hoho

Essa semana teve esame di maturità aqui na Bota. Não é exatamente um vestibular, tá mais pro provão de fim de 2o grau, sabe. Só alguns cursos universitários requerem um exame de admissão porque as turmas têm número limitado de alunos; na maior parte dos casos praticamente entra quem quiser, e o único fator filtrante é esse esame di maturità, porque quem foi reprovado não pode cursar universidade.

Não é como no Brasil, que a gente tem que estudar todas as matérias. A prova é a mesma pra todos os estudantes do país, já que é uma coisa do Ministério da Educação e não tem nada a ver com as universidades. A prova de italiano, que na verdade não inclui gramática mas é só redação, é obrigatória pra todo mundo, e a outra prova é só de uma matéria. A cada ano são sorteadas as matérias para cada tipo de escola superior. A escola aqui dura 2 anos a mais que no Brasil, e os últimos 5 anos são especializados – ou escola técnica, como a que fez o Mirco, ou liceu, que pode ser clássico, lingüístico, científico ou artístico, se não me engano. Isso vai mudar porque já há novas leis tramitando, mas no momento é mais ou menos assim que funciona. Pois bem: em 2005 quem fez liceu lingüístico teve prova de língua estrangeira, quem fez o artístico fez prova de desenho livre, quem fez científico fez prova de matemática, e por aí vai.

Todo ano há uma imensa expectativa quanto aos temas da prova de redação; a coisa é assunto do telejornal das 8. O aluno pode escolher o tipo de texto que vai redigir: ensaio breve, comentando um artigo de jornal ou revista; análise de um texto literário; dissertação sobre temas atuais; dissertação sobre personagem histórico. Todo ano alguém consegue furar o segredo e descobrir quais vão ser os temas. Só que acho que nem precisavam se dar ao trabalho, porque olha a criatividade dos temas esse ano: tsunami e catástrofes naturais, viagem, um cântico do Paraíso de Dante, e a única surpresa, Einstein, quando todo mundo apostava no Papa defunto.

O detalhe é o tempo da prova. São mais ou menos duas páginas, pelo que me disseram. O aluno tem SEIS HORAS pra escrever. SEIS HORAS pra escrever duas páginas.

E depois os ignorantes somos nós.

pane

Poucas coisas nessa vida são mais bonitas, poéticas e antropologicamente significativas do que um campo de trigo, tão dourado quanto os pães em que um dia vai se transformar. Muitos já estão maduros o suficiente pra colheita, alguns já foram devidamente colhidos. Tratores imensos e muito coloridos e cheios de luzes cortam as estradas das cidadezinhas do interior do Zâmbia.

Os girassóis já estão assanhadíssimos, espichando os rostinhos pro sol que, a essa altura do campeonato, já torna os dias quentes de verdade, estilo fritemos um ovo no asfalto. Girassóis são flores lindas, mas as plantas propriamente ditas são feinhas que dói. O milho também é uma planta feia pacas, como eu já disse aqui, mas as espigas são simpáticas.

Mas o trigo me impressiona. A cor é sugestiva, e não consigo deixar de imaginar quanto pão e quanto macarrão vão sair daqueles mares dourados. Ainda mais porque aqui pão é uma coisa muito séria. Mais até do que o macarrão. Italiano que é italiano não come sem pão, hábito que felizmente não incorporei – pra mim pão é pra fazer sanduíche e só. Quando eu explico o que é farofa, ou faço arroz branco, a primeira reação de TODO MUNDO é: aaaah, no lugar do pão vocês comem arroz/farofa. Fulano é pobre de marré deci, dizemos nós; aqui dizem que fulano é tão pobre que só come pão com cebola. O pão é figura central na culinária italiana, leia-se na cultura italiana. Não os culpo. Quer coisa mais simples, e mais gostosa, do que uma bruschetta das mais frugais, com alho, azeite e sal?

