E já que o assunto sempre acaba caindo nas condições climáticas, falemos da forte dependência que o resto do mundo tem da previsão meteorológica. Nós tupiniquins, que até o ciclone de Curitiba (ou foi o tornado de Florianópolis? Não sei) sempre tínhamos passado longe dos extremos das intempéries, temos uma certa dificuldade em entender as maluquices climáticas dos outros países. Eu só comecei a notar isso nas últimas vezes em que estive nos EUA, quando via repetidas previsões meteo na TV. Aqui, e creio que em toda a Europa, não é diferente, por um simples motivo: o frio é um porre e muda mesmo a vida da gente. No Brasil, e no Rio em particular, só temos dois climas, o quente e o muito quente, ou seja, nada de muito bizarro acontece, meteorologicamente falando, e nada que requeira mudanças de hábito que vão além de andar seminu pela rua quando esquenta pra valer.
Aqui, a cada meia hora há um telegiornale, e depois de cada TG vem a previsão meteo, que, ao contrário do que acontece no Brasil, não se resume à garota bonita que estende a mãozinha e diz aqui chove, aqui não, e mostra as temperaturas. Aqui fala-se de coisas estranhas como pressão, ventos (todos os ventos têm nome), há previsão do tempo pra toda a Europa, contam-se causos e curiosidades sobre essa imprecisa ciência que é a meteorologia.
O mais engraçado é que em muitos canais quem faz a previsão é um coronel ou marechal das Forças Armadas. No início eu achava estranhíssimo ver aqueles homens fardados, engomados e limpinhos explicando que vai chover no feriadão, que há neblina na Pianura Padana, que por causa do mar muito mexido a conexão marítima da Itália continental às Ilhas Maiores (Sicilia e Sardegna) foi interrompida, que por causa da neve intensa é obrigatório dirigir com correntes no Friuli, no Alto Adige, no Piemonte. Hoje já me acostumei, e até já tenho um preferido: o capitão Guido Guidi, um baixinho com MUITA cara de italiano que é uma simpatia.
Mas o melhor de tudo é o tipo de informação que eles dão. Porque acabam falando, como eu já disse, de ventos, de pressão, de massas de ar de formação complicada, e usam uns termos esquisitos que já viraram piada. Por exemplo: nos últimos dias a região central da Itália foi “interessada” por uma onda de mau tempo… Interessada ficava a sua avó!
Toda essa informação incompreensível vem, obviamente, ilustrada por imagens de satélite, gráficos estranhos, setinhas que se movem, símbolos absolutamente indecifráveis.
E a galera só querendo saber se vai dar pra ir al mare no feriado…