kittens

São cinco fêmeas, as filhotas da Priscilla. Todas parecidas, a não ser essa preta, que é danada de arredia e eu só consegui fotografar pela primeira vez ontem. As outras são umas pestes, pentelham os cachorros, se enfiam entre os pedaços de lenha no depósito, comem espaguete com molho de tomate e mamam o tempo todo. A Priscilla é a mãe mais zen que eu já vi: aquelas cinco pestes pisando na cara dela, mordendo o rabo dela, mamando com a maior força, e ela nem tchum: calma, lânguida, de olhinhos fechados. A gente pega os filhotes no colo e ela nem liga, fica lá sentada, os olhinhos piscando, a boca aberta em um bocejo.

Depois de um almoço tardio e uma sesta que durou das quatro às seis, resolvemos mover nossos traseiros gordos e passar na Arianna pra pegar o Leguinho e dar uma volta antes da pizza com Gianni, Chiara & cia. Demos de cara com os gansos da Arianna, que estranhamente estavam passeando pelo quintal como se estivessem passeando na ciclovia da Lagoa, observando a paisagem e coisa e tal. Não entendemos nada. Chamamos os cachorros e não ouvimos resposta. Demos a volta na casa e vimos Lucia, a avó fofa do Mirco, procurando os gansos. Ela tinha aberto a “porta” do cercadinho onde os gansos ficam durante o dia, pra pastar capim (aquele cercadinho com o guarda-chuva que serve de guarda-sol pra eles, se derem um scroll down acham a foto), entrou pra mudar a água da bacia, e quando levantou o olhar os gansos tinham picado a mula. Lá fui eu pastorear os gansos (que em italiano é palavra feminina, l’oca – plural le oche) de volta pro cercadinho, enquanto os cachorros observavam através do portão dos fundos. A coisa boa é que os gansos andam sempre juntos, então basta convencer um a voltar pro cercado que os outros vão atrás. Quando se separam, por culpa de algum obstáculo, entram em pânico, é de rolar de rir – me lembra aquela cena de FormiguinhaZ (ou seria A Bug’s Life?) quando as formigas se desesperam quando a fila é interrompida.

Acabamos não indo a lugar nenhum porque o tempo estava horrível. Ficamos brincando com os cachorros no campo e colhendo (e comendo) favas na horta, enquanto Ettore e Arianna aumentavam a altura de todas as cercas da casa, pra evitar que os cachorros fujam à noite. Leguinho semana passada passou uma noite fora, namorando; voltou de manhã em estado bagaçal total e dormiu o dia inteiro. Leo toda hora faz isso, e ultimamente o Demo também. Desde que eu vim morar aqui, e muito antes do Leguinho vir, vivo enchendo o saco da Arianna pra cercar os cachorros – caramba, ela já tem uma cachorra aleijada em casa porque foi atropelada; do outro lado do campo tem uma estrada onde os carros passam voando, e todos nós sabemos que os cachorros vão muito além dessa estrada porque quando eu ia correr praqueles lados muito freqüentemente dava de cara com Demo e Leo voltando de alguma missão secreta. Todos os cachorros da casa, inclusive o Leguinho, desde que foi morar lá, já foram encontrados passeando pela cidade, ou em Assis, ou lá na casa do chapéu; já nos ligaram tantas vezes avisando que tinham encontrado os cachorros perdidos por aí que já perdemos a conta. Não sei o que se passa na cabeça de quem não entende, mesmo com todos esses sinais mais do que claros, que uma tragédia está por vir. Demoraram, mas finalmente, por pressão minha e do Mirco, resolveram cercar a casa, no ano passado. Só que o Leo é pequeno e cava por baixo de qualquer coisa ou se enfia em qualquer buraco e foge; o Demo é leve e pula por cima de qualquer cerca; e o Leguinho é preto e à noite, depois do jantar, quando Ettore vai fumar o último cigarro do dia na companhia da cachorrada no campo, é fácil pra ele se afastar sem que se perceba. Foi numa dessas que ele atendeu ao chamado uterino da namorada coletiva deles e deu no pé, pra passar a noite na gandaia. Agora vocês imaginem um carro vindo a 100 por uma estrada não iluminada e pegando de frente um cachorro de 40 quilos como o Legolas, preto e conseqüentemente invisível. Não só morreria o cachorro, mas muito provavelmente haveria feridos humanos também, e quero ver quem encararia os custos e a responsabilidade perante à lei. Realmente, lidar com gente ignorante é quase tão irritante, cansativo, exasperador, desagradável e impossível do que lidar com gente maluca.

cats

Até esqueci de contar: Priscilla, a Rainha do Deserto Intelectual que é o interior aqui do Gabão, teve filhote! Foi no fim de semana passado. Esses são os filhotinhos com menos de 12 horas de vida:

E esses são os filhotes ontem, com uma semana de vida.

Não são uma coisa? :)))))

zoo station

E pra não deixar o dia de hoje sem post… As aventuras de Legolas, o cachorro que dorme sentado, no Mundo Encantado dos Bichos da Arianna, acompanhado de sua fiel escudeira, a gata tigrada Priscilla (pronúncia-se Prishilla, tá?). A foto mostra nosso super-herói em momento de relax, tendo ao fundo o pombal, patos e galinhas. Isso porque não é mais época de gansos nem perus, e os coelhos morreram todos.

ai meus sais

Em casa de gente maluca ninguém escapa da doideira, nem os cachorros. Vejamos:

. Leo fugiu pra namorar semana passada. Ficou dias fora e voltou macérrimo, com priapismo e dor nos músculos. Passou mais outros tantos dias sentado na cadeira em frente à lareira da cozinha, se recuperando da atividade intensa, tomando vitaminas e anti-inflamatórios. Ainda não está 100%. Ele adora salame, mas não come presunto. Ontem tentamos enganá-lo pela enésima vez, enrolando uma fatia de presunto numa de queijo, que ele ama. Ele cheirou, pegou com a boca, jogou no chão, separou o queijo do presunto, comeu o queijo e ficou olhando pra nossa cara. O presunto ficou lá no chão.

