ender’s game

Normalmente quando termino um livro já sei o que vou ler depois. Os livros meio que me chamam, sabe, eu passo na frente da estante e digo mamãe já vai, querido, espera só um pouquinho. Mas quando terminei Neuropath tive que estudar pras provas e dei uma pausa na leitura e perdi o ritmo. Essa noite tive insônia e fiquei passeando em frente à estante pensando no que ler, quando meu olhar bateu no Ender’s Game, que comprei em Ottawa, se não me engano. Orson Scott Card é um mormon, e além disso (ou talvez por causa disso…) é um idiota, mas ele definitivamente sabe escrever. Sentei na minha poltroninha IKEA com o livro na mão e só saí do transe de manhã, com o livro terminado.

Não é à toa que ganhou um Hugo e um Nebula quando saiu. É simplesmente uma das melhores coisas de sci-fi que eu já li. Qualquer coisa que você ouvir sobre esse livro ou vai ser spoiler ou vai deixar você sem vontade de lê-lo, então simplesmente confie em mim, em todos os leitores fiéis e nos prêmios que ele ganhou e vá catar esse livro. Vale a pena. A história é bem construída, os personagens são ótimos, não há buracos nem fios desatados, e tem tantos insights interessantes que é usado como livro texto de psicologia militar nas academias americanas. LEIAM.

neuropath

Então. Falei que tava curiosa pra ler esse livro. Eu já tinha lido o primeiro capítulo online, e tinha achado a idéia genial mas o estilo meio assim assim. O livro inteiro fica nisso. A idéia é realmente boa, e meio creepy, se você pensar que nada do que ele descreve é totalmente impossível, improvável ou até mesmo distante: temos um serial killer que altera os circuitos cerebrais das vítimas, induzindo coisas bizarras como medo eterno nonstop (e gritos idem), incapacidade de reconhecer rostos (inclusive o próprio), etc. As explicações fazem muito sentido e tudo soa muito real. Mas a maldição dos escritores atuais é a ambição de contar uma história já pensando no filme horrível com o Nicholas Cage que vai sair depois. Eu simplesmente ODEIO livro pré-pensado pra ser filme. ODEIO, e aquilo fica me irritando o tempo todo, até o ponto em que eu não consigo mais prestar atenção na história em si porque estou mais preocupada em achar as pentelhações cinematográficas desnecessárias. Neuropath é meio assim, mas de qualquer maneira achei interessante. Comprem usado da Amazon que vale mais a pena.

temeraire

Falei desses livros en passant aqui, quando escrevi de Ottawa, não sei se vocês lembram. Prometi a mim mesma que só começaria a lê-los quando estivesse de férias da faculdade, porque o potencial viciante da história era grande, muito grande. Mas como eu sou uma anta compulsiva não agüentei e lá fui eu ser chupada pra dentro dos livros outra vez. Digamos que tenho dormido poucas horas por noite, pra conseguir estudar pras provas e trabalhar durante o dia.

Falamos das guerras napoleônicas (não é meu período histórico preferido, mas quase), com um pequeno detalhe: Força Aérea. Mas não com aviões, porque até o Leguinho sabe que não tinha avião na época, dã, mas com dragões. Dra-gões. A coisa mais normal do mundo, já que os primeiros dragões foram domesticados, no Ocidente, pelos romanos, e muito antes, como sempre, pelos chineses. Várias raças diferentes, acordos entre os países pra adquirir ovos de raças que “enriqueçam” as blood lines, estratégias de guerra aérea envolvendo esquadrilhas e manobras fenomenais. Tudo incrivelmente… crível. A mulher é danada porque tudo faz um sentido fenomenal, e você começa a achar realmente suuuupernormal que uma das forças armadas de tudo que é país pilote dragões e não aviões (mas seus “pilotos” se chamam aviators); todo o sistema bolado pra botar os aviators nos dragões faz sentido e parece tecnicamente possível; o equipamento todo faz sentido; as discrepâncias entre países sobre o modo de tratar os dragões e de fazer guerra aérea fazem sentido; TUDO faz sentido. TUDO nos livros funciona. Tudo. Nada fica sem explicação, nada de deus ex machina, nada de forçação de barra. Os personagens são Ó-TE-MOS – se eu tiver um dragão um dia quero que seja que nem o Temeraire – e convincentes, os fatos históricos são bem pesquisados, os detalhes médico-veterinários idem, as cenas de guerra são fenomenais, os dragões são todos maravilhosos, até os filhos da puta. O texto é uma delícia, apesar de meio formal, e além do mais ela faz uma coisa que eu adoro: usa e abusa do ponto-e-vírgula. Eu AMO ponto-e-vírgula e acho o coitado muito subestimado. Então imaginem o meu estado de êxtase total e absoluto lendo essa série. Estou praticamente morando nas costas do Temeraire, quase sentindo o cheiro dos bois inteiros assados à moda chinesa pelo Gong Su, cozinheiro que eles trouxeram de Pequim pra dar um tchan na dieta do Temeraire (os dragões ocidentais comem seus bichos crus). Ando achando as suas idéias jacobinas ótimas e estou pronta pra lutar pelos direitos dos dragões a receberem salário, como já acontece na China, a estudar, a não abrir mão dos ovos se não quiserem, a assumir posições de poder na Força Aérea, a ter o direito de meter o bedelho no Parlamento, etc.

