O show foi legal. Eu

O show foi legal. Eu nunca tinha visto o Mango na TV, e não tinha muita idéia de como era a cara dele. O cara tá há uns 20 anos na estrada, tem sempre alguma música tocando nas rádios. Tem uma voz rouquinha, gostosinha, embora de vez em quando dê uns agudos meio nada a ver. A música é bem comercialzinha mermo, mas tem algumas bem bonitinhas – recomendo Bella d’Estate, Mediterraneo, e a minha preferida, La Rondine.

O show foi na praça principal de Foligno, uma cidade bem antiga a uns 15 minutos daqui, indo na direção de Roma. No verão rolam esses shows na praça, com ingressos a preços módicos – e organização igualmente módica, sem nenhuma placa ou sinalização, nada. Demos mil voltas até chegar à praça, porque além das ruas do centro histórico que normalmente são fechadas ao trânsito, havia outras bloqueadas pra impedir que neguinho chegasse à praça por outros acessos, sem pagar. A praça é uma gracinha – aliás, a cidade é bem bonitinha. O palco, pequeno e simples, foi montado tendo a igreja principal da cidade à esquerda, e o prédio da prefeitura à direita. Várias botegas antigas rodeiam a pracinha – uma farmácia, uma padaria, uma loja de roupas íntimas, uma de artigos pra presente. No passado provavelmente eram locais de trabalho de sapateiros, alfaiates, ferreiros. A metade da praça em frente ao palco ficou reservada pro pessoal que comprou ingresso de cadeira; nós, com nossos ingressos tabajara, ficamos em pé, na metade de trás. No fundo da praça, atrás de nós, um monte de gente na janela de casa assistindo ao show, que nem neguinho que fica pendurado no viaduto no Rio pra ver o desfile das escolas de samba sem pagar ;)

O show começa com meia hora de atraso. Mango é um cara pequenininho, mirrado e cabeçudo – um paraiba napolitano. Dança fazendo aviãozinho, que nem jogador de futebol comemorando gol. Canta uma música – La Mia Città – e depois começa a bater papo com o público. Boa noite, Foligno! Fazer show aqui já tá virando hábito, já somos amigos íntimos! (ele fez show lá ano passado). Canta outra música, depois para de novo e aponta pra um holofote no alto de um prédio da praça: olha, infelizmente vocês não estão vendo a iluminação do show perfeita, porque aquele cidadão ali não quis apagar aquele holofote… O pessoal começa a bater palmas e a vaiar, e logo depois o holofote apaga. O show continua; ele pára praticamente entre todas as músicas pra explicar as canções, pra bater papo furado, pra conversar com a platéia. Que figura!

O engraçado é que quando rolam essas coisas a cidade pára. O número de pessoas era super pequeno, mas tinha tanto guarda na praça, e tanta gente com camiseta “Security” ou “Staff” ou “Estate in Piazza” (linda a camiseta, queria uma pra mim…) que parecia que o Bush tava vindo visitar. Aliás, era lindo também o menino (aqui se diz “frego”) que tomava conta da entrada na parte fechada da praça. Um nariz divino!!! Pena que olhando mais de perto vi que ele fazia as sobrancelhas… Aliás, muitos homens aqui fazem as sobrancelhas, dá vontade de chorar. Esse, além de ter as sobrancelhas feitas, fumava. Ah, meu filho, assim não tem nariz lindo que compense…