Farmácia, comprando meu metotrexate. Enquanto estou pagando, uma moça jovem passa atrás de mim com um bebê micro no colo e uma menina de uns três anos dançando entre as prateleiras. Me viro pra dar um oi pro bebê e ele boceja; eu digo “nossa, estou exausto!” e a mãe responde: estamos desde cedo na rua, viemos ao pediatra mas demorou horrores, ela tá super cansada. Obviamente me ofereço pra segurar a neném enquanto ela paga e pergunto se ela usa sling; ela diz que tem, mas ainda não achou o jeito certo de usar. Ela paga, pega a sacola, continuamos a conversar sobre crianças, ela joga na minha cara que eu sou carioca, ela é de Osasco, ela diz “todo mundo diz que curitibano é fechado mas eu nunca tive esse problema”, eu confirmo “nem eu”, rimos juntas com a cumplicidade de quem fala até com as paredes sabendo que as paredes irão responder. Uma senhora mais velha que também viu a cena se aproximou e se ofereceu pra levá-la até o ponto de ônibus, e foi levando a neném no colo e a bolsa de fralda no ombro. A jovem mãe agradeceu com um sorriso franco, me abraçou – me abraçou! (e eu fedendo do balé), quase chorei, “Meu nome é Camila, prazer em te conhecer”, “Leticia, o prazer foi meu!”, elas foram batendo papo até a rua paralela e eu segui pra casa.
Tem dias em que o mundo é um lugar legal. Obrigada, Camila.
Leticia você parece que está numa fase bonita da tua vida mais sensível e espiritual (no teu jeito pragmático de ser)! Morei em Curitiba, muitos anos atrás e eu fui muito feliz alí também!.
Oi, Bel,
Não gosto do termo espiritual, porque parte do pressuposto que existe um espírito, coisa na qual, por falta de evidências, não acredito. Não acho que eu estou mais sensível não; a questão é que as poucas coisas que venho publicando são mais íntimas e pessoais do que eu publicava anteriormente. Mas sempre escrevi coisas desse tipo, e esses sentimentos sempre existiram em mim. Eu só não os compartilhava :)
Beijo!
Escuta e a “Senhora da Zacarias” você não encontrou mais? Curiosa pra saber como terminou o namoro com o italiano, será que ele fedia mesmo? KKKKK
O fedor nao é nada improvavel hahahahaha Eu a vejo na rua de vez em quando, mas ela nao me reconheceu e ficamos todos sem saber o final da historia.