ainda os barnabés

Já agora, deixem-me assinalar aqui uma coisa que pode ter escapado ao pessoal no meio deste entusiasmo todo. Para a esquerda ateia e libertária Ratzinger não faz mossa absolutamente nenhuma. Bem pelo contrário, é uma escolha divertidíssima. Até já voltaram as missas em latim que George Brassens reclamava (“sans le latin, sans le latin / la messe nous emmerde”)! Para quem Ratzinger é a pior de todas as escolhas é para os católicos moderados e reformistas. E não estou só a falar dos católicos de esquerda, mas dos próprios católicos liberais de direita: Pedro Mexia ou Andrew Sullivan compreenderam-no bem. E não é por serem menos liberais nem menos católicos. Mas claro que não é Mexia nem Sullivan quem quer: é preciso prezar mais o raciocínio do que o desdém pela esquerda, tarefa manifestamente esgotante.

Rui Tavares, aqui.

Tem mais. Leiam, por favor; eles são ó-te-mos.

sem medo

Em duas manhãs de fila no banco, fila nos correios, fila no supermercado, sala de espera do contador, sala de aula esperando aluno, comecei e terminei Io Non Ho Paura (Não Tenho Medo), de Niccolò Ammaniti. Virou filme, que eu não vi, mas quero ver. Amei o livro, mas não sei explicar por quê. O estilo é firme, seco e direto, sem nove-horas nem metáforas malucas nem verbos fora de moda (minha irritação com essas coisas deve ser por causa de uma coisa estranha que andei traduzindo ultimamente e me deu um trabalho danado). O cenário é envolvente, embora geograficamente indefinido. A descrição não é excessivamente descritiva, mas eu vi os campos de trigo, senti o cheiro dos porcos malvados, sei como é a panela com maçãs pintadas em vermelho, sei que gosto tinha o macarrão com molho de tomate que o Michele jantou. Os personagens são fortes, os temores são reais, as dúvidas são coerentes, a solução é a única possível.

Pra quem não viu o filme, que se não me engano saiu no Brasil, é a história de Michele, um menino do paupérrimo sul da Itália nos anos 80, que acidentalmente descobre, lá na casa do chapéu, um buraco na terra, com um menino dentro. Mais não digo. Hoje não vamos pegar o DVD do filme porque tem Grissom no canal 6, e amanhã provavelmente rola cinema, mas espero vê-lo em breve, e digo se vale a pena.

maravilha

Eu acabei não comentando, mas comprei e li vários livros durante a viagem. Vários mesmo. Em Foz comprei Água Viva, da Clarice, que é simplesmente uma das coisas mais chatas, chatas, chatas, chatas que eu já li na minha vida, e tive que me esforçar mooooito pra terminar. Li Bartleby (Melville) no avião de Ushuaia pra Buenos Aires, mas a monga aqui esqueceu o livro no avião. Pelo menos eu já tinha terminado a história. Na livraria ABC, na Florida, em Buenos Aires, comprei Mrs Dalloway, que acreditem ou não eu nunca tinha lido, e um livro novinho mas que estava na seção dos usados porque tinha um furo atrás, Boy – Tales of Childhood, autobiografia da infância do Roald Dahl, por ridículos 14 pesos. Na El Ateneo, maior livraria de Buenos Aires e simplesmente escandalosa de tão grande e well-supplied, comprei vários dicionários, e ainda por cima sorri várias vezes ao dar de cara com clássicos como A Bolsa Amarela e Raul da Ferrugem Azul traduzidos pro espanhol. Numa outra livraria cujo nome esqueci comprei um Stephen King (‘Salem’s Lot) em língua original por um preço ótimo, a edição do IV centenário de Don Quijote, um livro do Borges, um da Allende e o Bartleby y Compañia que o Alexandre tanto comentou que me deixou curiosa.

Mas isso tudo porque hoje o Papa tá assim digamos a ponto de subir no telhado, e honestamente não dou a mínima, e enquanto hoje eu tomava meu café da manhã li o seguinte capítulo, que transcrevo integralmente:

“The Headmaster, while I was at Repton, struck me as being a rather shoddy bandy-legged little fellow with a big bald head and lots of energy but not much charm. Mind you, I never did know him well because in all those months and years I was at the school, I doubt whether he addressed more than six sentences to me altogether. So perhaps it was wrong of me to form a judgement like that.