Tudo que é cidadezinha tem seu próprio tipo de pão. Em toda a Itália há zilhões, literalmente, de tipos de pão. Infelizmente fui cair aqui no centro da Bota, onde o pão, por razoes históricas que já mencionei aqui ene vezes, é completamente desprovido de sal. Eu acho superbroxante e só como o pão cascudo umbro sob forma de bruschetta. Pro meu café da manhã, que continua contrariando os costumes botenses, mantendo-se fielmente salgado, uso pão de forma integral, que eu adoro. Eu sou louca por pão, mas pão que eu considero “de verdade” – pãozinho francês, pão careca, baguete, ou pão árabe, que aqui obviamente neguinho não sabe fazer, nem quer, porque são considerados pães “inferiores”. Quando estive na Sicília quase enlouqueci, porque as padarias são maravilhosas e têm váaaaaaarios tipos de pães maneiros. De região pra região, não muda só o formato do pão, nem o tipo de farinha, nem a quantidade de sal: o sabor e a textura são influenciados pelo tipo (dureza) da água, pela umidade e pela temperatura média local, pelo tipo de moinho usado (aqui ainda há moinhos que usam mós de pedra, e o pão sai mais escuro, com gosto esquisito de terra, e dura mais), pelo tempo de fermentação, pela adição de ingredientes (queijo, azeitonas, bacon, sementes de erva-doce, de gergelim, de papoula, entre tantos outros), pelo humor do padeiro, pelo tipo da lenha usada no forno, se você tiver sorte de ter um padeiro que tem forno a lenha. Muita gente ainda faz pão em casa, no forno a lenha do quintal. Muita gente ainda tem inclusive o móvel que se usava antigamente pra armazenar a massa-mãe e o pão, muito interessante – a tia do Mirco tem um, se chama mattera no dialeto local. Uma boa mattera, antiga de verdade, bem feita e bem conservada, hoje vale uma pequena fortuna nos mercados de antiquariado.

Hoje jantei uma saladinha com os dois tipos de alface que a mãe do Aluno Endocrinologista me deu, feijão branco (que aqui felizmente encontra-se enlatado, sem tempero, praticíssimo) e um punhado de milho verde. E pra fechar a noite, bruschettinha. Diliça.

uai é uai, uai

A mãe do Aluno Endocrinologista me ama, por algum motivo que não consigo identificar. Nas poucas vezes em que nos encontramos na garagem do prédio (ela mora no apartamento ao lado), faz uma tal festa que parece que sou a rainha da cocada branca.

Hoje quando cheguei no Aluno pra dar aula vi duas sacolas IMENSAS de supermercado, cheias abarrotadas de verdura, na cadeira da cozinha. Em cima, um bilhetinho: x la sig.ra Letizia (aqui usa-se “x” como nós usamos “p/”). Eles têm uma casa de campo grande na periferia de Perugia, e ela me mandou esse monte de insalata de presente.

Uma vez um cliente do Mirco, que tem um trailer que vende porchetta, queijos locais, salames, pagou uma parte da conta em dinheiro e a outra em comida. Ganhamos três formas de queijo (uma de pecorino fresco e duas de pecorino maturado, que fácil fácil chega a € 15/kg), dois salames (um de porco e um de ganso) e mais uma outra coisa comestível que não lembro o que era.

Chico Bento perde.

greve

Greve dos jornalistas da RAI hoje. Resultado: telejornais ainda mais superficiais, incompletos e parciais do que o habitual, e o jogo Noruega x Itália transmitido sem narrador. Coisa muito estranha de se ver, diga-se de passagem.

passeio na roça

Eu sou uma criatura da luz.

Não estou dizendo luz no sentido esotérico-babaca da palavra, mas me refiro à luz do sol mesmo. O inverno acaba comigo não só porque o frio é um porre, mas também, e sobretudo, pela curta duração do dia.

Agora que o sol nasce cedo, eu levanto junto com ele, antes das seis. Sempre dormi e acordei com as galinhas, mas no inverno esse levantar é sofrido e gloomy. Com o sol brilhando lá fora e um céu lindo me esperando, ao contrário, acordo no maior pique. Meu dia dura uma eternidade, consigo fazer um monte de coisas, tenho muito mais disposição.

