Continuando o assunto de ontem, hoje quero filosofar um pouco.
Todo gordo é infeliz por ser gordo e gostaria de ser magro. Se um gordo vier dizer pra você que está ok com o seu corpo, não acredite. É mentira. Ninguém, por mais hippie que seja, passa incólume pelo bombardeio antigordo, pró-magreza que há anos reina na nossa sociedade. Teria que ter um sangue de barata que nem um psicopata tem; não acredite.
Logo, todo gordo gostaria de ser magro. Mas esse ano (2011) eu me dei conta de que a ambição número 1 do gordo não é ser magro, é se libertar da alma gorda, da escravidão da comida e do trabalhão que dá perder peso. Só que eu não tinha organizado isso direito na minha cabeça. Só fui pensar seriamente no assunto quando li esse livro da Geneen Roth.
A história dela é mais ou menos a seguinte: depois de uns 30 anos de altos e baixos de peso, alternando dietas e pés na jaca, ela decidiu que não queria nunca mais fazer regime na vida, não aguentava mais. Passou um mês à base de cookies, só cookies, que era o que ela tinha vontade de comer. Engordou um pouco, mas não tanto quanto ela imaginava que teria engordado. Depois de um tempo ela viu que cookie não era uma comida mágica que resolvia todos os problemas do mundo enquanto era comido; a vontade de comer cookies passou e ela pulou pra outras comidas, cada vez mais saudáveis, até que se estabilizou no peso saudável dela (não o peso ideal no sentido de caber naquela calça que ela usava quando tinha 15 anos; um peso em que ela estava saudável e não precisava se esforçar pra manter). E então ela começou a desenvolver uma teoria sobre o ganho de peso, no caso das pessoas com compulsão alimentar: é a restrição que leva ao comportamento de binge eating (o pé na jaca). Na verdade nada mais é do que aquela velha história da grama do vizinho, do fruto proibido e tal. Tudo o que é proibido ganha, aos nossos olhos, um valor que na verdade não tem. Quando a sua dieta proíbe cookie, em um dia de leve descontrole emocional a primeira coisa que você vai ter vontade de comer é cookie, desesperadamente, como se comer um cookie resolvesse todos os problemas da sua vida no instante em que você está comendo o bichinho, e você vai comer todos os cookies que estiverem na sua frente, até vomitar. Pelo mesmo mecanismo, quando você decide que vai começar a dieta na segunda, no domingo você come feito um javali, como se pudesse estocar o prazer de comer pra usar durante a dieta, onde prazer não há.
Eu chorei rios lendo o livro, porque só um comedor compulsivo entende as maluquices de outro comedor compulsivo. Eu já fui pra garagem comer sorvete escondido da faxineira. Uma leitora da Geneen jogou fora um pacote de biscoitos mas voltou no outro dia pra pegar o pacote do lixo – detalhe, havia chovido durante a noite, então estava tudo ensopado e murcho – e comeu. O gordo come escondido de todo mundo, inclusive de si mesmo. O gordo perde horas planejando as escapadas, que desculpas vai dar pra se esconder num canto pra comer, as oportunidades de comer isso ou aquilo quando for aqui ou acolá, quando sabe que vai viajar fica semanas sonhando com as comidas que vai comer, fica nervoso quando tem comida proibida perto mas outras pessoas também, de modo que não pode cair de boca mas tem que esperar o pessoal sair, e, pior do que tudo isso, perde horas se sentindo o cocô do cavalo do bandido depois de ter comido o que não devia. Como me disse uma amiga, isso não é vida! Essa escravidão tanto da comida quanto da tristeza por comer demais é absolutamente terrível, desgastante. Desgastante. É uma coisa que consome uma quantidade enorme de tempo e de energia. É horrível, e é disso que o gordo quer fugir. O gordo quer usar o seu tempo e a sua energia pra fazer outras coisas que não comer, sonhar com comida, se sentir mal porque comeu, planejar as começões desenfreadas, planejar as desculpas, planejar a dieta, pesar comida, comer a comida que deve comer enquanto sonha com a que gostaria de comer. Porque, muito simplesmente, há coisas melhores pra se fazer na vida.
Por isso a técnica da Geneen envolve, entre muitas outras coisas, legalizar todas as comidas. Ela diz que quando fala isso nos workshops que organiza pra comedores compulsivos as pessoas entram em pânico. Como assim, elas se perguntam, como assim não existem comidas proibidas? Como assim, posso comer o que quiser? Eu vou comer até morrer! Não posso!