What is so interesting about this Headmaster is that he became a famous person later on. At the end of my third year, he was suddenly appointed Bishop of Chester and off he went to live in a palace by the River Dee. I remember at the time trying to puzzle out how on earth a person could suddenly leap from being a schoolmaster to becoming a Bishop all in one jump, but there were bigger puzzles to come.

From Chester, he was soon promoted again to become Bishop of London, and from there, after not all that many years, he bounced up the ladder once more to get the top job of them all, Archbishop of Canterbury! And not long after that it was he himself who had the task of crowning our present Queen in Westminster Abbey with half the world watching him on television. Well, well, well! And this was the man who used to deliver the most vicious beatings to the boys under his care!

By now I am sure you will be wondering why I lay so much emphasis upon school beatings in these pages. The answer is that I cannot help it. All through my school life I was appalled by the fact that masters and senior boys were allowed literally to wound other boys, and sometimes quite severely. I couldn’t get over it. I never have got over it. It would, of course, be unfair to suggest that all masters were constantly beating the daylights out of all the boys in those days. They weren’t. Only a few did so, but that was quite enough to leave a lasting impression of horror upon me. It left another more physical impression upon me as well. Even today, whenever I have to sit for any length of time on a hard bench or chair, I begin to feel my heart beating along the old lines that the cane made on my bottom some fifty-five years ago.

There is nothing wrong with a few quick sharp tickles on the rump. They probably do a naughty boy a lot of good. But this Headmaster we were talking about wasn’t just tickling you when he took out his cane to deliver a flogging. He never flogged me, thank goodness, but I was given a vivid description of one of these ceremonies by my best friend at Repton, whose name was Michael. Michael was ordered to take down his trousers and kneel on the Headmaster’s sofa with the top half of his body hanging over one end of the sofa. The great man then gave him one terrific crack. After that, there was a pause. The cane was put down and the Headmaster began filling his pipe from a tin of tobacco. He also started to lecture the kneeling boy about sin and wrongdoing. Soon, the cane was picked up again and a second tremendous crack was administered upon the trembling buttocks. Then the pipe-filling business an the lecture went on for maybe another thirty seconds. Then came the third crack of the cane. Then the instrument of torture was put once more upon the table and a box of matches was produced. A match was struck and applied to the pipe. The pipe failed to light properly. A fourth stroke was delivered, with the lecture continuing. This slow and fearsome process went on until ten terrible strokes had been delivered, and all the time, over the pipe-lighting and the match-striking, the lecture on evil and wrongdoing and sinning and misdeeds and malpractice went on without a stop. It even went on as the strokes were being administered. At the end of it all, a basin, a sponge and a small clean towel were produced by the Headmaster, and the victim was told to wash away the blood before pulling up his trousers.

Do you wonder then that this man’s behaviour used to puzzle me tremendously? He was an ordinary clergyman at that time as well as being Headmaster, and I would sit in the dim light of the school chapel and listen to him preaching about the Lamb of God and about Mercy and Forgiveness and all the rest of it and my young mind would become totally confused. I knew very well that only the night before this preacher had shown neither Forgiveness nor Mercy in flogging some small boy who had broken the rules.

So what was it all about? I used to ask myself.

Did they preach one thing and practise another, these men of God?

And if someone had told me at the time that this flogging clergyman was one day to become the Archbishop of Canterbury, I would never have believed it.

It was all this, I think, that made me begin to have doubts about religion and even about God. If this person, I kept telling myself, was one of God’s chosen salesmen on earth, then there must be something very wrong about the whole business.”

Boy – Tales of Childhood (Roald Dahl)

Por tudo o que já li dele, sempre soube que foi uma pessoa extraordinária. Essa biografia revela que não só ele, mas sua família e sua vida também foram extraordinárias. Logo depois desse capítulo vem um chamado “Chocolate”. Por isso tudo e pelas fotos e por tantas outras coisas, recomendo ardentemente que vocês leiam Boy. E tudo o mais que esse homem escreveu.

E essa transcrição dedico humildemente (ma non troppo) ao Cris Dias, pra ver se ele acorda pra vida e volta a escrever os ótimos posts polêmicos que sumiram do blog por razões perfeitamente compreensíveis, mas que fazem falta, ah, fazem!