Se você gosta de romances históricos, leia. Se você gosta de fantasia, leia. Se você gosta de ponto-e-vírgula, leia. Todo o blá-blá-blá em torno desses livros (no mundo de fantasy e sci-fi, bem entendido) é plenamente justificado. E um filme baseado sobre essa série seria assim… qualquer coisa. Peter Jackson, will ya?

(www.temeraire.org
A autora é Naomi Novik.)

the blade itself

Se no ano passado me concentrei nos clássicos e em ateísmo, pontuados com os fantasy de sempre, esse ano aparentemente tô só no fantasy. Estou tendo uma recaída, digamos. Não adianta, eu adoro. Mas queria ler umas coisas novas e não sabia onde procurar. Acabei batendo, por acaso, num blog que comenta livros desse gênero, e desse fui parar em outros, de forma que a minha lista de livros a comprar e ler cresceu um bocado. Como estou super sem tempo, vou comprando e acumulando, lendo muito devagar – praticamente só no ônibus de e pra Perugia. Nem antes de dormir estou lendo mais, porque sendo compulsiva eu sei que vou ficar repetindo pra mim mesma “só mais um capítulo” até as quatro da manhã. E como tenho que acordar às seis e meia pra malhar, não rola. O mundo é muito inseguro comigo em déficit de sono. Então tô praticamente engatinhando com a leitura.

O livro que eu escolhi pra levar pra viagem foi um desses do qual eu ouvi falar nesses blogs de fantasy. Fez um sucessão no ano passado e resolvi dar uma chance pro menino.

A série se chama The First Law e estou lendo o primeiro livro, The Blade Itself. Os nomes dos livros são ótimos, e se aparentemente não têm sentido nenhum é porque são pedaços de frases. “The blade itself incites to deeds of violence”, Homer. “We should forgive our enemies, but not before they are hanged“, Heinrich Heine (adorei esse). O terceiro se chama “Last Argument of Kings” e aparentemente não vem de frase nenhuma, mas logo no início tem: “Life being what it is, one dreams of revenge”, Paul Gauguin.

O Guardian diz que a série é “delightfully twisted and evil”, e concordo plenamente. Os personagens são muito maneiros, o ritmo é bom, geograficamente é um pouco confuso porque não tem mapa (poxa, e eu adoro mapa) mas não importa, enfim, estou gostando muito.

Quando acabar essa saga acho que vou ler os livros que a Marcinha me mandou, ou então adiar mais um pouco pra começar logo a série que comprei em Ottawa, sobre as guerras napoleônicas. Com dragões. *grin*

jackendoff

Porque o livro é foda. Difícil escolher um só trecho pra botar aqui; meu livro tá todo recheado de marcadores post-it. Quem tiver paciência que leia e se deleite.

By analogy, the “authorities” ruled that prepositions shouldn’t end sentences in English either. Since that time, generations of children have been drilled on this rule, with little effect except in their formal writing. And ending sentences with prepositions is still very much alive in English.

Such proscriptive teaching of grammar, which evidently doesn’t work very well, contrasts strikingly with aspects of English sentence patterns that probably nobody has ever thought to teach. Here’s an example. Look at the four sentences in (1).

