hohoho

Tão pensando que apagão é só no hemisfério subdesenvolvido do mundo? Ha! Ontem foi um dia “bioloógico”, como definiu um colega dono de cachorro. Desde as duas da manhã sem luz nem água – TODA A ITÁLIA e mais a França, dizem. Digo “dizem” porque eu vivo num mundo sem TV ou rádio, e não gasto dinheiro comprando jornal, e por isso dependo da boa vontade de vizinhos e colegas de trabalho pra me informar sobre o que acontece no mundo. A piada que corre aqui é que o Berlusconi esqueceu de pagar a conta de luz – grande parte da eletricidade que empurra a Itália pra frente é comprada da França, desde que a galera aqui decidiu em plebiscito ficar longe da energia nuclear. Hoje já me andaram dizendo que foi tudo culpa de uma árvore que caiu em algum lugar da rede elétrica na França, e de um raio que caiu na Suíça. Não sei; só sei que a luz só voltou às quatro da tarde e que foi um dia chato, cinza, chuvoso, frio, chato, chato, chato. Pelo menos não trabalhei.

Ontem à noite teve desfile em Bastia. Essa semana é de festa, tem o Palio di San Michele. Os bairros (“rione”), que sao quatro, competem de tres maneiras: tem o tal desfile, com direito a carro alegorico e tudo, os jogos medievais, e a corrida em torno da praça principal. A festa começou na sexta-feira; fui jantar na taverna do Rione San Rocco (onde eu moro) com a familia da Marta. Cada rione tem a sua taverna, com menu tipico umbro (pappardelle com ragu de javali, torta al testo com linguiça ou presunto cru com pecorino, bruschettas, sopa de trigo, etc). No sabado rolou um show na praça, um conjunto meio tabajara que cantou musicas anos 70 (leia-se musica gay) vestidos a carater, com direito a perucao black power e tudo. Soh nao dancei até me acabar porque o pessoal aqui nao tem aquela tendencia rebolativa que os brasileiros tem, e eu fico com vergonha de me empolgar sozinha. Faltava a Hunka; teriamos feito mil coreografias viadas juntas. De qualquer maneira, ri tanto que no dia seguinte tava sem voz.

Domingo foi dia de faxina: de manha cedo em casa, e mais tarde na casa do Mirco, pra pagar o favor que ele me fez dando banho no Leguinho no sabado ;) E à tarde fui trabalhar na loja do maluco do Fabrizio, com a Carmen. Passei em casa rapidinho pra trocar de roupa e lah fui eu pra praça ver o desfile.

Como a Marta comprou a “assinatura” dos bilhetes, ou seja, comprou bilhetes pros quatro desfiles, mas desfilava ontem, me cedeu o bilhete. E lah fui eu me sentar lah no alto da arquibancada do meio, com a minha landlady atras e uma vizinha ao lado. O desfile é uma coisa teatral misturada com numeros musicais, tudo extreeemamente tosco e amador, é claro. Eu tenho verdadeiro horror a teatro, de qualquer natureza e grau de profissionalidade, mas acabei me divertindo, principalmente quando um dos carros alegoricos, que soltava fogo, quase quase pegou fogo. Mas tudo bem, faz parte. A lenga-lenga durou quase uma hora e meia, ao fim da qual eu jah tava com dor na coluna e morrendo de sono.

Depois fiquei pensando na pequenez da cidade pequena. O pessoal aplaudiu e ficou maravilhado com um livro gigante tabajara colocado sobre o palco, que foi montado na frente da igreja, que se abria e fechava. Imagina se vissem uma aguia da Portela que soh falta revirar os olhinhos, ou um dos carros malucos da Mocidade com gente pendurada em tudo que é lugar e neon a dar com o pau, ou uma comissao de frente do Salgueiro, ou um casal de mestre-sala e porta-bandeira (que eu acho a coisa MAIS LINDA DO MUNDO). A qualidade de vida no interior é barbara, a tranquilidade é otima, mas a probabilidade de virar um idiota com antolhos é muito, mas muito grande.

(detalhe pra fantasia da Marta, que fazia o papel de uma das criadas de um estranho escritor ingles assolado por terriveis pesadelos. Marta de touquinhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa)

Hoje nao fiz outra coisa que nao limpar, etiquetar, ensacar, encaixotar cartuchos, soh fui sentar a bunda no escritorio agora. To morta, e pretendo seriamente ir dormir às sete e meia da noite hoje.

Ontem à noite teve desfile em Bastia. Essa semana é de festa, tem o Palio di San Michele. Os bairros (“rione”), que sao quatro, competem de tres maneiras: tem o tal desfile, com direito a carro alegorico e tudo, os jogos medievais, e a corrida em torno da praça principal. A festa começou na sexta-feira; fui jantar na taverna do Rione San Rocco (onde eu moro) com a familia da Marta. Cada rione tem a sua taverna, com menu tipico umbro (pappardelle com ragu de javali, torta al testo com linguiça ou presunto cru com pecorino, bruschettas, sopa de trigo, etc). No sabado rolou um show na praça, um conjunto meio tabajara que cantou musicas anos 70 (leia-se musica gay) vestidos a carater, com direito a perucao black power e tudo. Soh nao dancei até me acabar porque o pessoal aqui nao tem aquela tendencia rebolativa que os brasileiros tem, e eu fico com vergonha de me empolgar sozinha. Faltava a Hunka; teriamos feito mil coreografias viadas juntas. De qualquer maneira, ri tanto que no dia seguinte tava sem voz.

