o pulso ainda pulsa

Segunda-feira cheguei em casa do trabalho como um zumbi. Eu sou hipotensa por natureza mas nunca tenho crises de pressão baixa que me derrubam; a última vez foi há muitos anos, depois de doar sangue em um dia particularmente quente na Tijuca. Então quando cheguei em casa meio morta daquele jeito achei que era queda de pressão. Só que depois comecei a sentir dores no corpo todo e uma fraqueza tremenda – logo eu, que trabalho tanto e faço tantas coisas (porque eu sou preguiçosa, mas depois do empurrão inicial ninguém me segura). Fui dormir cedíssimo e acordei na terça banhada de suor e com uma pontinha residual de febre. Fui trabalhar assim mesmo porque a J. estava de férias até quarta-feira e tinha muito trabalho a ser feito. Fiz tudo o que eu precisava entregar durante a semana, porque já previa que não conseguiria sair de casa no dia seguinte.

De fato, na quarta tive que sair pra resolver umas burocracias urgentes mas bastava dar dois passos pra eu me sentir cansada e com falta de ar (falta de ar!!! Nunca soube o que é isso!). Fui à minha médica vesguinha e ela diagnosticou uma virose, e deu o veredito final tipicamente europeu: deve ter sido uma “ariata”, um golpe de ar, porque eu devo ter dormido com a janela aberta. Tipo assim, eu entendo a Arianna, que mal sabe escrever, soltar uma coisa dessas, mas uma médica dizer que eu peguei vírus porque dormi com a janela aberta dá vontade de chorar. Mas ela me mandou ficar em casa até sexta, então aqui estou eu.

Ontem de manhã liguei pro escritório pra avisar que não volto antes da próxima segunda, e pedi às meninas do Planning pra me mandar a tradução que eu deveria entregar na segunda e que eu já tinha começado na terça. Avisei que iria tentar fazer em casa, devagarzinho, porque quando fico muito tempo na mesma posição os músculos doem muito, e ficar olhando pro computador por horas também não ajuda. O dia passou e nada do e-mail chegar. Às oito da noite me liga o D. dizendo que me botou a tal tradução e mais duas, num total de quase 50 laudas, pra segunda. Fiquei passada: se eu estivesse em condições de fazer as 30 laudas por dia que faço em média no escritório, eu não estava em casa, estaria no escritório, né, fofo! Eles acham que pra compensar os meus três dias de férias por doença, aos quais tenho direito por lei, eu tenho que trabalhar no fim de semana. Vai tomar no cu! Que gente, que nojo, que tudo! Não vejo a hora de mandar tudo à merda.