A Publicidade Italiana Tem uma

A Publicidade Italiana

Tem uma que passa no cinema que eu adoro. Um cara correndo numa praia deserta lindissima, correndo, correndo. Voz em off:

‘Voce estah procurando liberdade? Liberdade total, sem limites, sem fronteiras? Liberdade de fazer o que quiser, onde quiser, do jeito que quiser? De pensar, de agir, de se comportar, de ir e vir…’

Corta pra um labrador amarelo que olha pra ele por cima do ombro com a lingua de fora e começa a correr de novo. O cara sai correndo atras dele.

Voz em off:
‘Ou voce estah procurando um adestrador de cachorros?’

Eh a propaganda das Paginas Amarelas.

Esqueci de comentar que achei

Esqueci de comentar que achei mandioca pra vender no Ipercoop! (hipermercado, o maior centro comercial do centro-Italia) Comprei também papaia, limao verde e banana. Fiz uma torta de limao danada de boa semana passada, hoje fiz cuca de banana. E pros bolinhos de aipim to esperando meu irmao me fazer a caridade de me mandar a receita da vovoh…

Tem um iogurte liquido aqui de maracujah e pessego que ajuda a matar as saudades também. Soh que tem muito mais pessego que maracujah… :/

O (circunflexo) japinha, essa sua

O (circunflexo) japinha, essa sua declaraçao de amor assim publica me deixa até comovida… ;) Também morro de saudades, caro amigo japacinéfilo… Serei forçada a assistir a Eri Potere (acento no o) dublado, em cinema tabajara, sozinha! (porque o Mirco odeia – eu desconfio que é porque é caipira e nao entende o espirito da coisa – sci-fi, fantasia etc)

Onde estah meu amigo japacinéfilo nessas horas? Hein? Hein?

p.s.: cuida bem do seu javali, viu? Tira a casquinha dele direitinho, enxuga com um guardanapo… Fatias grossas pra sentir melhor o sabor. Nada de queijo; pao, sem sal, se possivel. Vai bem com molho de cogumelos e/ou trufa, se voce conseguir encontrar. De verdura, ele soh mantém boas relaçoes com a rucola.

Eu sei que é inacreditavel,

Eu sei que é inacreditavel, mas hoje terminei meu domingo num convento de frades capuchinhos.

(pausa dramatica antes da explicaçao, que acreditem, faz muito sentido)
Fomos parar lah a convite do Peppe, amigo de escola do Mirco, que estah sempre envolvido em movimentos jovens da igreja. Hoje teve Roma e Juventus, e fomos ver o jogo no convento. O lance é o seguinte: NENHUM jogo de futebol passa na TV aberta, soh em Copa do Mundo. Pra ver jogo de campeonatos internos, soh na base do pay-per-view, que é caro, complicado (depende de antena e decodificador) e ninguém na verdade tem tempo de assistir durante a semana. Entao soh bares, pizzerias etc tem (circunflexo) esse tipo de transmissao. Eh claro que o convento tem TV a cabo. Também tem telao e equipamento home theatre.

Mas enfim. Esse convento nao estah longe do centro de Assis; é obviamente uma propriedade enorme e muito bem cuidada, e altamente equipada, como um bom hotel. Assistimos à partida numa salinha tipo um cineminha, no telao, com som de home theatre, bebendo coca-cola e comendo crostata (tipo uma torta de geléia. Eu soh como as variaçoes chocolate e Nutella). Ver frades com touca colorida urlando e pulando quando sai gol do time do coraçao é uma coisa unica na vida.

Eu sou Romanista – ou giallo-rosso. Porque o Roma tem Totti, que tem Q.I. de uva Thompson mas é um belo homem dono de um belo nariz; porque adoro as cores da camisa, cereja/bordo (circunflexo) com amarelo-ouro; porque o escudo deles é a famosa loba amamentando Romulo e Remo (ou Romulo e Remolo, como disse aquela mula do Berlusconi uma vez na TV). Mas sobretudo porque Roma é Roma, né, darling… :)

Pois é, a partida foi violenta – tempo real de jogo 38 minutos, o resto ou brigando ou estirado no chao ou catimbando – mas sem erros de arbitragem. Terminou em 2 x 2, com uma expulsao pra cada time, e no final mais uma pro Roma: Totti e seu belo nariz, que se retiraram gesticulando e xingando muito. Alias, a Juve também tem um belo representante nasal, o Del Piero, que porém tem um defeito incuravel e um imperdoavel: é baixinho e usa costeleta, respectivamente. Costeleta! Que tipo de homem usa costeleta, socorro!

Depois do jogo alguns de nos ficamos pra jantar. O Carlo, um dos outros frades torcedores do Roma, um cara bem novinho de aparelho fixo e fala maaaaaaaaaaaansa, fez penne com tartufo e salsicha, um molho classico daqui. Comemos bem; tinha queijo, pao, vinho bem gostosinho (um Sangiovese tabajara, misturado com outras uvas, mas nada mal), salsicha. De sobremesa, ananas em calda.

Alias, gostaria de saber por que diabos o resto do mundo soh importa ananas. Tem coisa mais sem graça que ananas? Acho que soh chuchu.