Montalbano

Anna Tropeano se n’era appena andata via che la porta della càmmara del commissario si spalancò battendo contro la parete e Catarella trasì a palla allazzata.

“La prossima volta che entri così, ti sparo. E tu lo sai che parlo sul serio” fece calmissimo Montalbano.

Catarella però era troppo eccitato per darsene pinsèro.

“Dottori, ci voleva dire che mi hanno acchiamato dalla Quistura di Montilusa. S’arricorda che le dissi di quel concorso d’informaticcia? Accomincia lunedì matino e io mi devo apprisintari. Come farete senza di mia al tilifono?”

“Sopravviveremo, Cataré.”

“A dottori dottori! Lei mi disse di non distrupparlo a mentre che parlava con la signora e io obbediente fui! Ma arrivò uno sdilluvio di tilifonate! Tutte le scrissi a sopra di questo pizzino.”

“Dammelo e vattene.”

Su una pagina di quaderno malamente strappata c’era scritto: “Ano tilifonato Vizzallo Guito Sera falle Losconte suo amicco Zito Rotonò Totano Ficuccio Cangialosi novamente di novo Sera falle di bolonia Cipollina Pinissi Cacomo”.

Montalbano cominciò a grattarsi in tutto il corpo. Doveva trattarsi di una misteriosa forma d’allergia, ma ogni volta ch’era costretto a leggere uno scritto di Catarella lo pigliava un prurito irresistibile. Con santa pazienza decrittò:

Vassallo, Guido Serravalle l’amante bolognese di Michela, Loconte che vendeva stoffe per tende, il suo amico Nicolò Zito, Rotondo il mobiliere, Todaro quello delle piante e giardini, Riguccio l’elettricista, Cangelosi che aveva invitado a cena Michela, di nuovo Serravalle. Cipollina, Pinissi e Cacomo, ammesso e non concesso che si chiamassero così, non sapeva chi fossero, ma era facile supporre che avessero telefonato perché amici o conoscenti della vittima.

La Voce del Violino, Andrea Camilleri.

In-tra-du-zí-vel.

libri e ancora libri

Domingo de manhã, enquanto o Mirco não acordava, li The BFG, de Roald Dahl, que é muito divertido. Imagino que traduzir aquilo deve ser um castigo dos infernos, porque os neologismos e jogos de palavra são numerosíssimos, e interessantíssimos. Concordo pRenamente com o Alexandre: se você não fala Inglês, está morto para o mundo, meu amor. Sorry.

Depois do almoço na Arianna passamos no Gianni pra acertar umas contas, e depois fomos pra casa. Fiquei passando roupa até a hora do jantar, e chapamos vendo 12 Monkeys. Nunca consegui ver esse filme inteiro, impressionante.

E comecei The Old Man And The Sea, de Hemingway, que estou custando a ler por falta de capacidade de concentração. Minhas mãos ainda estão doendo, mesmo depois do fim de semana sem nem tocar no computador, mas vou ter que agüentar a onda porque tenho 40 páginas pra entregar antes de partir pra Argentina. Ui.

Sciascia

“Posso permettermi di farle una domanda?… Poi gliene farò altre, di altra natura… Nei componimento d’italiano lei mi assegnava sempre un tre, perché copiavo. Ma una volta mi ha dato un cinque: perché?”

“Perché aveva copiato da un autore più inteligente”.

Il magistrato scoppiò a ridere. “L’italiano: ero piuttosto debole in italiano. Ma, come vede, non è poi stato un gran guaio: sono qui, procuratore della Repubblica…”

“L’italiano non è l’italiano: è il ragionare” disse il professore. “Con meno italiano, lei sarebbe forse ancora più in alto”.

La battuta era feroce. Il magistrato impallidì. E passò a un duro interrogatorio.

**

– Posso permitir-me de fazer-lhe uma pergunta?… Depois lhe farei outras perguntas, de outra natureza… Nas redações de italiano o senhor me dava sempre nota três, porque eu copiava um texto já publicado. Mas uma vez o senhor me deu um cinco. Por quê?

– Porque aquela vez o senhor tinha copiado de um autor mais inteligente.

O juiz começou a rir. – Italiano… Eu era bem fraquinho em italiano. Mas, como o senhor pode ver, no final das contas não foi um grande problema: cá estou eu, procurador da República…

– O italiano não é o italiano: é o raciocínio – disse o professor. – Com menos italiano, o senhor talvez tivesse ido até mais longe.