Pode, diz a Geneen. Um dos exercícios que ela dá consiste na pessoa comer uma comida que não come há anos porque é considerada proibida. Sei lá, um Cinnabon, por exemplo, aquela coisa medonha que americano adora e que tem mais calorias do que todas as refeições que um etíope come em um mês inteiro. Aí a mulher, que sonha com Cinnabon há anos mas há anos se proibiu de comer porque engorda pra cacete, a mulher que passa na frente da loja de Cinnabon quase chorando, sentindo o cheiro, a mulher que diz não quando alguém lhe oferece um Cinnabon mas só às custas de muita, muita disciplina, essa mulher vai lá e compra o Cinnabon, senta à mesa, se concentra pra curtir o momento, dá uma mordida… E não acha muita graça. Normalmente essas comidas proibidas acabam sendo muito menos gostosas do que a gente imaginava, pelo simples fato de que era a proibição que as tornava tão deliciosas na nossa imaginação.
Outras coisas importantes: só comer sentada, sem nenhum estímulo externo (TV, livro, música, computador etc), pra você realmente apreciar o que está comendo (pra mim essa é uma das coisas mais difíceis); treinar o cérebro a não desviar o olhar nem lançar desaforos quando se olhar pelada no espelho, um pouquinho a cada dia (essa, então, é impossível); aprender a diferenciar fome de craving (segundo ela, as pessoas nos workshops começam a rir quando ela diz isso, porque não sentem fome há anos, visto que passam o dia inteiro comendo) e a só comer quando se está com fome; só comer até a fome passar; e, o pulo do gato, quando estiver com fome, parar, pensar, definir EXATAMENTE o que você quer comer naquele momento, e comê-lo. Acordou de manhã morrendo de fome, parou pra pensar e decidiu que quer sorvete? Come sorvete. Ou frango assado? Come frango assado. Ou cookie? Come cookie. O lance, segundo ela, é comer sempre exatamente o que você está com vontade de comer, porque senão acontece o que eu sei que acontece mesmo porque comigo rola toda hora: você come o que sabe que DEVE comer e depois, não conseguindo tirar a comida desejada da cabeça, come a comida desejada TAMBÉM, cheia de culpa.
O livro tem um monte de exercícios e é muito interessante, e os depoimentos de outras pessoas com o mesmo distúrbio é muito reconfortante, porque você entende que a sua maluquice não é só sua, ou seja, não é maluquice, é uma doença propriamente dita. Não tem cura, porque é que nem alcoolismo e dependência de drogas ou jogo ou qualquer outra coisa: você pode nunca mais botar uma gota de álcool na boca, mas vai sempre continuar a ser alcoólatra, pois vai ter que passar a vida se controlando pra nunca mais botar a tal gota na boca. Não existe ex-alcoólatra, não existe ex-drogado, não existe ex-gordo. Existe alcoólatra controlado, drogado controlado, gordo controlado. Mas o controle é possível, pelo menos segundo a Geneen – e também segundo a dieta low-carb high-fat que a Maria mencionou, porque as gorduras boas mantêm os cravings sob controle. Teoricamente. Vamos ver qual caminho vai ser melhor pra mim.
Só me diz se a autora escreve bem como você que eu compro. :)
Uau, voltou e tem comentarios!
Legal
Lets, aqui no Canada fizeram um experimento com uma comunidade aborigine, onde os indices de diabetes tipo 2 e obesidade eram extremamente altos – a galera adotou a dieta aborigine tradicional (carne, frutos do mar e legumes cruciferos – basicamente quase zero carbs) por 1 ano. Os resultados sao animadores, muitos nativos conseguiram controlar a diabetes a ponto de nao precisar mais de medicamento pra mesma.
Isso faz muito sentido para os povos indigenas daqui, ja que essa era basicamente a dieta que eles seguiam ate uns 50 ou 60 anos atras.
Espero que ce ja esteja melhor da gripe!
Acompanho teu blog periodicamente e tbm morando na bota posso entender a engortitudine que vivemos por aqui. Diferente da tua dinâmica semi-cosmopolita (sure because everything here is just “semi”), minha vida neste fim de mundo è muito entediante (leia-se engordante). Nao tenho trabalho, nem patente pra poder me deslocar pros feudos semi-desenvolvidos vizinhos, enfim…
Uns 30 kilos depois encontrei um livro bem bacana que me ajudou a depurar nao so a gordura mas tbm os pessimos vicios alimentares. http://www.skinnybitch.net/
Espero que vc goste!