Aih neguinho me pergunta: mas voce nao é contra a Igreja? E eu respondo prontamente: sou contra instituiçoes, nao individuos. Acredito que as pessoas sao legais, individualmente; mas bota duas ou tres juntas e ve a merda que dah. Meu chefe é amigo de tudo quanto é frade da cidade, e eles toda hora passam ali na loja pra bater papo. Eles me adoram, nao soh porque sou simpatica e comunicativa (hohohoho) mas porque sou brasileira, e capuchinho adora uma missao na Amazonia. Passam ali na loja gritando ‘brasileira!’ e dando tchauzinho. Eles sao uns amores, principalmente porque nao enchem o meu saco e nunca me perguntaram se eu era catolica nem jamais falaram de Deus na minha frente – aquelas coisas chatas de deixar nas maos de Deus, Deus quis assim, etc. Mas nao tem que ser assim? Que diabo interessa em que igreja eu vou ou deixo de ir? Nao sendo Jeovah, que sao uns pentelhos, embora inocuos, e a IURD, que ou sao retardados mentais ou filhos da puta criadores de psicoticos (falo com experiencia propria, depois de estagio em hospital psiquiatrico), basta que nao venha encher o meu saco que eu estou otima.

Enfim, foi um dia estranho, passado uma parte na frente do computador ajudando o Mirco a botar arquivos do trabalho em dia, uma parte dentro do carro rodando em Assis e S. Maria pra passar o tempo, e batendo papo, e terminando num convento que tem uma cerva-viva de louro, onde o Mirco roubava folhas pra cozinhar nos tempos de serviço militar com os Bombeiros, que tem (circunflexo) quartel ali do lado.

Tava vendo no TG1 (aqui

Tava vendo no TG1 (aqui os telejornais nao tem nome; se chamam TG1, TG2 ou TG3 se sao transmitidos pela RAI1, RAI2 ou RAI3, respectivamente) agora de manha, num momento ‘o que aconteceu no dia 29 de novembro tantos anos atras…’ uma visita do Papa Paulo sei-la-quantos às ilhas Samoas. Os nativos todos vestidos em trajes tipicos beijando a mao do papa… Que tristeza ver a catequizaçao dessa gente.

O meu desprezo e o meu odio pelas instituiçoes religiosas sao infinitos.

Hoje estou loquaz, aguentem. Na

Hoje estou loquaz, aguentem.

Na praça ali onde eu trabalho, no centro de Assis, tem, entre outras coisas, uma livraria. E o dono da livraria tem um cachorro, que vai com ele trabalhar – alias, pratica muito comum por aqui e que eu acho espetacular. Eh um cachorrao velho, caramelo, peludo, descabelado, e passa o dia todo dormindo ali no chao em frente à livraria. Passa turista japones, passa turista alemao, passa lambreta, passa microonibus, e ele nem se mexe. Passa cachorro, ele levanta a cabeça, observa o bicho se aproximar e depois ir embora, e volta a dormir. Mas quando toca o sino de uma igreja qualquer, coisa que acontece quatrocentas vezes por dia, devido ao numero de igrejas da cidade, ele começa a uivar feito um louco. Deitado.

Caes sao TAO mais divertidos e nonsense que gatos.

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Sem querer ofender ninguém: japones e polones sao a gente mais ‘clueless’ do planeta. Sao os unicos turistas que entram na loja e começam a falar com voce na lingua deles. Tipo assim, nao tem NADA em comum entre a lingua italiana, ou mesmo a inglesa, e essas linguas, nao é possivel que nao percebam que a comunicaçao assim nao rola! Fora que entram, a gente diz ‘buongiorno’ e eles nem olham pra tua cara. Eu nao sei como é ‘oi’ em polones (alias, sei, porque estudei com varios poloneses em Perugia), mas se eu entro num lugar onde nao conheço a lingua e alguém me diz alguma coisa e me sorri, é OBVIO que é uma saudaçao, concordam? E se eu nao sei responder com palavras, respondo com um sorriso. Esses nao. Esses entram, nao te olham, conversam entre si e vao embora, sempre sem te olhar. Um dia eu ainda taco um pao italiano sem sal de 1 kg na fuça de um.

***

Ontem entregaram tres porcos lah no escritorio. Explico: as unicas coisas que sao entregues a domicilio aqui sao bichos e lenha – é claro, voce nao iria querer trazer uma duzia de galinhas recém-compradas dentro do seu carro. O escritorio onde eu trabalho depois de sair da loja é na casa do chefe, uma besta quadrada ignorante grosso mal-educado imbecil caipirao metido vestido de mafioso que o Mirco conheceu jogando futebol. Pois é, essa besta quadrada abriu essa firma de cartuchos remanufaturados pra impressoras dentro de casa, uma casa grande num terreno grande. Como aparentemente todas as casas por aqui, a dele também é uma casa complicada; aqui tem sempre um parente que mora no andar de baixo, uma avoh que também usa o terreno, etc. Aqui na casa do Mirco, um terço da casa pertence a uma filha da piiiii de uma tia do Mirco que se recusa a vender o terço dela pros pais do Mirco, donos dos outros dois terços. Na casa/escritorio/almoxarifado/oficina de remanufatura de cartuchas, a complicaçao é essa mesma: uma casa multi-uso, que eu custei a entender. O banheiro que nos funcionarios usamos é o banheiro normal dos donos da casa. A casa em frente, que usa o mesmo terreno, é de um tio. Cada casa tem seu cachorro, mas o resto é meio propriedade em comum. Ontem me chega esse caminhao com esses 3 porcos enormes, que vao ficar engordando até a hora do abate num chiqueiro improvisado, entre o almoxarifado e o pasto dos cavalos.

Roça é isso aih, meus amigos.