stupeur et tremblements

Então eu estou aaaaa mais feliz do mundo porque li Amélie Nothomb sem grandes dificuldades. Eu sou foda.

Na verdade sou é sortuda também porque francês e italiano são idênticos na gramática, o que ajuda na compreensão do texto, mesmo com aqueles verbos loucos. Mas não conta pra ninguém não.

libri

Nessa última semana li The Mistress of Spices, de Chitra Banerjee Divakaruni. É um livro… é um livro muito estranho, mas gostosinho de ler. Esse foi um dos clássicos casos de livro comprado pela capa bonitinha – e porque eu adoro temperos especiarias pozinhos coloridos plantas estranhas. Não recomendo, mas também não desrecomendo, se é que vocês entendem.

E amanhã devo terminar To Kill a Mocking-bird, que é uma diliiiiiiça. Eu tenho que aprender a ter sempre aqueles post-its coloridos pequenininhos pra marcar parágrafos interessantes, porque queria botar umas partes legais aqui. Mas agora não tô com paciência pra catar nada.

hm

Então eu li Oracle Night, do Paul Auster, e achei que ficou faltando alguma coisa.

A história é interessante mas há alguns elementos que se perdem no caminho e ficam sem muita função. Mas o problema nem é esse, o problema é a falta de estilo, a graça, os jogos de palavras, a invenção. Todos os escritores americanos da atualidade que eu já li soam exatamente iguais. TO-DOS. Pular de Hemingway (mesmo sendo A Moveable Feast, que não é um romance) pra qualquer outro pode ser altamente traumatizante.

Vamos ver se o outro Paul, o Burke, se sai melhor.

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Tabucchi foi uma das melhores coisas que já me indicaram pra ler.

Se vocês não lembram, foi o professor de literatura italiana na Stranieri (aquele que a Polacca Pazza acusou de ser chato pra caramba e de ser péssimo professor). No último dia de aula, depois de entender que só eu e o Silvio compreendíamos alguma coisa da aula dele, porque só nós conseguíamos ler direito em italiano, me chamou num canto e perguntou se, visto que eu entrava com um livro diferente na mão a cada dia, eu não estaria interessada em sugestões de leitura. Só se for agora, exclamei, e ganhei uma lista de livros. Li todos, e adorei todos.

Um desses foi Sostiene Pereira, que depois a Sabine, canadense-francesa que estudou comigo na Stranieri e ainda é uma boa amiga, me deu de presente de despedida. O livro é uma delícia, de verdade. Tudo é tenro, delicado, doce, faz sorrir. Até o que é triste, amargo, sério, politicamente engajado disfarçado de boa literatura. Esse ano li de novo e gostei mais ainda. E acabei comprando outro dele: La Testa Perduta di Damasceno Monteiro. A delícia já começa do título, pelo menos pra expatriados, com esse tão familiar Monteiro no título. A história é simples, e não é exatamente a trama que é envolvente, mas os personagens. Fiquei amiga de todos. E com mais vontade ainda de conhecer o Porto (que em italiano, não chorem, se chama Oporto. Giustamente.).

E esse mês saiu o último Camilleri com o Commissario Montalbano. Lógico que já comprei e já estou na metade. Comprei outras coisas também porque sabem como é, um livro chama outro, é que nem sequilho. Comprei The Mistress of Spices, de Chitra Banerjee Divakaruni, um Hemingway (Moveable Feast, porque afinal Paris é Paris), um Paul Auster (Oracle Night), um Paul Burke (the Man Who Fell in Love With His Wife), e Nicholas, de Goscinny e Sempé, infelizmente só disponível em inglês, e que acabei comprando assim mesmo porque a edição é de-li-ci-o-sa. A Amazon me mandou o terceiro livro da série The Hinges of History do Thomas Cahill (o primeiro é How The Irish Saved Civilization, um dos meus preferidos ever), Desire of the Everlasting Hills – The World Before and After Jesus. Ainda não comecei porque estou esperando o segundo volume, que deve chegar mês que vem: The Gifts of the Jews, que estou doida pra ler. Pena que a edição que me mandaram é feinha e diferente da dos irlandeses, que é linda. Mas enfim, não se pode querer tudo.

Também estou com um monte de coisas pra ler em francês e espanhol, mas não estou com tempo pra ler com dicionário. Também tem Il Gattopardo me esperando – só li uma vez, há muito tempo, em português.

The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy é uma das coisas mais chatas que eu já li em toda a minha vida.

por favor, leiam! i beg ye!

Besides justifying the transfer of wealth to kleptocrats, institutionalized religion brings two other important benefits to centralized societies. First, shared ideology or religion helps solve the problem of how unrelated individuals are to live together withoug killing each other – by providing them with a bond not based on kinship. Second, it gives people a motive, other than genetic self-interest, for sacrificing their lives on behalf of others. At the cost of a few society members who die in battle as soldiers, the whole society becomes much more effective at conquering other societies or resisting attacks.