. Leguinho faz festa quando acaba de fazer cocô e é completamente viciado em pedaços de pau, que ele rói até não sobrar nada. Quanto mais friável for a casca, melhor. Uma vez, na falta de um pedaço de madeira assim à mão, ele simplesmente pegou um da lareira – aceso. Entrou na sala desfilando com aquele treco fumegante, uma ponta na boca e a outra ponta em brasa.

. Virgola é o aspirador de pó da casa: tudo que cai no chão ela traça. Também tem ouvido de tuberculoso e é sempre a primeira a ouvir se tem alguém chegando.

. Demo tem pêlo comprido e tudo o que vocês podem imaginar gruda naquela barriga peluda dele. Quando fazemos carinho nele acabamos sempre sentindo alguma coisa espetando a mão: um graveto, uma folha seca, um pedaço de casca de fruta, carrapichos. A barriga dele é rosa, assim como a parte interna da boca. Ele chora quando fazemos carinho nele. E quando paramos, fica roçando a cabeça contra a nossa mão, pedindo mais.

Eccolo!

E, pra não perder o hábito, fotos tiradas ontem, na Arianna. Observem o estado de intensa sonolência e total exaustão do meu cachorro, causada predominantemente pelos longos dias de amor com a namorada dos meninos, uma peludinha preta e branca que vem toda manhã paquerá-los de longe.

uma é manca, a outra é grogue

O pé vai bem, obrigada a todos que perguntaram e desejaram melhoras. Tirar a crostona foi a melhor coisa que eu já fiz na vida. A nova crosta é mais fina e não repuxa tanto a pele ao redor, ou seja, a dor e a coceira diminuíram bastante. Nem manco mais.

Quem não tá bem é a gatinha tigrada que o Ettore levou pra casa. Deve ter comido alguma porcaria por aí e há uns três dias anda mal de verdade, com os olhos mal focalizados, andar titubeante, corpo esquelético. Só bebe leite e muita, muita água. Mas já está melhorando, muito lentamente. Quinta-feira, que foi quando ela começou a passar mal, a coitada nem apareceu: passou o dia dormindo sentada num canto do jardim. Hoje no almoço ela já deu umas voltinhas, pegou sol e tomou o leite que eu dei. Mas ainda tá toda grogue. Se amanhã ela não melhorar mais um pouco, levo a bichinha ao veterinário.

a pedidos

Domingo é dia de almoçar na sogra. Melhor ainda quando a mala do sogro não está (foi pra Sérvia passar o fim de semana. De carro. Don’t ask.). Comemos tagliatelle feitas em casa, que o Mirco fez com a ajuda da Arianna e da mãe dela, Lucia. O molho foi feito com tomates maduros colhidos da horta da casa. E o carneiro na brasa é uma das especialidades da Arianna.

Mas antes do almoço demos banho nos ragazzi. Olha o Demo como sofre, coitado. E o Leguinho nem tchum, como sempre.

A famosa gatinha:

L*egolas enchapelado (e vejam se ele não está a cara do Milton Nascimento com esse boné azul):

coisas fofas

Ettore um dia viu uma gatinha tigrada rondando a oficina. Quando abriu a porta do carro, ela entrou na maior. E virou a nova moradora do Zoológico Arianna, que já conta com 4 cachorros bizarros, galinhas, perus, gansos, patos de duas espécies diferentes, pombos, várias famílias de coelhos e um gatinho, único sobrevivente de uma ninhada de 4, cuja piranhíssima genitora já foi avistada morando numa casa abandonada láaaaa do outro lado do campo que fica à esquerda da casa da Arianna.

A gata, que não tem nome, é um dengo só. Eu normalmente acho gato um porre; odeio bicho arrogante e que não dá atenção aos humanos e aos outros bichos. A mãe desse pequenininho é assim, arredia, chata, se esconde, não dá trela pros filhotes. Essa tigrada não: é do tipo que qualquer um pode pegar no colo, ela se desmancha toda, ronrona, fecha os olhinhos, vira de barriga pra cima.

Ontem jantamos na Arianna depois de fazer compras no supermercado de mendigo (leia-se Penny). Os cachorros não estavam em casa; aparentemente tem uma cadela no cio num armazém lá atrás do campo, onde sei lá quem mantém uns cavalos, e os cachorros toda noite vão lá dar uma paquerada básica. Peguei a gatinha no colo e atravessei o campo, assobiando. Láaaaa na casa do chapéu vi um vulto grande, preto e rabudo que levantou a cabeça quando assobiei. Chamei Leguinhoooo!, ele reconheceu a minha voz e veio correndo, atravessando o outro pedaço de campo como uma flecha. A gatinha se assustou e cravou as unhas na minha camiseta (e no meu pescoço), mas quando viu que era o mongo do L*egolas sossegou. Demo ficou por lá mesmo, me olhou, fingiu que não era com ele e voltou pra paquera. Leo nem deu as caras. Os dois apareceram muito mais tarde, exaustos. Ficaram parados no portão fechado esperando que alguém se dignasse a abrir pra eles.

Quando voltei com o Leguinho, botei a gatinha no chão. L*egolas deu uma lambida no focinho dela, outra na bunda do pequenininho, e foi beber água e desabar no chão, cansado. Pena que a gente não tava com a máquina, mas assim que der tiro fotos.