Domingo foi dia de faxina: de manha cedo em casa, e mais tarde na casa do Mirco, pra pagar o favor que ele me fez dando banho no Leguinho no sabado ;) E à tarde fui trabalhar na loja do maluco do Fabrizio, com a Carmen. Passei em casa rapidinho pra trocar de roupa e lah fui eu pra praça ver o desfile.

Como a Marta comprou a “assinatura” dos bilhetes, ou seja, comprou bilhetes pros quatro desfiles, mas desfilava ontem, me cedeu o bilhete. E lah fui eu me sentar lah no alto da arquibancada do meio, com a minha landlady atras e uma vizinha ao lado. O desfile é uma coisa teatral misturada com numeros musicais, tudo extreeemamente tosco e amador, é claro. Eu tenho verdadeiro horror a teatro, de qualquer natureza e grau de profissionalidade, mas acabei me divertindo, principalmente quando um dos carros alegoricos, que soltava fogo, quase quase pegou fogo. Mas tudo bem, faz parte. A lenga-lenga durou quase uma hora e meia, ao fim da qual eu jah tava com dor na coluna e morrendo de sono.

Depois fiquei pensando na pequenez da cidade pequena. O pessoal aplaudiu e ficou maravilhado com um livro gigante tabajara colocado sobre o palco, que foi montado na frente da igreja, que se abria e fechava. Imagina se vissem uma aguia da Portela que soh falta revirar os olhinhos, ou um dos carros malucos da Mocidade com gente pendurada em tudo que é lugar e neon a dar com o pau, ou uma comissao de frente do Salgueiro, ou um casal de mestre-sala e porta-bandeira (que eu acho a coisa MAIS LINDA DO MUNDO). A qualidade de vida no interior é barbara, a tranquilidade é otima, mas a probabilidade de virar um idiota com antolhos é muito, mas muito grande.

(detalhe pra fantasia da Marta, que fazia o papel de uma das criadas de um estranho escritor ingles assolado por terriveis pesadelos. Marta de touquinhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa)

Hoje nao fiz outra coisa que nao limpar, etiquetar, ensacar, encaixotar cartuchos, soh fui sentar a bunda no escritorio agora. To morta, e pretendo seriamente ir dormir às sete e meia da noite hoje.

numeros

Sabe uma coisa engraçada? Cada pais tem o seu jeito de ditar numeros de telefone. Eu to acostumada a ditar sempre dividindo o numero de forma que a segunda parte, depois do tracinho, tenha 4 digitos. Aqui na Italia nao soh eles nao usam tracinho nenhum (eu fico completamente zarolha tentando ler os numeros sem nem um tracinho no meio, pontinho, nada!), mas se o numero tem seis digitos, falam de dois em dois! Fico louca, nao consigo decorar de jeito nenhum! E quando eu falo do meu jeito, ou seja, dividindo em dois grupos de tres digitos, ninguém me entende.

Mistérios da vida.

Estou aqui eu anotando preços de cartuchos vazios quando entra o Pai do Chefe no escritorio, vestido digamos medievalmente. Amanha tem o Palio di San Rufino no centro de Assis, e ele esse ano soh desfila, mas normalmente faz parte da competiçao de tiro com besta. Nao tem coisa mais engraçada do que o pai do seu chefe de calça justinha, roupa de veludo nesse calor, bota e oculos :) Aih a garota da calça dourada saca fora o seu telefone celular com camera digital e faz uma foto.

Estou aqui eu anotando preços de cartuchos vazios quando entra o Pai do Chefe no escritorio, vestido digamos medievalmente. Amanha tem o Palio di San Rufino no centro de Assis, e ele esse ano soh desfila, mas normalmente faz parte da competiçao de tiro com besta. Nao tem coisa mais engraçada do que o pai do seu chefe de calça justinha, roupa de veludo nesse calor, bota e oculos :) Aih a garota da calça dourada saca fora o seu telefone celular com camera digital e faz uma foto.

Hoje acordei pensando na minha

Hoje acordei pensando na minha avó. Provavelmente o que desencadeou o pensamento foi o fato de que há muito tempo não como uma comidinha realmente gostosa. Eu cozinho muitíssimo bem, obrigada, mas comida de vó é comida de vó, inigualável e incopiável. Fora que ela tem participação ativíssima na preparação dos pacotes que depois minha mãe me manda.

Dia 19 é aniversário dela e não tenho a menor idéia do que mandar. Aceito sugestões.

***

Hoje a peixaria tava aberta! Tem uma peixaria em frente à minha casa que só abre às quintas e sextas. Quando saio de casa de manhã e vejo a porta aberta, significa que a semana tá terminando. Uhuuu!

(Não ficaram satisfeitos com o horário estranho da peixaria? Todas as lojas de produtos alimentares em S. Maria degli Angeli e Bastia fecham na quinta-feira à tarde. E a pausa pro almoço nos escritórios de S. Maria e Assis começa às 13:00. Em Bastia, às 12:30. E o mais engraçado é que eles comentam essas coisas como se fossem seriíssimas… Impressionante o atraso desse povo.)

***

Falando em atraso… Dá pena trabalhar aqui no escritório. As meninas são formadas em contabilidade, mas nunca estudaram com computador, nem têm computador em casa, muito menos internet. O que significa que volta e meia me perguntam coisas tipo:
– Como faço pra criar uma pasta nova?
– Como faço pra selecionar um pedaço de texto?
– Aaaaaaaah, mas então pra mudar uma coisa de lugar é so arrastar pra onde eu quero?

***

A última novidade da menina da calça dourada: banho frio dá dor de cabeça.

Então tá.