O gracejo fora feroz. O juiz empalideceu. E passou a um duro interrogatório.

Una Storia Semplice, Leonardo Sciascia.

ele de novo

Falando em ler, semana passada terminei Great Expectations, que recomendo com fervor. Comecei os contos de Lampedusa, mas não consigo ler mais que meia página sem ter que levantar pra fazer alguma coisa importante ou sem cair no sono (não porque é chato, mas porque estou exausta mesmo). Estou gostando, mas ainda não identifiquei nenhum trecho particularmente brilhante pra compartilhar. Só que fiquei com vontade de reler Il Gattopardo, que eu li em Português há muito tempo. Lembro de ter absolutamente adorado, e imagino que vá adorar ainda mais, lendo em língua original e entendendo um pouco mais da realidade do livro, já que hoje sei mais sobre a Sicília e a história da Itália do que quando o li pela primeira vez. Vou ter que comprar, porque não tenho.

Também fiquei com vontade de ler outras coisas do Roald Dhal. Como meus alunos Três Mosqueteiros são muito legais (todos os três usam agendas Moleskine, aaaaah!) e têm um gosto literário bem parecido com o meu, decidi ler com eles um conto do Roald Dhal em aula hoje. Escolhi The Way Up To Heaven, que eu amo. Compartilho: (não é uma delícia a cafonice dessa palavra, “compartilhar”?)

“All her life Mrs Foster had had an almost pathological fear of missing a train, a plane, a boat, or even a theatre curtain. In other respects, she was not a particularly nervous woman, but the mere thought of being late on occasions like these would throw her into such a state of nerves that she would begin to twitch. It was nothing much: just a tiny vellicating muscle in the corner of the left eye, like a secret wink, but the annoying thing was that it refused to disappear until an hour or so after the train or plane or whatever it was had been safely caught.

It was really extraordinary how in certain people a simple apprehension about a thing like catching a train can grow into a serious obsession. At least half an hour before it was time to leave the house for the station, Mrs Foster would step out of the elevator all ready to go, with hat and coat and gloves, and then, being quite unable to sit down, she would flutter and fidget about from room to room until her husband, who must have been well aware of her state, finally emerged from his privacy and suggested in a cool dry voice that perhaps they had better get going now, had they not?

Mr Foster may possibly have had a right to be irritated by this foolishness of his wife’s, but he could have had no excuse for increasing her misery by keeping her waiting unnecessarily. Mind you, it is by no means certain that this is what he did, yet whenever they were to go somewhere, his timing was so accurate just a minute or two late, you understand and his manner so bland that it was hard to believe he wasn’t purposely inflicting a nasty private little torture of his own on the unhappy lady.”

The Way Up To Heaven, by Roald Dahl

Façam um favor a vocês mesmos e vão comprar um livro de contos (o meu é Completely Unexpected Tales) dele ou vão catar o conto na internet. Não vou dar o final do conto aqui pra não estragar a surpresa. Vale a pena.

i say, pip, old chap!

Quinta passada terminei The Great Gatsby, várias vezes começado e só agora terminado. Sinceramente, não achei nenhuma Brastemp. E logo depois, porque eu sou chain-reader e quando vejo que o que eu estou lendo está terminando pego logo outro, pra não entrar em abstinência, comecei Great Expectations. Confesso, não sem um tico de vergonha, que nunca tinha lido Dickens. Como esse ano estou num período de amores pelos clássicos, e como trouxe do Rio um monte de Penguin Popular Classics daqueles comprados a 5 reau nas feirinhas de livro da Nossa Senhora da Paz e na Afonso Pena, onde mora minha avó, pelo menos o primeiro semestre vai ser mesmo de ataque aos clássicos. Depois veremos.

“That was a memorable day to me, for it made great changes in me. But it is the same with any life. Imagine one selected day struck out of it, and think how different its course would have been. Pause you who read this, and think for a moment of the long chain of iron or gold, of thorns or flowers, that would never have bound you, but for the formation of the first link on one memorable day.”

