A visita a Firenze foi meteórica mesmo. Trabalhei de manhã; Martinha me deixou na estação em Assis às 13:10, comi meu sanduichinho básico com suco de banana e maçã, peguei o trem das 13:30 direto pra Firenze (direto quer dizer que em vez de ir direto, ele vai parando em tudo que é lugar, feito cata-jeca). Cheguei a Firenze com um pouco de atraso por causa do trem, como sempre. Meia hora depois o shuttle do Sheraton passou na estação de S. Maria Novella pra me pegar. Fomos batendo papo, eu e o motorista (que é filho do dono da empresa de shuttle, que serve vários hotéis em Firenze), até o hotel ? o cara me contou a vida dele toda, já que eu não quis contar a minha. Desço do microônibus e vejo papai descendo do buzão com mais vários portugueses engravatados. Fizemos o check-in, subimos, batemos papo e lá foi ele sair de novo, pro jantar de apresentação do novo Fiat Idea (vi os depliants, é bem bonitinho). Eu fiquei no quarto, apesar do não frio, porque o hotel fica longe do centro. Fiquei vendo TV, coisa que não fazia há meses, e fazendo a tradução pro fotógrafo sem mão, usando o laptop do papai. Pedi jantar no quarto (filé mignon ao molho de pimenta rosa com arroz selvagem; vieram vários pãezinhos fresquinhos com manteiguinha, e grissini. Tudo acompanhado de uma Coca-Cola daquelas de garrafinha pequenininha), vi um filme chato com o Tommy Lee Jones e a orelhuda da Ashley Judd na TV, e dormi. Papai chegou lá pra meia-noite, eu acordei, ficamos batendo papo até quase duas da manhã. Depois custei muito pra dormir, com muita dor de cabeça, como aliás vem me acontecendo frequentemente ? a raiva e a irritação constantes me fazem fechar a mordida com muita força, o que me dá dores de cabeça e nuca lancinantes. Acordei destruída hoje. Tomamos um super café da manhã, como faço sempre que durmo em hotel, e logo às nove papai já foi pra reunião, eu peguei o shuttle de volta pra estação, fui aos correios pagar meu INPS, comprei mais meias coloridas na Calzedonia*, peguei o trem das 11, que veio parando em tuuuuuuuuudo que é estação, até umas mixurucas que eu nem sabia que existiam, andei a pé debaixo da chuva até em casa, desfiz a bolsa, sentei no sofá e fiquei parada olhando pra parede até a Marta chegar. Levamos a avó dela ao hospital de Assis pra fazer um Doppler venoso das pernas e viemos trabalhar.
Estou AAAAA MASSA FALIDA hoje, cansada, mental e fisicamente, com uma cara de quem voltou da guerra, com dor de barriga, cólicas menstruais que eu nunca tive, a dor de cabeça dentária de sempre, e nenhuma vontade de fazer nada. Meno male que o chefe hoje está fora.
Outra coisa que fiz e não fazia há muito tempo foi me olhar num espelho de corpo inteiro. Explico: essa modernidade de ter o espelho colado dentro da porta do armário, como no Brasil, aqui ninguém nunca nem ouviu falar. Quem quer espelho de corpo inteiro compra aqueles com apoio pra ficar em pé, pra ocupar bastante espaço, sabe. Desde agosto que só me vejo do peito pra cima, no espelho do banheiro. E me assustei. Tinha percebido, claro, que as calças estavam mais largas, e que várias outras nas quais eu não entrava há muito tempo me estavam caindo pelas pernas abaixo. Mas me assustei anyway. Os anéis também me caem, mas basta que me fiquem os dedos…
Hoje à noite rola um boliche com os meninos de Città di Castello. E eu com toda essa vontade de socializar?
*Agora, além das meias azul-marinho com vaquinhas malhadas, das meias azul turquesa com caranguejos laranja, da meia creme com ursinhos brancos, das múltiplas meias listradas, também tenho uma meia vermelha com patinhos laranja, uma preta com fantasminhas e abóboras halloweenescos, e mais três listradas pra coleção. Pena que a que eu mais queria, a dos patinhos abaixados mostrando a bunda pra nós, estava em falta. Que puxa.