E então deixo o Mirco dormindo, faço café pra ele, tomo um iogurte de morango ou banana e vou correr, ouvindo Elvis e outras coisinhas. Cumprimento todos os velhinhos que encontro, que àquela hora vão limpar suas artérias andando de bicicleta devagariiiiiiiiiinho, sempre de chapéu e paletó. Ainda tá fresquinho e minha corrida rende muito mais, faço quase todo o meu percurso direto, sem parar toda hora como acontece se saio mais tarde, quando já tá quente pra cacete, porque aí o baço dá aquelas cutucadas falando pega leve, minha filha, que nesse calor eu não güento a onda não. Vou correndo meio devagar, porque afinal de contas não sou atleta e sou grande e pesada, ouvindo minha musiquinha, e observando a roça ao meu redor.

Engraçado como a gente nem repara nas plantas que nos rodeiam, até que elas mudem. Meus conhecimentos botânicos são vergonhosamente limitados, mas sei reconhecer um flamboyant, um ipê, uma mangueira, uma bananeira – coisas que não existem aqui. Mas nunca tinha reparado com muitos detalhes na paisagem por essas bandas, e só fui notar, chocada, o abismo entre os tipos de vegetação quando descemos em Foz do Iguaçu no começo do ano. Enquanto os verdes tropicais são exagerados, berrantes, e sempre definitivamente verdes, aqui há verdes acinzentados, verdes azulados, verdes muito escuros, verdes pálidos. Os tipos de pinheiro são tantos que já nem sei mais. As cercas-vivas vêm em milhões de variedades. As plantas nos jardins e nas varandas não têm nada a ver com as que vemos no Brasil. Nada de samambaia, árvore da felicidade, açucena, copos-de-leite, dólar. Aqui o grande must são os gerânios, as cafonérrimas rosas, prímulas, tulipas, oleandros, petúnias.

Mas o mais legal desses passeios é acompanhar o ritmo de crescimento das plantas que já reconheço. O trigo já está começando a amarelar; campos vizinhos às vezes já estão com cores muito diferentes, dependendo de quando foram semeados. O milho cresce literalmente a olhos vistos, e se não fosse essa porcaria de festa barulhenta tenho certeza de que à noite, no silêncio da roça, seria possível ouvir as plantas crescendo. O milho é uma planta feinha, mas as espigas barbudas são muito simpáticas. As videiras, que há dois meses eram carecas e totalmente podadas, agora já estão repolhudas, verdes e lindas, como irmãs de mãos dadas em loooongas fileiras. As oliveiras, que não mudam nunca e só se enchem de azeitonas lá pra novembro, aparecem em muitos jardins, e freqüentemente são plantadas no início de cada fileira de videiras, não sei por qual motivo. Em frente a uma casa aqui perto tem uma oliveira que é claramente centenária e deve valer alguns milhares de euros. Eu adoro oliveiras; junto com as mangueiras e os ficus são as minhas grandes paixões arbóricas. Há muitos, muitos pessegueiros. No meu percurso de corrida vejo também macieiras e muitos arbustos de folhas pequenas que não conheço, encontro caminhões que carregam porcos, vacas e galinhas, cachorros latem pra mim, vejo velhinhos colhendo alface na horta e velhinhas catando erba campagnola na beira da estrada, uma espécie de capim que aqui se come refogado e eu acho horrendo, vejo tratores que levam bandejas imensas de isopor contendo mudinhas de tabaco. Nas hortas e nos jardins das belas casas reconheço as plantas azuladas de alcachofra, os pés de batata que já estão enormes e dão lindas florezinhas brancas, muitas variedades de alface, plantinhas de tomate, ainda jovens, favas e ervilhas, cenouras, e alho. Agora é a época do alho, que se come ainda fresco. Você tira da terra e ele parece uma cebolinha, não tem ainda uma cabeça dividida em dentes mas é um bulbo branquiiiiinho, de sabor muito suave. É só cortar em rodelas fininhas, usando até a parte verde, e refogar rapidamente ou misturar na salada pra dar um tchan. Vejo imensas moitas de alecrim que, ao contrário do meu, dá mini-flores lilás. Lilás também são as flores de sálvia – a minha floresce sempre, o tomilho também.

