clausura

É estranho ficar em casa o dia todo. Sem falar com ninguém, em silêncio. Não tenho ligado a TV nem ouvido música, porque tive aquela revisão e uma tradução no começo da semana e agora tenho que estudar. Só falo com a menina do balcão do pão no supermercado e com o Mirco na hora do almoço; de resto passo o dia muda. É muito estranho, principalmente pra mim, que falo pelos cotovelos, inclusive quando não interessa a ninguém o que eu tenho a dizer. Ontem à noite o vizinho de baixo (não o carabiniere com cara de peru, o vizinho de trás) deu um festão que foi até meia-noite e meia, e foi tão esquisito! Porque já está frio o suficiente pra eu deixar as janelas fechadas, e a casa vira uma bolha, isolada acusticamente. Às vezes falo sozinha, relendo um pedaço do livro de Marketing que não entendi direito, e minha voz soa estranha.

Não vejo a hora de poder começar a trabalhar normalmente, pra falar com clientes pelo telefone, pelo menos de vez em quando.