Meu primeiro presente de aniversário chegou quinta-feira, vindo do norte da Itália. A Lidia, gentilíssima leitora italiana que testa tudo que é receita que eu boto aqui, me mandou um espetacular par de meias cor creme com vaquinhas, que infelizmente não fotografei porque já foram usadas e estão penduradas na corda pra secar.
Na sexta-feira rolou o balacobaco básico aqui em casa, com FeRnanda e Fabião e Renata e Stefano. O strogonoff ficou bom, o guaraná acabou, o vinho tava ótimo, o bolo ficou uma bosta porque só lembrei de botar o fermento quando o bicho já tava na forma, mas a serata foi ótima. Batemos muito papo, rimos, fofocamos, e acabei ganhando mais dois presentes, além da companhia dessas pessoas maravilhosamente normais e educadas que eu dei a imensa sorte de conhecer aqui no interior do Burundi: uma vela-potpourri da Renata, e uma coleção de meias (claro!) coloridas da FeRnanda.
Sábado passei a manhã dividida entre passar toneladas de roupa, falar com meu pai, minha mãe e minha avó no telefone, e ouvir o último CD do Live (ótimo, mas falarei mais dele aqui quando tiver ouvido mais vezes) que eu me dei de presente quinta-feira passada. Lá pra hora do almoço chega o moço das entregas de uma floricultura tabajara de Torgiano: Mirco tinha me mandado um ficus (eu não gosto de flor cortada pra botar em vaso, prefiro coisas vivas, com raiz, plantáveis), que eu já transplantei pro vasão que comprei ontem. Almoçamos, dormirmos e partimos pra Toscana, visitar a Stefania. O namorado dela veio da Holanda com vários amigos pra comemorar o aniversário dele (dia 16) no agriturismo onde a Stefania trabalha, e não pudemos recusar o convite.
Então lá fomos nós, lemmings, pegar a estrada na direção de Firenze. Saímos em Valdarno e passamos por Montevarchi e Cavriglia antes de entrar na região do Chianti. Pra quem não tá ligando o nome à pessoa, Chianti é um rio, em cujo vale se produz o vinho de mesmo nome, o mais famoso da Toscana. Aquele que o Hannibal Lecter tomou num dos seus jantares canibalísticos, lembram dele contando pra Clarice que comeu o fígado do fulano with a nice Chianti? É um vinho seco, que pode ser muito bom ou muito, muito ruim mesmo aliás, dada a imensa quantidade de barris que se produz atualmente, a probabilidade de achar um Chianti ruim é bem alta. Todo mundo faz Chianti hoje em dia, e claro que desse oba-oba não pode sair só coisa boa.
Pois então: todas as cidadezinhas microscópicas do vale do Chianti vivem em função da produção desse vinho. As colinas são maravilhosamente regulares, cobertas de videiras que, nessa época do ano, parecem mortas, secas, desfolhadas (a colheita só rola no final do segundo semestre). Algumas casas antigas aqui e ali, a maioria agriturismos ou bed & breakfast, porque são edificios históricos cuja manutenção é cara, mas com os benefícios fiscais que o governo dá pra quem investe numa estrutura hoteleira a coisa fica viável. Como resultado, muitas famílias proprietárias de casarões abandonados impossíveis de vender porque custam uma fortuna entraram nessa pra conseguir reformar a casa.
Lá fomos nós pela estradinha estreita e cheia de curvas, no meio de chuva e neblina: Radda in Chianti, Gaiola in Chianti, Greve in Chianti, até chegar a Panzano in Chianti, onde fica o tal agriturismo, que se chama Fagiolari. O lugar é maravilhoso, uma lebre atravessou a estrada esburacada logo na nossa chegada, e a Stefania já encontrou javalis passeando à noite no bosque, mas não há maravilhosidade que resista a tempo feio + gente esquisita, por isso não posso dizer que nos divertimos muito. No dia seguinte demos um pulo em Panzano pra comprar pão pro almoço, passamos no açougue mais famoso da Itália, onde a bisteca, que por melhor que seja eu considero carne de quinta, custa uma fortuna,
compramos um bom pecorino e molhos de carne de caça (faisão, lebre e javali) e voltamos pra almoçar as sobras do jantar de sábado. Viemos embora no domingo à tarde, e fomos jantar com o Marco e a Michela, amigos de escola do Mirco que casaram no ano passado e foram uma outra ótima descoberta, porque são ótima companhia. Excrusive devem vir jantar aqui amanhã, se eu conseguir achar ingressos pro Stomp pra hoje à noite em vez de quarta-feira.
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Muitas das pessoas que me escreveram dando os parabéns disseram pra eu não esquentar com a idade. Eu não tenho o menorrrrrrrr problema em envelhecer! Muito pelo contrário, acho a vida do jovem tão ridícula, tão idiota (e olha que eu fui uma jovem espertinha, madura, observadora, mas mesmo assim fui ridícula e idiota), que não vejo a hora do tempo ir passando, deu ir ficando mais interessante, mais segura, com mais histórias pra contar, enfim, melhor como um bom Brunello.
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Comprei e plantei petúnias brancas e vermelhas. Lindas!
As dálias estão crescendo bem. Os cravos parece que empacaram.
Comprei manjericão adulto também. A previsão do tempo não é muito animadora e as sementes que plantei tão cedo não vão dar as caras.
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O presente oficial do Mirco vai ser a minha wishlist da Amazon. Só tenho que ter tempo de comprar…