ao parque de novo, onde rolou a mordida.

Hoje à noite nao tenho nada pra fazer, e vou aproveitar pra escrever na mao mesmo o que estah minhocando na minha cabeça. Depois se der transcrevo aqui.

Beijos anti-dogo argentino (também, vindo da Argentina, podia ser boa coisa esse cachorro? Tao certos os meninos do Casseta e Planeta, que queriam comprar a Argentina e transforma-la em Estacionamientos Tabajara pra solucionar o problema de vagas no Brasil. Sempre achei otima essa idéia hehehe).