Guns, Germs and Steel – a Short History of Everybody For The Last 13,000 Years (Jared Diamond)

o nosso deus é mais malvado que os outros

“The prudence, fortitude, military discipline, labors, perilous navigations, and battles of the Spaniards – vassals of the most invincible Emperor of the Romam Catholic Empire, our natural King and Lord – will cause joy to the faithful and terror to the infidels. For this reason, and for the glory of God our Lord and for the service of the Catholic Imperial Majesty, it has seemed good to me to write this narrative, and to send it to Your Majesty, that all may have a knowledge of what is here related. It will be to the glory of God, because they have conquered and brought to our holy Catholic Faith so vast a number of heathens, aided by his Holy guidance. It will be to the honor of our Emperor because, by reason of his great power and good fortune, such events happened in his time. It will give joy to the faithful that such battles have been won, such provinces discovered and conquered, such riches brought home for the King and for themselves; and that such terror has been spread among the infidels, such admiration excited in all mankind.”

Trecho dos relatos dos companheiros de Pizarro, que com meia dúzia de gatos-pingados (168 soldados, nem todos a cavalo) capturaram (e mataram) Atahuallpa, imperador inca, protegido por 80.000 soldados.

Guns, Germs and Steel (Jared Diamond)

cardialgia

Caramba, que facada no peito abrir um Tabucchi, que escreve em italiano mas sempre histórias que se passam em Portugal, e ler logo na primeira página:

Science fiction

O marciano encontrou-me na rua e teve mêdo de minha impossibilidade humana. Como pode existir, pensou consigo, um ser que no existir põe tamanha anulação de existência?

Carlos Drummond de Andrade

Por favor, autores estrangeiros, avisem com antecedência quando puserem trechos em português no meio de seus livros. Expatriado não lida bem com essas coisas não.

E olha que eu nem gosto tanto de Drummond.

Tem horas que não é fácil, viu. Eu nunca fui particularmente grudadíssima na minha família e sempre imaginei que um dia fosse morar fora. Tenho meus momentos de reclusão e intolerância à raça humana, inclusive meus parentes, e gosto da minha própria companhia. Do mesmo modo, apesar de ter um orgulho danado do Rio, que realmente é A cidade (não digo agora, nesse momento, porque agora o Rio é O QUE HÁ DE PIOR NO MUNDO, ao que parece; digo o Rio onde eu nasci e cresci, o astral, as pessoas, a paisagem, a floresta, a Lagoa, quequeísso, gente, a Lagoa, cês sabem do que eu tô falando), nunca fui carioca “da gema”, freqüentadora de praia e curtidora da night. O meu Rio sempre foi diferente dos clichês, mas não por isso menos interessante. Sinto falta não fisicamente da cidade, mas da vida cultural e intelectual que eu tinha – e olha que não era láaaaaaaa essas coisas, mais por falta de grana que por qualquer outro motivo.

Mas experimenta abrir um guia turístico do Brasil em uma livraria no exterior. Experimenta catar o Rio, catar um mapa do teu bairro e achar a tua rua. Quero ver se você não cair no choro e se todo mundo não vai achar que você é maluco. Duvide-o-dó.

:)

August was the month when flies started to become a problem, buzzing round the dung heaps in the corner of every farmyard and hovering over the open cesspits of human refuse that were located outside every house. If the late twentieth century is scented with gasolene vapour and exhaust fumes, the year 1000 was perfumed with shit. Cow dung, horse manure, pig and sheep droppings, chicken shit – each variety of excrement had its own characteristic bouquet, from the sweet smell of the vegetable eater to the acrid edge of gut-processed meat, requiring the human nose of the year 1000 to function as a considerably less prissy organ than ours today.

There are modern archaeological experts who study excreta intensively, rummaging through the latrine pits of ancient settlements to discover such fundamental details as the fact that the toilet paper of the year 1000 was moss.

(…)

The modern remedy for fleas and grubbiness – a good scrub of the body crevices – did not accord with the medieval mentality. The regulations of one tenth-century European monastery prescribed five baths for every month per year, but that was fanaticism by Anglo-Saxon standards of personal hygiene. One later commentator derided the Danish practice of bathing and combing the hair every Saturday, but did admit that this seemed to improve Danish chances with the womenfolk.

The Year 1000 – What Life Was Like at the Turn of the First Millennium (An Englishman’s World), de Robert Lacey & Danny Danziger

diliça :)))

Que preguiça que esse tempo dá! Cadê a vontade de sair de casa, com a chuva caindo lá fora, alternando-se com o vento leve e fresco?

Terminei meus Roald Dahl pra crianças, terminei o chato do Valerio Evangelisti, terminei mais um do Camilleri (acho que não sobrou nada do Commissario Montalbano pra eu ler) e engatei um Machado porque, acreditem se quiserem, nunca tinha lido Dom Casmurro. De Machadão, na escola, lemos outras coisas. Aqui ainda tenho O Cortiço, do Azevedo, que é um dos meus livros preferidos EVER, e, sempre do Machadão, Negrinha, que minha mãe me deu há anos com uma dedicatória bonita mas alguns contos eram muito tristes e nunca mais reli.

Na verdade estou cheia de coisas pra ler, e pretendo dar uma parada nas compras literárias, pelo menos em euros (pelo Submarino ainda dá), porque tá feia a $ituation. Mas tenho algumas coisas pra comprar em francês, além das ótimas dicas da Mary. Depois da viagem prometo que vou passar alg… vou tentar passar alguns meses sem visitar a Libreria Grande. Pra saúde da minha conta corrente botense.