(1)
a Joan appeared to Moira to like herself.
b Joan appeared to Moira to like her.
c Joan appealed to Moira to like herself.
d Joan appealed to Moira to like her.

Without thinking about it consciously, you have automatically inferred that each of these sentences has a different combination of who is to like whom. (…)

How do we come to understand these sentences this way? It obviously depends somehow on the difference between ordinary pronouns such as “her” and reflexive pronouns such as “herself”, and also on the difference between the verbs “appear” and “appeal”. But how? Whatever reasons there may be, I’m sure no one is ever taught about contrasts like this by their parents or teachers or anyone else. Yet this aspect of English grammatical patterns is deeply ingrained, much more so than the taught prohibition against ending a sentence with a preposition.

I can’t resist another example, because it’s so striking. There is an alteration called “expletive infixation” that many speakers perform on words of English under conditions of extreme exasperation, as in (2).

(2)
How many times do I have to tell you? I’m not talking about the Allegheny River! Can’t you get it into your stupid head that I’m talking about the Susque-goddam-hanna?

Even if you’re too refined ever to use an expression like this, I’m sure you recognize it. Now the interesting thing is that we have pretty clear intuitions about how to use this infix. It sounds natural in the examples in (3), but decidedly odd in those in (4).

(3)
uni-goddam-versity
manu-fuckin-facturer

(4)
Jacken-bloody-doff
ele-goddam-phant

(…)

I’m fairly certain none of us was ever taught the principle (or pattern) that says where it is possible to insert an expletive infix into English words. Yet we readily use this prniciple to make intuitive judgmenets about new cases. At the same time, the principle is not so obvious to conscious introspection.

(…)

Since adults aren’t consciously aware of the principles of mental grammar (and the examples just presented provide further illustration), they certainly can’t explain these principles to children – if children could understand the explanations in any event!

In fact, the most an adult can do is supply the child with examples of the patterns, in the form of grammatical sentences, or corrections to the child’s sentences. For instance, notice that in the dialogue I quoted above, the mother isn’t saying “‘Nobody’ and ‘not’ are both negative words, and you shouldn’t use two negatives in a sentence.” She is just supplying the child with a correct form. This means that the child has to figure out the patterns of the language – that is, the child has to construct his or her own mental grammar.

(…)

Where does that leave the learning of language? On the basis of what the child hears in the environment, and in the (near-) absence of teaching and of conscius awareness of what is being learned, the child manages to acquire a command of the grammatical patterns of the language – that is, manages to construct a mental grammar. This isn’t the way we’re accustomed to thinking of language learning. We usually think of it in terms of something like French class in school, a highly structured situation in which the teacher and learner bring a lot of conscious attention to bear on rules and regulations. The child’s learning of grammatical structure just doesn’t seem to be like that. The child learns by speaking and being spoken to.

(…)

A suggestive parallel to the unconscious learning of language might be the process of learning to skip, which requires complicated patterns of muscle coordination. It’s impossible to describe to a child how to do it; the best we can do is demonstrate. And when the child figures out how to skip, it will be impossible to get him or her to explain it. Rather, the process of constructing the patterns takes place outside of consciousness; the major part of the learning is experienced as “just intuitive”.

Patterns in the Mind: Language and Human Nature – Ray Jackendoff

ó-te-mo

– Daniel, bien venido al Cementerio de los Libros Olvidados.

[..]

– Este lugar es un misterio, Daniel, un santuario. Cada libro, cada tomo que ves, tiene alma. El alma de quien lo escribió, y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con él. Cada vez que un libro cambia de manos, cada vez que alguien desliza la mirada por sus páginas, su espíritu crece y se hace fuerte. Hace ya muchos años, cuando mi padre me trajo por primera vez aquí, este lugar ya era viejo. Quizá tan viejo como la misma ciudad. Nadie sabe a ciencia cierta desde cuándo existe, o quiénes lo crearon. Te diré lo que mi padre mi dijo a mí. Cuando una biblioteca desaparece, cuando un libro se pierde en el olvido, los que conocemos este lugar, los guardianes, nos aseguramos de que llegue aquí. En este lugar, los libros que ya nadie recuerda, los libros que se han perdido en el tiempo, viven para siempre, esperando llegar algún día a las manos de un nuevo lector, de un nuevo espíritu. En la tienda nosotros los vendemos y compramos, pero en realidad los libros no tienen dueño. Cada libro que ves aquí ha sido el mejor amigo de alguien. Ahora sólo nos tienen a nosotros, Daniel. ¿Crees que vas a poder guardar este secreto?