Só falta o Leguinho, que sempre me acompanhou nas corridas. Sinto falta dele.

burocrazia

E então hoje fui à polícia federal pegar meu permesso di soggiorno, meu permit of stay. Foi um suplício, porque eu odeio, odeio, odeio falar ao telefone e sempre me engano, entendo errado, me confundo – em português também, não é uma limitação lingüística, mas acho que eu sou muito teatral e expressiva e não consigo me movimentar direito em situações onde não vejo a expressão do meu interlocutor. Sei lá, acho que é isso.

Então, por causa de uma cagada minha no telefone, entendi errado o que o Paoletto, primo do Moreno que é Carabiniere, me disse na terça. Perdi a manhã inteira em meio àquela gente esquisita, fedorenta, sem dentes e mal vestida, e invariavelmente acompanhada de crianças ranhentas e mal educadas. Uma fila de horas, rodeada de gente que não entende nada de italiano e não tem idéia do que está acontecendo, que leva documentos errados porque não entende nada de coisa nenhuma ou simplesmente porque não tem os documentos certos mas vai assim mesmo, pra ver que bicho que dá. Tudo isso pra nada, e só porque sou retardada telefônica, porque o documento já tava pronto. Liguei pra Assis, onde normalmente pego meu permesso, e ao dar meu sobrenome a Carabiniere, que eu reconheci pela voz, reciprocamente reconheceu meus cinco sobrenomes – aaaaaaaaaaah sim, sim, já sei quem é a senhora, senhora Vieira, o seu documento ainda não chegou, ainda não encontrei seu nome quilométrico esse ano. Ha ha. Não chegou porque eu mandei um fax a Perugia pedindo pra pegar o bendito papel lá, em vez de esperar séculos pra que ele fosse enviado pra Assis. Teoricamente isso permitiria que eu aproveitasse o contato com o Paoletto, que teria deixado o permesso com o Inspetor-Chefe, pra quem eu iria diretamente, sem fazer a fila entre os fedorentos.

Mas tudo bem, hoje fui mais preparada, e encontrei o Paoletto no portão e fui diretamente falar com a Inspetora-Chefe, que foi muito simpática e me deu o maldito papel azul na hora. Só fui constatar o brinde depois que já tava no carro, esperando o volante esfriar um pouco pra poder manobrar: dessa vez a validade é de dois anos. Maravilha! Um perrengue a menos na minha vida de albanesa, até que enfim.

festa

E hoje começou a Festa della Primavera aqui atrás de casa.

O primeiro dia é o melhor. Tradicionalmente a festa abre com um minifestival de bandas de rock locais, e o repertório costuma ser interessante, apesar das vozes terríveis. Hoje rolou muito Pearl Jam, um pouco de Stone Temple Pilots, Queen e até Elvis. Tocaram direitinho, deixei até as portas das varandas abertas pra ouvir melhor.

A partir de amanhã começa o suplício: Riccardi com sua franjinha crespa, músicos vestindo camisa de cetim vermelho, cantoras de meia arrastão e cabelos amarelo-ovo, polcas, mazurcas, musiquinhas de carrossel. Haja saco.

essa bota tá apertando meus calos

A notícia da semana é a crise no país. Depois de meses e meses de Berlusconi e seus cabelos implantados afirmando categoricamente que essa história de crise é complô do centro-esquerda, que tudo vai muito bem, obrigado, embora todo mundo soubesse que tudo ia muito bem só pras nêgas dele porque as abobrinhas estão pelos olhos da cara, o macarrão aumenta a olhos vistos e daqui a pouco o pão vai virar artigo de luxo, especialistas da União Européia vieram aqui na Bota dar uma zoiada e constataram o óbvio: que a Itália está, literalmente, in mezzo alla merda.