Bjokas
Fe
Pelas criticas que eu vi na amazon sinceramente nao achei grandes coisas nao… Eu nao tenho pessimos habitos, eu sou compulsiva, a coisa ê bem diferente. Assim que essa merda de gripe passar e eu tiver energia pra sentar e escrever vou falar de um livro que acabei de ler e que aparentemente é o oposto de skinny bitches. Você mora onde aqui no Zaire? Beijocas
Desde 2005 tento aceitar que moro no Veneto…rsrsr.
A principio o livro parece uma grande babaquice, sinceramente, pela resenha tbm nao me interessou muito, nao tenho perfil radical pra nada, entao a badeira Vegan nao me encanta nem um pouco. Porém o resultado è visivel ja foram pro espaço uns 18 kilos desde abril/2011. Adaptei-me muito mais rapido do que imaginei, como moitoooo e a sensaçao de saciedade é garantida, o q conta d+ pra mim. Esse papo de filezinho com folhas de alface nunca me convenceu. Espero q vc tenha muita perseverança, pq nao sei vc, mas eu, conheço EXATAMENTE, o q devo ou nao fazer pra emagrecer, o q falta na maior parte das vezes é o “up”. Muitos up’s pra vc, bjokas 1000.
Tè+
Fe
Come muito o quê, meudeus? Socorro, estou ficando confusa com tanta informação…
Tudo q nao for bicho, tudo q nao contém, mel, leite e derivados, carnes, ovos e peixes, direta ou indiretamente, è cair de cara nos cereais sem dò nem piedade…rsrsrsr te linko mais informações perae: http://www.youtube.com/watch?v=DABp_nggMPI
http://www.vegetarianocomeoque.com.br/
Foi o q encontrei por agora mas vc encontra milhares de informações a respeito, minha medica de base é “tifosa” dessa escolha, disse q nao sò emagreceríamos como tbm teríamos muita mais saúde e ela teria muito menos trabalho se os italianos deixassem de se entupir de salumi e formaggi. Eu sinto q encontrei o caminho das pedras, o meu pelo menos, né?
Esse site vegetarianocomeoque é muito bom, de vez em quando vou lá dar uma olhada só de curiosidade.
Mas, Fernanda, os europeus todos comem queijo pra cacete e vivem pra caramba, como é possível isso?
Encontrei uma revista bacana tbm, da uma olhadinha: http://issuu.com/marcoclivati/docs/vegetarianos03
bjo
Aí, meninas, estou anotando as dicas de livros, porque o negócio aqui está feio…. Nao me emendo nem por um decreto. A última dieta que fiz se chama Metabolica e nao comi carboidratos por um bom tempo (ô dureza!). Nao sei se consigo voltar pra esse campo de concentraçao de novo… Antes eu tinha tentado o Schlank im Schlaf, que alguém mencionou aí embaixo e vou ser sincera, foi a dieta que mais me agradou nesta minha longa existência gorda. Faz sentido e emagrece e você come um monte de coisa que é gostosa… Basicamente sao 3 refeicoes ao dia: carbo no café, almoço uma mistura de proteína e carbo e à noite só proteína, vegetais liberados em todas as refeicoes. 5 horas de pausa entre cada refeicao.
Boa sorte a todas!
Genial essa teoria! Todas as vezes que eu fiz dieta, eu acabava comendo alguma coisa que nao podia e pensando “hm, nao valeu a pena.” Mas claro, ai eu ja tinha comido.
E se a pessoa continuar comendo muito, mas for mudando para comidas mais saudaveis? Como eu ja disse, eu gosto eh de biscoito, mas se eu comer uma fruta antes, sobra menos espaco para o biscoito. E se eu comer um montao de castanhas, o craving por pao ou por batata frita diminui muito. Um chocolate amargo eh melhor do que um sorvete de gordura hidrigenada, digo, de chocolate. E nesse processo, acho eu, os habitos vao melhorando, a qualidade da comida, a nutricao… E eh uma mudanca de longo prazo, sustentavel, diferente de dieta.
Isso faz algum sentido?
(alem, eh claro, da analise, como ja disse a Maria. Eu entendo que a comida eh so um sintoma do problema, e nao o problema. Mas acho que tem uma parte fisica que eh quando o nosso corpo se acostuma e fica dependente das porcarias…).