En un escaparate vi un cartel de la casa Phillips que anunciaba la llegada de un nuevo mesías, la televisión, que se decía iba a cambiarnos la vida y nos iba a transformar a todos en seres del futuro, como los americanos. Fermín Romero de Torres, que siempre estaba al tanto de todos los inventos, había profetizado ya lo que iba a suceder.

– La televisión, amigo Daniel, es el Anticristo y le digo yo que bastarán tres o cuatro generaciones para que la gente ya no sepa ni tirarse pedos por su cuenta y el ser humano vuelva a la caverna, a la barbarie medieval, y a estados de imbecilidad que ya superó la babosa allá por el pleistoceno. Este mundo no se morirá de una bomba atómica como dicen los diarios, se morirá de risa, de banalidad, haciendo un chiste de todo, y además un chiste malo.

La Sombra del Viento (Carlos Ruiz Zafón)

(o negrito é meu, porque é genial)

heh

One of the very many connections between religious belief and the sinister, spoiled, selfish childhood of our species is the repressed desire to see everything smashed up and ruined and brought to naught. This tantrum-need is coupled with two other sorts of “guilty joy”, or, as the Germans say, schadenfreude. First, one’s own death is canceled – or perhaps repaid or compensated – by the obliteration of all others. Second, it can always be egotistically hoped that one will be personally spared, gathered contentedly to the bosom of the mass exterminator, and from a safe place observe the sufferings of those less fortunate. Tertullian, one of the many church fathers who found it difficult to give a persuasive account of paradise, was perhaps clever in going for the lowest possible common denominator and promising that one of the most intense pleasures of the afterlife would be endless contemplation of the tortures of the damned. He spoke more truly than he knew in evoking the man-made character of faith.

Antibodies to fatalism and suicide and masochism do exist, however, and are just as innate in our species. There is a celebrated story from Puritan Massachusetts in the late eighteenth century. During a session of the state legislature, the sky suddenly became leaden and overcast at midday. Its threatening aspect – a darkness at noon – convinced many legislators that the event so muc on their clouded minds was imminent. They asked to suspend business and go home to die. The speaker of the assembly, Abraham Davenport, managed to keep his nerve and dignity. “Gentlmen,” he said, “either the Day of Judgment is here or it is not. If it is not, there is no occasion for alarm and lamentation. If it is, however, I wish to be found doing my duty. I move, therefore, that candles be brought.” In his own limited and superstitions day, this was the best that Mr. Davenport could do. Nonetheless, I second his motion.

God is Not Great – How Religion Poisons Everything (Christopher Hitchens)

livros

Terminei a trilogia que começa com a Bússola de Ouro. O terceiro livro é ótimo, apesar *SPOILERS* da forçação de barra do apaixonamento entre a Lyra e o Will, que ainda são pirralhos, afinal de contas. Gostei e recomendo.

E comecei a ler The Lost Continent, do Bill Bryson. Começa assim:

“I come from Des Moines. Somebody had to.”

Lógico que só vai melhorando e já fui expulsa do quarto várias vezes porque a cama tremia de tanto que eu gargalhava e o Mirco não conseguia dormir. O cara é muito, muito bom. Leiam, leiam.