Great Expectations, Charles Dickens

Eire

The Invasion Myths

Eire, or Ireland, is named after the Celtic goddess, Eriu. Irish mythology describes a series of invasions which led to the establishment of Celtic Ireland, summarized in the mediaevel Lebor Gabala Erenn (“Book of Invasions of Ireland”). The invading tribes were, in succession, the Cessair, the Partholon, the Nemed, the Fir Bolg, the Tuatha de Danann and, lastly, the sons of Mil Espane, or Milesians. Eriu was a goddess of the divine race of the Tuatha de Danann, or People of the Goddess Danu. She and two other goddesses, Banbha and Fodla, each extracted a promise from the conquering Milesians that Ireland would henceforth take its name from her and her alone. The fili (“poet” or “visionary”) Amhairghin (Amergin) reassured Eriu that Ireland would be named after her; in return, she promised that the sons of Mil Espane would rule Ireland for all time. The Tuatha de Danann retreated to the dark and secret places, caves, forests, burial chambers, under the waves of the sea, beneath the hillsides, under the streams, where they still live to this day as faery folk.

(…)

The Cessair were a tribe of Amazons, or goddess-women, who invaded Ireland before the time of the Great Flood. Their leader was Cessair, supposedly a great-granddaughter of the Biblical Noah. When the Flood came, the only member of the Cessair to survive was a male god, Fintan, who was Cessair’s consort. He survived because he had the power of shape-shifting: he became a salmon, an eagle and a hawk; he spent the first year of the Flood living under the waters in a cave called “Fintan’s Grave”. He lived to Christian times, was a witness to all the succeeding invasions, and was therefore the supreme authority for all questions of history or tradition.

After the Cessair came the Partholon, also named after an individual. (…) Nemed was the leader of the next group of invaders, the Nemed. After internal disputes, they abandoned the country. (…) The Fir Bolg (men of the Belgae) were descendants of the Nemed. They were still in possession of the land when the next wave, the Tuatha de Danann, arrived. The Fir Bolg were defeated at the First Battle of Mag Tuired and forced to flee to the islands, notably Islay, Arran, Man and Rathlin. During this battle, Nuadu, king of the Tuatha, had his arm severed. The blemish meant that he could no longer be king, and a prolonged contention over rights of sovereignty ensued.

The Tuatha de Danann were wizards and magicians who had learned their arts by living in the remotest northern islands of the world. They had four inestimable treasures: the Great Fal was a prophetic stone, which uttered a cry when, and only when, it was touched by the future king of Ireland (cf. the Arthurian legend of the sword in the stone); the spear of Lugh guaranteed victory to whoever held it; the sword of Nuadu could not be escaped, once it had been drawn from its scabbard; and the cauldron of the Dagda (“good god”) was inexhaustible, so that no company could ever leave a feast unsatisfied. All the other invasions had been sea-borne, but the Tuatha de Danann, using their magic, flew to Ireland in dark rain clouds and were literally rained on to the mountain of Conmaicne Rein in Connaught, where their falling obscured the sun for three full days. The greatest of the Tuatha de Danann became Ireland’s gods and goddesses: Danann herself, mother of the gods, and Lugh, Nuada and the Dagda, already mentioned; the Morrigan (“Great Queen”), goddess of battle and the Dagda’s consort; Brigit, goddess of light and fire, daughter of the Dagda; Manannan Mac Lir (“son of the sea”), who gave his name to the Isle of Man; Dian Cecht, the “sage of leechcraft” and god of healing; and many others.

The Second Battle of Mag Tuired was fought by the Tuatha de Danann against the Fomoire or Fomori, a race of grotesque giants. They were led by Cichol Gricenchos Mac Goll, whose mother, Lot, had lips in her single breast and four eyes in the back of her head.

(…)

While the Tuatha de Danann and the Fomori were still at war, the last invasion came. This was led by Mil Espane (Milesius of Spain), so that the tribe he led is called either Sons of Mil Espane or, more simply, Milesians. The legends give the date of this invasion as a thousand years before Christ. It seems strange to think of most modern Irish people as being descended from Spaniards – we are reminded of Tacitus’s geographical error in placing Spain to the west of Ireland. However, the legendary accounts all agree that the Milesians were, indeed, the last race to conquer Ireland. Moreover, they were a mortal race, whereas the Tuatha de Danann and the Fomori, who were never entirely banished from the island, were gods and magicians.

Kingdoms of the Celts – a History and Guide, John King

Os negritos e sublinhados são meus. Não é uma coisa linda de morrer?