Já discuti n vezes com o Ettore esse ano, porque ele acha que a queda no movimento da oficina é culpa do Mirco, que se recusa a atender clientes que não pagam e nos obrigam a botar advogado pra correr atrás do prejuízo. O gerente de um dos nossos bancos já tinha me cantado a pedra, há meses, de que, em mais de 30 anos trabalhando em banco, jamais ele vira tanto cheque voltando, tanta gente no vermelho, tanta queda no movimento em geral. Nossos amigos confirmam isso; todos que conhecemos relatam quedas brutais, brutais, no movimento das empresas onde trabalham. O lado bom é que a crise realmente não é só aqui em casa, o que não deixa de ser ligeiramente reconfortante. O lado ruim é que sabemos que nada vai mudar e o destino é, provavelmente, o porão do fundo do poço – a Itália foi comparada no rádio, outro dia, com Portugal e Grécia, os dois patinhos feios da Comunidade Européia. Há coisas alucinantes correndo soltas por aqui – pagamos mais de 400 euros de gás pelos três primeiros meses do ano aqui em casa, coisa que jamais acontecera antes, e quando fui à CEG local pra reclamar vi que não era a única, porque perdi a manhã inteira na fila em meio a gente com contas mais altas ainda do que a minha, apesar de morarem sozinhas, ou em apartamentos minúsculos, ou de viajar freqüentemente a trabalho e conseqüentemente quase nunca ligar o aquecimento. Um dos nossos bancos foi comprado por um conglomerado de bancos e o preço do talão de cheques pulou de 0,10 centavos pra 1 euro; a gasolina aumenta em ritmo meteórico; as contas de luz vêm sempre com valores sem pé nem cabeça, e nem adianta reclamar porque a resposta que recebemos é sempre “é assim mesmo, senhora”. Enquanto isso, clientes que sempre pagaram direitinho agora estão dando calote, implorando pra esticar prazos, chorando migalhas. Trabalho até que tem tido, porque caminhão na estrada é igual a caminhão que de algum jeito acaba se danificando e portanto precisa de conserto, e as máquinas industriais que o Mirco pinta são pra exportação, não muito dependentes da situação econômica local, mas é muito chato e desgastante ficar implorando pro cliente te dar o TEU dinheiro, que você ganhou com o suor do rosto.

O Mirco entra na categoria artigiano – artesão, uma palavra antiga que poderia ser traduzida como microempresário, nos dias de hoje. Os artigiani são os trabalhadores mais castigados do país. Normalmente têm atividades pouco salubres – Mirco freqüentemente volta pra casa com mechas coloridas nos cabelos e bolinhas de tinta nas pontas dos cílios – mas pagam impostos altíssimos, se aposentam mais tarde e ganham pensões menores. As leis trabalhistas são malucas, manter um funcionário custa caríssimo ao empregador mas não traz lindas vantagens ao funcionário, e assim a bola de neve vai se criando em uma velocidade assustadora. É claro que em uma situação assim os produtos italianos não podem ser competitivos. E não é só culpa da ameaça chinesa, que apesar de ter sua fatia de culpa não pode ser o único bode expiatório dessa história. A Itália é um país de gente pouco preparada, ignorante, de tecnologia atrasada em muitos setores, onde pesquisa é só uma palavra bonita no dicionário, de pouco contato com o resto do mundo, de superproteção ao presunto de Parma e nenhum interesse pelo que vem de fora, de gente que vive em um lugar incrivelmente rico de história e de arte mas não tem a menor idéia do que isso signifique, porque está preocupado demais em fazer os tortellini pro almoço de domingo. E agora Berlusca e seus capangas levaram um esporro da tal comissão da União Européia, porque estão fazendo tudo errado há anos, e contribuindo pra puxar ainda mais pro fundo a já nada simples situação do Velho Mundo.

O negócio é comprar uma fazenda na Austrália e passar a vida tosando ovelhas, já tô até vendo.

Excrusive Gianni outro dia achou umas passagens em oferta da Singapore Airlines pra Perth, se não me engano; se a notícia for confirmada, fica imediatamente decidida a próxima (e provavelmente última, por falta de grana) Grande Viagem de 2005.

Mais detalhes com a Ig, aqui.

feste paesane

E já estão montando o palquinho e o barracão nos jardins aqui atrás de casa, pra Festa da Primavera. Do dia 25 até 5 de junho dormiremos ao som (altíssimo) daquelas terríveis músicas folclóricas e com o cheiro de lingüiça na brasa no ar.

O que nos lembra que as sagras já começaram, mas algo me diz que esse ano a comilança por aí não vai ser intensa como no ano passado, em que todo santo domingo comíamos em alguma sagra: sagra da pizza, do ganso, da cebola, da torta al testo, lembram? Melhor assim. O bolso e a pança agradecem.