livrinhos de 2007

1. Papel Manteiga
2. The Funny Farm (Jackie Moffat)
3. O Dom da Amizade
4. Istanbul
5. The Extended Phenotype (R. Dawkins)
6. A Spot of Bother (M. Haddon)
7. The Turn of the Screw (H. James)
8. Luuanda (José Luandino Vieira)
9. A Distância Entre Nós
10. The Historian (E. Kostova)
11. Inchiesta su Gesù (Corrado Augias + Mauro Pesce)
12. Ti Prendo e Ti Porto Via (N. Ammaniti)
13. Alentejo Blue (Monica Ali)
14. Love Over Scotland (A. McCall Smith)
15. La Pista di Sabbia (Camilleri)
16. Harry Potter and the Deathly Hollows
17. Quando la Rucola Non C’Era (Enrico Vaime)
18. The God Delusion (Dawkins)
19. Collapse (Jared Diamond)
20. Fragile Things (Neil Gaiman)
21. Special Topics on Calamity Physics (Marisha Pessl)
22. Thinner (S. King)
23. El Club Dumas (A. Perez Reverte)
24. Lord of the Flies (William Golding)
25. Neverending Story (Michael Ende)
26. Daughter of the Forest (Juliet Marillier)
27. Son of the Shadows (J. Marillier)
28. Child of the Prophecy (J. Marillier)
29. The Summer Tree (Guy Gavriel Kay)
30. The Wandering Fire (G. G. Kay)
31. The Darkest Road (G. G. Kay)
32. Breaking the Spell (Daniel Dennett)
33. The Children of Húrin (Tolkien)
34. Belgarath the Sorcerer (Leigh + David Eddings)
35. Stardust (N. Gaiman)
36. The Missionary Position (Christopher Hitchens)
37. Neverwhere (N. Gaiman)

Como vocês podem ver, é pouco, muito pouco. Mas esse ano me mudei, tive hóspedes e voltei à universidade, então é compreensível.

E na linha god is not great, o primeiro livro do ano é… His Dark Materials, de Philip Pullman – aquele do filme A Bússola de Ouro. Comprei o tijolão com os três livros juntos, em oferta na Borders. O livro recebeu tantos flames da igreja católica que mesmo que não fosse o meu estilo eu teria que ler, né. Estou lendo devagarinho porque, como já falei, estou soterrada de trabalho, mas a gente chega lá.

*

Ah: (poucas) fotos de NY no flickr.

livros

Lembram que há um tempo atrás um leitor me mandou três livros da minha wishlist? Eu nem lembrava mais que os livros estavam na lista, muito menos por qual motivo estavam na lista, e só comecei a ler há duas semanas. E daí, vocês se perguntam. E daí que eu passei praticamente todo esse tempo afundada na Irlanda. Tinha tempo que eu não lia nada nesse estilo fantasy-céltico, e eu tinha esquecido o poder que esse assunto tem de dominar a minha vida. Durante todo esse tempo eu sonhava sempre duas coisas: ou os personagens do livro ou a Chalene Johnson malhando, hohoho. Mas sério: os nomes são todos lindos, a história do primeiro livro era familiar porque a lenda da irmã dos seis cisnes é razoavelmente conhecida, os lugares são fantásticos e as histórias de amor são todas platônicas. Os personagens são ótimos; em particular, é difícil não se apaixonar pelos homens, fortes e fascinantes e misteriosos.

O problema é que os livros, literariamente falando, não são assim uma Brastemp, sabe. Todo mundo tem seu cafonismo lá em algum cantinho, sua porção suely maria, sidney sheldon, cauby peixoto. Ficar grudada em livros relativamente bobinhos se encaixa perfeitamente nesse cantinho cafona. Estes são uma trilogia, as histórias são parecidas e com finais mais ou menos previsíveis, mas mesmo assim, cacete, perdi muitas noites de sono lendo até alta madrugada porque simplesmente PRECISAVA saber o que iria acontecer depois. Por sorte durante essas duas semanas não tive nenhum trabalho enorme nem urgente pra fazer, senão teria dormido ainda menos.

O segundo livro é o melhor, porque a Liadan rocks e porque eu quero casar com o Painted Man quando crescer. O terceiro é o mais fraquinho, mas o terceiro tem o Johnny.

Mas aí eu acordo hoje toda monga, depois de ter lido até as quatro e meia da manhã pra terminar a maldita história e ver se a garota perneta termina com o Darragh ou não morando na Needle (she does), e tem um email do Flickr dizendo que o Brendan, meu ex-colega irlandês lá da agência, me adicionou como contato. Vou lá ver as fotos da Irlanda, e tem tudo: praias rochosas, cisnes, verde-esmeralda, um cavalo cinza, nomes lindos e impronunciáveis, céu nublado, e um sobrinho do Brendan que se chama Eaman, como um dos personagens da trilogia. Como é que eu consigo sair de dentro desses livros agora, cacete?

Respondo eu mesma: é hora de reler LotR, ou então The Fionavar Tapestry. E de esperar o verão pra poder viajar pra Irlanda.