Ando com uma certa fauna de alunos ultimamente, e gostaria de compartilhar essas estranhezas com vocês.
Hoje apresento-lhes o Piloto do Moletom.
O Piloto do Moletom é um altão interessante, embora não seja o meu tipo. Trabalhou como comissário de bordo e hoje é co-piloto de vôos chumbregas da Alitalia. Fala até bem inglês, mas, caramba, o cara só vem pra aula de moletom, e todos são HORROROSOS. Não repete quase nunca; cada semana tem um moletom diferente, mas sempre, sempre, SEMPRE horrendo.
Mas o pior de tudo é a falta de imaginação/abstração, típica da população do interior do Zaire. Outro dia a lição do livro falava de senso de humor, e tinha um texto do Bill Bryson falando da diferença entre o humor britânico, irônico, e o americano, tendendo pro infantil. Terminava com um encontro do autor com um taxista colega de ironia. Ele entrou no táxi e perguntou:
“Are you free?”
Ao que o taxista respondeu, com sorriso maroto:
“No, I charge just like everybody else.”
O Piloto do Moletom não entendeu. Nem depois da punchline, e nem depois que eu expliquei. Tudo bem não achar graça, até porque piada que tem que ser explicada não é mais engraçada, mas ele não entendeu mesmo. Levou tipo meia hora pra sacar que free nesse caso significava grátis. Cacetes estrelados! E olha que não é burro! No final da aula olhou pra mim e disse: meu dever de casa então vai ser desenvolver um senso de humor.
Boa sorte, darling.