PS: Esse comentario nao fez nenhum sentido, ne? Mas nao vou apagar, agora que escrevi :) Beijos, boa noite!
Barbara, acabei de ler Deep Nutrition, um livro indicado num thread de comentários de um review na Amazon, e quase morri. Lê que você vai gostar. TUDO FEZ SENTIDO.
Pois eh, dieta paleolitica eh a parada! :) (Na verdade, nao sei se eh exatamente isso que fala o livro, mas eu acho que eh sempre bom tentar comer como as pessoas de antigamente). Estou esperando seu post sobre o livro. Beijo!
Sou baleiaça, quero deixar de ser. Como as comidas que quero e não sou muito obcecada por comida… Sou atípica. Estou atacando a gordureba com exercícios extenuantes e praticamente diaários. Meu personal sofrimenter me mandou comer pepino e pimentão o dia inteiro (dietinha “eu me odeio”).
Acho que vou de cenouras e mexericas…
Um dia a gente chega lá!
Ah, eu uso biquini… Visão do inferno, mas eu uso!
Ai, que raiva, escrevi um monte e fechei a página sem querer.
Queria dizer que achei o teu texto bem corajoso! Minha relação com a comida é super conturbada e eu tenho problemas até de falar sobre isso. É um vício do qual eu tenho vergonha. O que me ajuda bastante é fazer esporte até cair de cansada. Mas essa luta diária cansa horrores. Eu sou tão fixada nisso que qdo vejo fotos minhas sempre, SEMPRE penso: aqui eu tava magra, aqui eu tava gorda, ah, aqui eu tava entrando naquela calça, vixe, como eu tô gorda aqui…. Eu sou a rainha do efeito sanfona. E isso cansa a minha cabeça, parece que eu começo a entrar num parafuso.
O método dessa moça talvez não funcionasse comigo porque eu tenho um sério problema com chocolate e sorvete. Esses dois ativam um lugar bem doido do meu cérebro que me faz sair na maior nevasca pra ir comprar mais no supermercado. Li uma entrevista com a Angélica onde ela diz não comer chocolate há uns 8 anos porque não controla. Às vezes eu libero geral e penso que eu nem tô tão gorda assim, que quase todas as minhas amigas estão mais gordas do que eu e nem são infelizes blá blá blá. Mas aí qdo a roupa começa a apertar eu fico numa infelicidade danada e com muita raiva de mim mesma por não saber me controlar. Ai, que vida. Neste momento eu tô numa fase de transição para o magro, fazendo muito esporte. Mas se for como sempre foi na minha vida, é só uma fase até eu engordar de novo e começar do zero again, and again, and again ad infinitum…
Ah, e mais, acabei de ler o port anterior e é mesmo verdade! Qdo corto a farinha me sinto muito mais cheia de energia! Emagreci muito com o método “Schlank im Schlaf” (emagrecer dormindo) que nada mais é do que não comer nada entre as 3 refeições e cortar qqer tipo de carboidrato à noite (nem cenoura pode). Como eu gosto muito de peixe e salada, era o que reinava aqui em casa… E a minha vontade absurda de pão eu guardava pro café da manhã. :D
Rs. eh que nas raras fotos tuas que eu ja vi, inclusive essa pequena do teu avatar, vc nao parece nada gorda (mesmo nao dando pra ver quase nada).
Eu entendo a relacao de odio que vc tem com o teu corpo, pq comigo sempre foi a mesma coisa.
Tambem sempre fui gordinha a vida toda : (
Biquini ????? Eh de comer, isso ?
Lembrei agora de uma entrevista da Cassia Kiss contando que na epoca em que era ultra vegetariana, foi convidada para um jantar na casa da Marieta Severo e levou a propria comida ; ) Ate ela achou graca nisso.
Tambem ja comecei e parei os Vigilantes um monte de vezes. De uma das ultimas vezes, ja tinha conseguido emagrecer bastante, mas bastaram 30 dias de ferias e um “depois eu corro atras do prejuizo”, pra colocar tudo a perder.
Agora estou fazendo de novo e devagar eu chego la ! Comigo o processo eh lento, mas nao vou desistir pq na minha opiniao, apesar de nao existir dieta milagrosa, o VP ainda eh a melhor opcao.
Agora em janeiro eles criaram um novo programa, onde voce pode escolher alguns dias da semana para comer ate ficar satisfeita, sem ter que contar pontos e nem anotar no diario.
