Ando meio com a síndrome da Flabb. Primeiro que não tenho tempo mesmo de ficar sentada ao computador, nem pra escrever, que dirá pra ler. Ganhei uma outra turma, a tal de Petrignano que tinha incompatibilidades de horário que acabaram sendo resolvidas; aulas às terças e quintas, das seis e meia às oito da noite, num agriturismo. É legal porque o livro que eles usam (a professora que dava aula pra eles arrumou outro emprego e saiu da escola, por isso herdei a turma) é específico pra quem trabalha com hotelaria e turismo, superinteressante. Talvez eu herde mais uma turma, em Santa Maria, porque a professora que dava aula por lá, uma americana gordinha e simpática, foi mordida pelo basset da empresa e teve que ir ao hospital, e os médicos são legalmente obrigados a fazer a denúncia contra o proprietário do cão. A gordinha acha que o clima não vai ficar legal entre ela e a empresa e já deu umas indiretas de que não quer mais trabalhar lá. Eu já morei em Santa Maria e toda hora tenho que ir ao banco lá, ou entregar faturas, ou medir a pressão da avó do Mirco, por isso não seria um problema dar aulas lá.. A tal da americana vem de Castiglione del Lago, coitada, longe pra caramba, pra ser mordida pelo basset em Santa Maria degli Angeli. Tá fula da vida. Além disso a Bicha Pedagógica também renunciou, porque está ocupadíssimo com outras coisas business-related (ele é formado em Economia) e não dá mais conta da coordenação pedagógica. A maioria dos cursos dele termina em fevereiro ou março, e ele não sabe se vai continuar na escola e pegar novas classes. Melhor pra mim.
Com isso tudo, o cansaço vai acumulando, e não tenho forças pra fazer nada quando chego em casa além de comer um negocinho qualquer, tomar banho e chapar. Durmo mal, por n motivos, e acabo não descansando nunca. Vamos até cancelar a ADSL ilimitada, porque com todos os impostos e todas as roubadas que a Telecom te impõe, acaba saindo uma fortuna, e se ninguém em casa tem tempo de usufruir, não tem sentido. Como não temos tempo pra fazer todas essas contas, essa decisão também acaba se arrastando. A casa anda imunda, porque dou semi-limpadas nos micro-espaços de tempo que acho. Hoje passo o aspirador de pó voando, amanhã tiro o pó a jato, depois limpo o banheiro meteoricamente. Conseqüentemente, a casa nunca fica toda limpa ao mesmo tempo, porque quando chego no banheiro já tá na hora de limpar os vidros outra vez. Porre.
No meio dessa confusão toda, o único que tem tempo e pique pra organizar a viagem à Argentina é o Gianni, que trabalha longe mas praticamente não faz hora extra no início do ano, período de calmaria no mundo do cashmere. Eu, com a minha animação total e absoluta por essa viagem a esse país dos pampas cuja língua me enche os ouvidos de mel e cujos habitantes considero tão simpáticos, educados e humildes, fico mais que feliz em deixar tudo nas mãos dele. Vai na fé, Gianni. E arranje uns vôos internos bem baratinhos, porque senão com meu salário não consigo pagar tudo, e eu de orgulho ferido fico insuportável.