programa indígena

Programa indígena de domingo às vésperas do Natal: ir ao Ipercoop, o maior centro comercial do centro de Hondur… do centro-Itália, pra comprar uma nova all-in-one da HP, em promoção por só 129 eurinhos (o Mirco tem um quê de japonês tecnológico, e trocou de computador e máquina digital de novo, e aproveitamos pra comprar uma impressora decente, que também é scanner e fotocopiadora). O shopping-supermercado abre às nove. Chegamos às dez e já havia engarrafamento na estrada. Estacionamos super tabajaramente, entramos no shopping e nos dirigimos ao supermercado. Longa fila de gente com carrinhos vazios, esperando ansiosamente pra entrar e gastar o décimo-terceiro. Nós, sem carrinho e sem grandes ambições consumistas, saímos furando fila, atrás de mais gente sem carrinho. Controlando o rebanho que entrava, um segurança fortão de rabo-de-cavalo e óculos escuros, se achando o rei da cocada. A galera impaciente, feito motorista de ônibus do Rio que não aguenta esperar o sinal abrir sem dar umas aceleradas só pra irritar todo mundo. Todo mundo reclamando, batendo boca, fofocando, rindo, comentando, trocando receitas, reclamando dos preços, dando dicas de produtos em oferta, reclamando do frio (que obedeceu às previsões meteorológicas e realmente começou ontem, como previsto há semanas). O segurança libera uma parte da galera. Corrida pra dentro do supermercado. Lá dentro, filas já homéricas, famílias com três, quatro, cinco carrinhos cheios de panetone. Vai gostar de panetone assim na China! (eu odeio).

Mesmo com metade da Umbria enfurnada no supermercado, conseguimos entrar, comprar e sair em 20 minutos. Incrível.

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Todo mundo sabe que as diferenças entre as regiões da Itália são abissais – e às vezes basta mudar de cidade. A Umbria, em particular, tem muitas diferenças internas: a parte de Terni, do lado de lá do Tiber, é mais perto de Roma, e o sotaque deles tem um quê de romano (p que vira b, t que vira d, f que vira v. “Capito?” vira “Gabido?”. Esqueci o nome do fenômeno fonético, foi mal.). Aqui na parte perugina se come torta al testo, aquela maravilha que já comentei aqui várias vezes, feito um pão achatado assado sobre uma plataforma de ferro. Na parte ternana, não sabem nem o que é. Em Città di Castello, mais pros lados da Toscana, eles comem uma coisa parecida com a torta mas que não é a mesma coisa, e se chama ciacia.

Quando eu falo que moro no Cambodja, é porque realmente o centro da Itália é um lugar muito atrasado em muitas coisas, até porque tem um pé no norte e outro no sul. A Lidia, simpática leitora do norte da Itália que lê meu blog em Português pra praticar a língua (e obviamente sofre com os neologismos, gírias e minhas maluquices linguísticas), outro dia me escreveu dizendo que certas coisas das quais reclamo aqui são inimagináveis pra ela também – citou o caso do espelho no armário, coisa completamente desconhecida aqui no Zaire e comum no norte da Itália.

É um país fenomenal, esse Zâmbia.

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Hoje é feriado, dia de N. Senhora. Eu não entendo nada de santo e não tenho a MENOR intenção de, mas acho válida a pergunta da Criss: se a Madonna concebeu hoje, comé que Jesus foi nascer dia 25? Muito caroço nesse angu, ou é burrice nossa?