as flores não morrem

As abelhas estão sumindo no mundo inteiro e blah blah blah, mas parece que aqui em Bastia elas ainda estão na ativa. Pelo menos na minha varanda. Gostam de uma planta suculenta em particular, uma que cresce toda torta pra um lado, a ponto de eu ter que apoiar o vaso numa parede pra ela não tombar com o peso. O que raios se passa na cabeça da bichinha, meudeus, não tá vendo que não tem sentido crescer pra um lado só! Sim, tentei virar o vaso, tentei botar um pauzinho e amarrar os ramos tortos, mas a bicha é danada e até agora resistiu a todas as minhas tentativas de endireitamento. Deixei pra lá.

Mas eu tava dizendo é que as abelhas adoram as miniflores dessa tal planta, que não sei nem como se chama. Hoje fui à varanda pra podar os cravos e esses também tavam completamente abelhosos. Melhor podar à tardinha, quando as abelhas vão mimir.

Aliás, eu já enalteci meus cravos aqui pelo menos uma vez, e vou fazê-lo de novo porque eles merecem: ô planta guerreira, rapaz! O tempo anda uma bosta desde o início do mês, chuva, nublado, sol e vento se alternando durante o dia, uma coisa meio britânica, sabe, cada aguaceiro bizarro, depois um solzinho esquisito, depois um mormaço bunda, depois um chuvisco que nem molha, depois um vento que leva embora até os teus pensamentos. As outras plantas andam meio estressadas com essa maluquice meteorológica, pelo que eu percebi, principalmente as azaléas que meus colegas de turma trouxeram quando vieram jantar aqui no mês passado. Já adubei todo mundo e acho que agora elas vão dar uma acalmada. Mas os cravos, vou te dizer… Não tem santo que lhes dê mau humor! Dão flor o ano todo, não sujam a varanda porque nem flores nem folhas caem, mal precisam de adubo… Minha dica pessoal é podar, podar, podar. Nada de peninha: o ramo começou a ficar feio, corta sem dó! Se não cortar logo vai acontecer o que acontece comigo, que sou uma monga sentimentalóide: o ramo vai ficando feio e seco mas dá flor mesmo assim, e depois que dá flor você não tem mais coragem de cortar, e fica aquele murundu de ramos compridos com cara de secos, folhas amareladas horrorosas e as flores lindinhas na ponta. Como narizes na ponta de verrugas, digamos assim.

Outra coisa importante é adicionar mais terra de vez em quando, porque as raízes dos cravos são power e ocupam tipo todo o espaço do mundo. Externamente a planta não te dá nenhuma indicação de que está sofrendo por falta de terra, mas se você tirar a bicha do vaso vai ver que não tem mais um grãozinho de terra dentro, é tudo uma massa sólida de raiz. Muito bizzarro.

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Enquanto isso, mudei meu cactus mais velho de vaso. É um cactus com folhas cactosas, e não tipo bolinha, e sempre foi o primeiro a florescer, de todas as plantas da varanda. De uma hora pra outra as folhas foram ficando amareladas, murchas e horrorosas. Não joguei fora porque não tenho coragem; minhas plantas são como bichos de estimação pra mim. Mas não sabia o que fazer. Mudei o vaso de lugar, botei pra dentro de casa, botei pra fora, botei na chuva, botei no seco, botei no sol, botei na sombra, dei adubo pra planta suculenta e nada. Resolvi mudar o bichinho de vaso quando vi o esforço hercúleo que ele tava fazendo pra fazer uma florzinha. Um botãozinho rosa-magenta na ponta de uma folha sã, na extremidade de duas folhas murchas (digamos que esse tipo de cactus é tipo uma solitária, saca, sim, o verme, com vários componentes que formam uma espécie de corrente comprida. Quando digo “folha” estou me referindo a um desses componentes). Fiquei com peninha, passei-o pra um vaso um pouco maior, com terra nova e adubada, cortei fora as folhas murchas e agora estou na espera. Vamos ver se o coitado se recupera.

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A planta da IKEA (ela tem nome, mas eu não lembro qual é; chamamos de planta da IKEA porque roubamos uma folhinha na primeira vez que fomos lá, há muuuitos anos, a Arianna plantou, cresceu, me deu duas folhinhas, plantei e cresceram) me deu um susto danado nesse inverno. Eu tava sentada na minha poltroninha lendo um livrinho quando olho pra fora e vejo uma coisa marrom toda caída. Era a minha planta da IKEA! Quase tive um treco. Achei que fosse culpa minha, porque tinha passado as plantas do hall do elevador lá pra fora cedo demais, visto que ainda estava meio frio, e fiquei me martirizando. Matei a planta da IKEA! O mais estranho era o cheiro que ela emanava. Nunca tinha visto um negócio assim. Normalmente minhas plantas simplesmente morrem, não ficam moribundas e com um cheiro estranho. Mudei a coitada de lugar, cortei os ramos murchos e fedorentos – que por sinal eram muitos, porque até dois dias antes a planta estava um ESPETÁCULO de linda e folhuda e cheia de amor pra dar – e depois de ter podado tudo o que podia vi que tinha vários brotinhos saindo do tronco e dos ramos maiores, e alguns raminhos novos já todos verdinhos e frescos. Agora ela já tá melhor, já começa a encher de novo, mas continuo sem saber o que houve. Ou fungo ou vírus, imagino, mas não sei por que as outras plantas vizinhas não pegaram nada. Vai entender.

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Ah, e lembrem-me de botar a foto da Planta Azul aqui. Tô com preguiça de ir lá fotografar, mas quero que vocês vejam o antes (quando eu a comprei, há exatamente dois anos) e o depois. Primeiro porque a planta (outra suculenta) parece que veio de outro planeta de tão esquisita, e segundo porque ela cresceu moooito. Parece que esse ano não vai dar flores, mas no ano passado deu – são rosa fosforescente (tô falando que é meio alienígena) – e eu fotografei. É só questão de catar e subir. Quando eu tiver com saco.