Eu particularmente jamais poderia fazer uma dieta tao restritiva. Entendo quando a pessoa tem uma alergia alimentar seria, intolerancia a gluten, etc. Mas sem uma doenca concreta, acho um sacrificio ate desnecessario.
Nao estou julgando quem faz, na verdade eu ate admiro o esforco !
E boa sorte pra todas nos !
Eu acho que essa moca tem certa razão na teoria dela. Eu faço isso às vezes, mando ver, como pães deliciosos, e depois volto ao normal. Agora, antes de eu mudar meu jeito de comer, eu fiz um tratamento psicológico cognitivo pra entender justamente como todos esses meus processos emocionais sempre me levavam à comer demais. E descobri que meu problema NÃO é comida, mas outras coisitas mais profundas, das quais não falaremos aqui. Os encontros com a minha terapeuta era ótimos porque falávamos de tudo – menos de comida! A comida é um sintoma, nada de mais. O tratamento me ajudou a me enxergar como eu sou, colocar essa coisa da comida em perspectiva, e tentar melhorar minha auto-estima, não apenas meus hábitos alimentares. (Sei que parece papo de auto-ajuda barata de banca de jornal, mas é a pura verdade. Esse tratamento salvou minha vida).
O problema quase sempre não é comida, impressionante, né? Cada um desenvolve um método pra lidar com os problemas; infelizmente o gordo cai de boca, literalmente, nas porcarias alimentares várias disponíveis por aí. Estou fazendo psicoterapia também mas não está ajudando muito. De vez em quando fala-se de comida, até porque ele é diabético então entende bem as dificuldades de seguir uma dieta restritiva, mas no geral acaba-se mesmo falando de tudo. Depois te escrevo com calma contando o que me espera na semana que vem.
Uma curiosidade : voce eh gorda de verdade ou eh uma magra que se sente gorda ?
Eh so de curiosidade mesmo, pq de qualquer forma vc tem que fazer o que for importante pra vc.
Bem, lendo tudo o que vc escreveu, para mim me parece uma “loucura” alguem tentar esse tipo de alimentacao a longo prazo.
E a vida social ?
Vc eh convidado pra jantar na casa de alguem, como faz ?
Vc ja tentou Vigilantes do Peso.
Tbem estou na luta, mas faco VP.
Gorda mermo, filha. Nunca fui magra, nunca, a minha vida toda eu sempre estive acima do peso, sempre tive uma relação de ódio e ódio com o meu corpo, que desprezo com todas as minhas forças, e não uso biquini desde que tinha uns dez anos.
Loucura não é; tem milhões de pessoas por aí com algum tipo de intolerância que acaba criando uma dieta bem restritiva. Eu tenho uma amiga intolerante à lactose; na pizzaria ela tem que especificar que não pode botar mozzarella na pizza dela e nos restaurantes não pede pratos com queijo. Tenho uma aluna com doença celíaca bem séria; quando come fora pede sempre uma proteína com salada ou então vai aos poucos restaurantes da zona que oferecem pratos sem glúten. No meu caso, se sou convidada pra comer na casa de alguém, ou já vou jantada ou então levo a minha própria comida. Todos os meus amigos sabem exatamente o que eu estou fazendo e por quê, ninguém se escandaliza ou ofende porque eu tenho que comer diferente dos outros.
Já fiz Vigilantes e sei que funciona, conheço dezenas de pessoas que nunca mais engordaram fazendo VP. Eu fiz três vezes mas não levei a sério; obviamente, qualquer método de perda de peso na verdade funciona, desde que você o siga… Comé que tá indo com os Vigilantes?
Esse exemplo do Cinnabon me lembrou de quando meu marido parou de fumar. Foi fumante por 20 anos e resolveu parar há 4, sem chiclete de nicotina, sem remédio, sem nada. Depois de uns 2 meses, filou um cigarro de alguém e falou que nao foi aquela delícia toda. Desde entao, nunca mais pôs um cigarro na boca…
A parte mais complicada de lutar contra a compulsao por comida é que, ao contrário do cigarro, da bebida e seja lá o que for, se vc parar completamente de comer, morre.
(E aquela mulher que dizia viver de luz nao era exatamente uma sílfide, né?)
Exatamente, Camila – o gordo passa todas as suas waking hours lutando contra a própria vontade de comer, porque toda refeição, e comer é obrigatório pra sobrevivência, é uma luta de titãs: a sua vontade de comer besteira contra a sua força de vontade pra não comer. Ninguém merece, né?