Então tipo assim. Domingo passado almoçamos na IKEA, compramos uns negocinhos (poucos, poucos mesmo) e fomos pegar mamãe no aeroporto. Eu tirei essa primeira semana de férias, mas arrumei outro trabalho temporário justamente nesses dias e acabou que ela ficou conhecendo Foligno inteira enquanto eu dava aula meio período. E nesse exato momento estou trabalhando de casa, orientando minhas alunas online enquanto elas fazem os exercícios que eu preparei. Vejam bem: a Comunidade Européia está me pagando pra chatar com as minhas alunas em inglês. Eu adoro isso. Tomara que dê frutos, porque o clima lá no trabalho tá cada vez mais pesado.
Sexta-feira passada fui jantar com os outros tradutores, só os que não estão no lado negro da força, lá em Foligno mesmo (tava tendo a Quintana, a festa da cidade, com torneio a cavalo etc). Fofocamos tanto que não me surpreenderia se a chefa tivesse amanhecido morta na cama só de mau olhado, coisa que infelizmente não aconteceu. Acontece que no mês passado o tradutor de espanhol e a de francês fizeram MIL LAUDAS, vou repetir, MIL LAUDAS, com 80 horas extra, vou repetir, OITENTA HORAS EXTRA, e a chefa pagou CINCO EUROS POR HORA, vou repetir, CINCO EUROS POR HORA. Se eu tivesse feito esse trabalho todo e me tivessem oferecido cinco euros por hora eu juro que dava um tapão daqueles que estalam. Cacetes estrelados, cinco euros por hora é quanto ganha o aprendiz de faxineiro do Mirco, do Uzbequistão, que mal fala italiano e mal sabe varrer o chão. Vai ser filha da puta assim na casa do chapéu. Então rolaram vários estresses, dos quais estou relativamente imune visto que trabalho sozinha no andar de baixo, mas fiquei tão, tão, tão irritada quando soube da história que passei o dia inteiro rangendo os dentes. Eu é que já deixei bem claro desde sempre que não faço hora extra de tradução nem que a vaca tussa, e se quiserem que eu faça qualquer coisa depois das seis ou nos fins de semana quero ser paga por lauda e não por hora (lógico que nunca me ofereceram). Sei é que eu tenho que sair correndo dali antes que exploda de tanto ódio por aquela vaca.
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Mudando de pato pra ganso, mas não tanto, aqui na Bota os escândalos são tantos e tão ridículos que nem parece que eu saí do Brasil. Pra vocês terem uma idéia, não consigo nem escolher um pra comentar. Vou deixar pra Daíza que ela adora essas comédias botenses.
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Os hominhos estão instalando o ar condicionado aqui em casa nesse exato momento. Tínhamos encomendado o serviço pra um amigo de um conhecido há TRÊS MESES, mas ele simplesmente parou de atender o telefone e não respondeu a nenhuma mensagem que lhe mandamos. Mirco recorreu à loja que nos forneceu os eletrodomésticos da cozinha, e no dia seguinte o tal amigo do conhecido ligou dizendo que os aparelhos tinham chegado e perguntando quando poderia vir instalar. Só lamento, quérido, quem mandou não saber trabalhar. Custava ligar pra dizer que tava ocupado e que não sabia quando iria poder vir? Ô raça…