caldo

O calor está de matar, literalmente. Velhinhos já começam a sucumbir. Vento fresco é só uma memória longínqua. O sol frita, sinto meus melanócitos se agitando, doidos pra exocitar melanina, mas o escudo solar fator 60 não deixa. Todo mundo desfilando bronzeados de pescador, artificiais ou não, Mirco com os braços, a cara e o pescoço pretos mas o torso branco onde a camiseta cobre, e eu amarelinha como mamãe me fez. Adoro.

Mas como eu dizia, o calor. O calor!!! Tudo bem que dura só um par de meses, em vez de quase o ano todo como no Rio, mas exatamente por isso aqui ninguém está preparado pra essas temperaturas. Ar concidionado praticamente só no cinema e no supermercado, de preferência nas vizinhanças de queijos e iogurtes. O resto, meus queridos, é senegalês mesmo. Aquele bafo quente dos diabos quando você bota a cara na rua. Aquela sensação de estar copiando o destino do frango prestes a ser assado, quando você entra no carro fervente. Uma coisa enlouquecedora. De manhã cedo já estamos nos 30 graus, à noite não se dorme, outro dia acordei de madrugada sozinha e fui encontrar Mirco dormindo no chão da sala, que é piso frio. Não vemos ninguém na rua antes do pôr-do-sol, porque não dá pra sair de casa. Me sinto na Sicília. Ou no sul da Espanha. Uma modorra diária, que consome as forças. Não quero fazer nada além de dormir. Nem isso, porque acordo com as costas úmidas de suor.

Temos que comprar mais água mineral.